Muito além da música, o rock já foi tema por diversas vezes no cinema em cinebiografias, comédias, documentários ou ficções. E o quadro Rock N’ Movie aborda sobre produções que celebram o estilo, seja pela paixão dos fãs da música ou sobre vida de grandes astros.
Homenagens para ícones de gerações do rock são muito comuns no cinema. Um deles foi Kurt Cobain, líder do Nirvana, uma das personalidades mais marcantes dos anos 90. E com apenas 27 anos, encerrou seu ciclo de forma trágica. E esses últimos momentos da lenda do grunge inspiraram Last Days (2005) do cineasta Gus Van Sant.
A produção na verdade é uma licença poética sobre um astro de rock fictício chamado Blake (Michael Pitt), que tem uma banda grunge e se esconde de seus empresários, executivos de gravadora e amigos pouco antes de sua morte, ao cometer suicídio.
Ocorrida em abril de 1994, a morte de Kurt Cobain gerou uma comoção de toda uma geração que vivia a cultura alternativa do grunge. Segundo Van Sant, os mistérios que rondavam o desaparecimento do músico, seguido de seu suicídio, causaram um certo fascínio mórbido.
Isso somado à sua imagem icônica, acabou tornando-o um mito, portanto, Cobain foi a figura que inspirou no longa. E o resultado é uma produção onde a melancolia reina.
Blake é um indivíduo em busca de algo e vive como um ser invisível entre outros ao seu redor. E por mais que procure, não consegue encontrar o que procura. Ele é um músico de aspecto depressivo, que se reclui em uma mansão no meio de uma floresta.
Last Days é sensível em abordar sobre o que Kurt (na figura de Blake) teria sentido em seus últimos dias. Não é uma cinebiografia do líder do Nirvana, mas sim um retrato do seu interior, sua aflição.
Michael Pitt foi uma escolha acertada para viver Blake. Com poucos gestos e palavras, demonstra esse sentimento forte de melancolia. E a atmosfera do filme tem impacto emocional muito forte. Para para um público que curte mais movimentação, esta talvez não seja uma boa indicação.
De qualquer forma, Van Sant, diretor reconhecido por seu trabalho autoral, tenta se ausentar da responsabilidade de ligar seu personagem diretamente a Kurt, para representar o mito sobre a morte de um dos maiores ícones do rock mundial da geração X.
Vale a pena conferir se busca um corte profundamente artístico baseado em um astro do rock, e não uma literal cinebiografia.