Grunge Entrevista é um quadro criado por mim, Helton Grunge, para entrevistar bandas e artistas do Rock e do Metal. Tudo feito de uma forma direta e descontraída, tentando abrir espaço para que o artista fale sobre seu trabalho. Hoje no Grunge Entrevista você confere um papo com Fino Trapo.

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O álbum Ensurdecedor, o mais recente álbum completo de vocês, é muito bom! Parabéns! Vocês lançaram ele na pandemia, isso certamente atrasou um pouco a divulgação. Então, falem um pouco desse álbum, sobre o que ele significa para vocês e sobre o que quiseram passar nesse trabalho.

Bem… Esse álbum foi feito de maneira totalmente independente e quando digo isso quero dizer que nós mesmos “armamos o circo” para que ele existisse. Desde local de gravação, equipamentos e produção até conceito, arte gráfica, lançamento, etc. Nunca gravamos desta forma antes, por isso fomos bastante minuciosos com o processo, inclusive aprendendo os macetes de produção durante o processo, sob tudo nosso baterista, o Koneh que tomou a frente dessa função.
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Apesar das dificuldades, foi legal ter tempo para experimentar timbres e experimentar camadas no momento da gravação, isso foi determinante para que esse álbum chegasse o mais próximo daquilo que queríamos no fim das contas. É unânime dentro da banda que o Ensurdecedor (2023) é o nosso melhor trabalho gravado até agora, tanto na produção quanto nas composições do álbum.
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Em outras palavras, o Ensurdecedor (2021) é o nosso xodó.

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A faixa “Sanguessuga” é uma clara crítica política. Acho que a parte mais interessante é quando vocês comentam que a população briga por pessoas que não brigariam por ela (e olha que a função dos políticos é essa: buscar soluções para a população). Falem um pouco mais sobre essa grande música e a mensagem que queriam passar com ela.

Sanguessugas é uma resposta aos tempos atuais. Pessoalmente, esses últimos anos do governo Bolsonaro foram sufocantes, não só pela covid, mas também pelo “clima parasital” que se instaurou no país. O fanatismo descabido, a desinformação programática, o negacionismo e um monte de preconceituosos saindo do armário justamente por ter quem os representasse no poder. Acho, que no final das contas, é sobre estupidez de adorar a quem deveria ser cobrado. Conheço gente que desfez amizades por conta dessa gente interesseira. Sinto também que a nossa sociedade odeia admitir que está errada e no final das contas se isso não é estar doente, eu não sei dizer o que é.
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Ah! Mas para terminar essa resposta de maneira “mais para cima”, tem algo bem legal sobre essa faixa. No meio da música, pensamos em fazer uma ambiência fantasmagórica, por isso, além dos coros fúnebres, também utilizamos utensílios domésticos para criar um clima de filme de terror: teve copo, plásticos, cordas de violão velha e outras coisas malucas.

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O nome do álbum é “Ensurdecedor” e ele chega cheio de reflexões sobre o cotidiano, sobre a vida e sobre as pessoas em geral. Qual a mensagem central desse álbum? O que realmente significa algo “ensurdecedor” para vocês?

Engraçado, a música Ensurdecedor começa com o verso: “É ensurdecedor esse silêncio”. Entretanto, a música e até o álbum como todo é bem barulhento e isso talvez justifique melhor título do álbum. Mas, acho que no final das contas, o que é mais “ensurdecedor” no disco, além do nome, eu diria que a visceralidade dele. Cada palavra e cada acorde carrega muita sinceridade, nada é superficial.

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A faixa “Feliz” chega com uma ironia muito bem interessante: passar apuros todos os dias e ainda ser feliz. Talvez, uma crítica aos gurus e coachs dos dias atuais. Falem um pouco mais sobre essa grande música e o que quiseram falar nela.

Não tinha pensado nesses alvos na crítica não, mas até que combina, viu.
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Bem… Acho que é mais uma reflexão sobre a vida adulta e sobre como vivem nos vendendo um modelo ideal pra ela.

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A música “Conexão” flerta com a sonoridade Blues e cita a banda The Rolling Stones na letra. A faixa, sem dúvida, é uma das melhores do trabalho e encerra com “chave de ouro” esse disco. Falem um pouco sobre ela e sobre as influências que os Rolling Stones têm na sonoridade dessa faixa.

Essa é a nossa faixa mais Classic Rock de todas, adoro ela… Nos shows, ela anda funcionando bem e até prologamos ela de vez em quando.
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Bem, sobre a referência: dentro do refrão, na verdade, não estamos citando os Stones (a banda) e sim duas canções do Bob Dylan. A primeira a ser citada é Hurricane, seguida do clássico Like a Rolling Stone e, como sou fã do Dylan, decidi prestar essa homenagem na letra de Conexão que meio que narra a história de uma moça que consegue se conectar com o mundo quando está ouvindo música.

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Agora falando sobre a banda: contem um pouco da história de vocês. Quando começaram? Aonde querem chegar? Qual as influências da banda nesse álbum?

Bom, a Fino Trapo teve inicio em 2014, ou seja, está para fazer 10 anos.
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Desde o início, a ideia da banda era fazer música autoral e tentar extrair das nossas mentes as coisas mais originais que conseguíssemos.
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Começamos como um power trio, no qual gravamos nosso primeiro trabalho, o EP Fino Trapo (2014). Em 2016, já com um quarteto, lançamos Ponto Cego (2016), um álbum com 11 faixas. Esse trabalho nos deu alguns frutos bacanas, como por exemplo sermos premiados na categoria melhor música autoral com Que Rei Sou Eu?.
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Em 2018, dessa vez como um quinteto, lançamos o nosso hino, nossa música mais ouvida nos streamings, o single Pausa Pro Café, canção muito especial em que citamos na letra, lugares conhecidos na nossa cidade. (Barretos-SP).
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Por fim, em 2020 e 2021, com a formação mais poderosa até agora que conta com Breno Dallas (voz e violão), Weverton Valini (guitarra), Lucas Neves (guitarra), Bruno “Eishans” (baixo) e Fábio “Koneh” (bateria), começamos a gravar o Ensurdecedor (2021) (nosso xodó).
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E atualmente estamos seguindo na divulgação desse trabalho.

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Depois do “Ensurdecedor”, vocês lançaram uma ótima releitura da música “Anunciação”. Como foi para vocês fazer isso? É uma grande música realmente e fazer uma versão Rock dela não é para qualquer um. O que acharam do resultado? Por que escolheram essa faixa?

Pergunta interessante. Bem, durante a pandemia decidimos fazer uns vídeos de versões de músicas que a gente gostava “a la Fino Trapo“, então fizemos uma versão de Come Together dos Beatles e de I Wanna Be Sadeted dos Ramones (inclusive os vídeos estão no Youtube, confere lá). A próxima versão a ser lançada, achamos que deveria ser de uma música brasileira, daí o Wev sugeriu Anunciação do Alceu, que é uma canção muito interessante, que sai um pouco da nossa pegada, mas que, ao mesmo tempo nos é muito familiar. Achamos, então, que seria legal fazer um releitura. E, de fato, ficou a nossa cara a versão.

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Qual o próximo passo da banda agora? Vão vir com outro álbum ou terão novos singles?

Bom a prioridade agora são os shows, mas acho que posso adiantar que já estamos “mexendo o doce” para novas composições, em breve pode vir coisa por aí!

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