Hoje teremos mais uma edição do quadro “Roadie Metal na Fronteira do Desconhecido”, que tem o intuito de trazer mais informações sobre os mais diferentes subgêneros existentes, de forma a tirar dúvidas sobre estilos pouco conhecidos, acabar com informações enganosas sobre outros, ou simplesmente indicar algumas bandas para quem quiser se aventurar em gêneros novos. O quadro vai ao ar toda quarta-feira, sendo esta matéria escrita pelos redatores Maria Clara Goé, Jéssica da Mata e Pedro Henrique Nogueira.

Na edição desta semana, entenderemos uma pouco mais sobre o estilo DSBM, ou “Depressive Suicidal Black Metal”.

O próprio nome já nos passa uma ideia bem ampla sobre o que o estilo se trata, das raízes mais espinhosas e melancólicas do black metal!

O Black Metal tradicional, têm as letras com um embasamento crítico religioso e algumas vezes filosófico ou satanista. Já o DSBM aborda temas como depressão, automutilação, suicídio, e as várias vertentes sobre dor e sofrimento.

Segundo o artigo “Depressive Suicidal Black Metal e borderline transtorno de personalidade: uma viagem às profundezas de vazio”, costuma-se dizer que o Black Metal nasceu com o álbum “Black Metal” do Venom, de 1982. Aquele álbum tinha a particularidade de servir como uma espécie de “referência” para bandas com sonoridades semelhantes que eram rotuladas como Speed ​​ou Thrash Metal do que Black Metal. Esse foi o caso de Mercyful Fate, Bathory, Hellhammer, Celtic Frost, Kreator, Bulldozer, Sodom, entre outros. Este período histórico é comumente conhecido como a Primeira Onda do Black Metal e durou até o início dos anos noventa, quando a Segunda Onda (a Verdadeira Onda do Black Metal Norueguês ou the Satanic Black Metal Wave – surgiu através do som de Mayhem, Burzum, Darkthrone, Imortal, Emperor, Gorgoroth, etc.).

Devemos notar que as principais diferenças entre as duas ondas não estavam tanto na composição musical, nem no anti-religiosismo ou propaganda anticristã (Bathory, por exemplo, fez isso durante os anos oitenta), mas especialmente nas maneiras como eles mostraram seu descontentamento: a adoção de pseudônimos inspirados em demonologia, sua proclamação pública geral como neonazistas, pagãos ou satanistas e, particularmente, os crimes, assassinatos e tragédias a que estavam associados.

Aqui, devemos nos referir a Øystein Aarseth (também conhecido como Euronymous, fundador do Mayhem, guitarrista principal e uma lenda dentro da cena) e seu homicídio por de Varg Vikernes e, ainda mais importante para o surgimento do subgênero particular de Depressive Suicidal Black Metal (DSBM), o suicídio de Per Yngve Ohlin (vocalista sueco do Mayhem desde 1988, também conhecido como Dead).

Per era uma pessoa extremamente depressiva que frequentemente se cortava durante os shows e cheirando a carcaças podres que ele costumava encontrar em uma floresta perto da casa de ensaio do Mayhem.

O suicídio de Dead em 1991 alcançou um “status” na cena que muitas bandas tiveram se influenciaram de sua tragédia pessoal, através de mensagens e ações de automutilação, comportamento suicida, abuso de álcool e drogas e identidades de palco perturbadas.

O DSBM surgiu nos anos 90, obviamente como uma vertente mais chocante, de um estilo que já era bem polêmico por si só. E a banda pioneira do estilo foi a Silencer, banda cujo vocalista envolve tantas polêmicas e mistérios que fazem a história de Varg Vikernes, do Burzum, parecer brincadeira de criança.

A Silencer surgiu na Suécia em 1995, e alguns dos mistérios envolvendo a banda é de que o vocalista, que nunca teve a sua verdadeira identidade revelada, foi preso sob a acusação de um crime brutal, e também já foi internado em um hospital psiquiátrico.
Outro boato polêmico envolvido, é o de que ele se mutilava durante as gravações do vocais.

A banda Xasthur é outra que podemos citar sobre o gênero, tendo surgido também em 1995 mas dessa vez nos EUA, e as letras das músicas circundam entre projeção astral, sofrimento, escuridão e solidão, onde o próprio nome da banda significa “um demônio que mata as pessoas durante o sono”.
Uma das inspirações para eles, foi o Burzum, não exatamente no quesito musical, mas era uma das inspirações em relação a fazerem tudo sozinhos, com gravações caseira e independentes, e integrantes que tocavam mais de um instrumento, o que é chamado de produção “lo-fi”.

Bandas como Nyktalgia, Woods Of Desolation também são marcantes no estilo.

Características

Conhecemos o black metal tradicional como o famoso “instrumental extremamente rápido, com urros de dor e sofrimento, e guitarras com efeitos que parecem chiado de rádio”. O DBSM é muito diferente disso? Não!
Claro que algumas músicas são assim, mas a maioria tem um instrumental mais lento (lê-se lento mesmo, e não leve!), sendo o principal fator diferencial entre os estilos, o tema das letras.

O vocal no DBSM também pode variar de berros estridentes, para sons semelhantes ao de choro.

Cenário Brasileiro

 No cenário brasileiro, uma das bandas representantes do estilo é a Thy Light, e um dos diferenciais dela é o de que as letras tentam “fugir” um pouco do que se espera do DSBM, e falam um pouco mais sobre nostalgia, sentimentos e sensações que não voltam mais. E no instrumental, algumas vezes chega a ter influência de post-rock.

Diretamente do Rio de Janeiro, temos a dupla que compõe o Lamúria Abissal, que apresenta melodias simples, porém densas, cruéis e depressivas.

Discografia Indicada

Álbuns Internacionais:
Silencer: Death Pierce Me (2001)
Xasthur: Nocturnal Poisoning (2002)
Nocturnal Depression: Nostalgia Fragments Of Broken Past (2005)
Woods Of Desolation: Towards The Depths (2008)
Happy Days: Melancholic Memories (2008)
Lifelover: Pulver (2006)

Álbuns Nacionais:
Lamuria Abissal: O Último Descanso Finalmente Lhe é concedido (2012)
Thy Light: No Morrow Shall Dawn (2013)

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