O final dos anos 70 e primeiros anos da década de 80 viram o nascimento do cenário Metal norte-americano. Óbvio que dizer quem é o “pai” da criança é algo complexo, pois nomes como RIOT (hoje RIOT V), THE RODS e outros são muito citados. Óbvio que o BLUE ÖYSTER CULT é um brontossauro dos anos 70 que ajudou a construir a US Metal School também. E caracterizar o Heavy Metal dos EUA é simples: o peso do Metal europeu (com uma enorme influência vinda do JUDAS PRIEST), mais a melodia do Hard Rock dos anos 70 (basta observar o refrão de cada canção das bandas), mais o refinamento técnico que ficará evidenciado no trabalho de OZZY graças às mãos divinas de Rhandy Rhoads. Esse é o cenário em que muitas bandas (que hoje têm o status de “cult”) estão inseridas. O VIRGIN STEELE não é diferente, e mesmo ainda meio bruto, “Virgin Steele”, primeiro disco do grupo, mostra a força do DNA do US Metal.
No disco, se percebe o contraste criado pelas personalidades do guitarrista Jack Starr (fundador da banda), cuja abordagem é mais direta e pesada, enquanto o vocalista David DeFeis rebusca elementos mais melodiosos e pomposos. É esse embate que faz a música de “Virgin Steel” soar tão viva, mesmo quase 40 anos depois. Se percebe que Jack é o típico guitarrista do cenário da época, colocando peso e melodias muito boas em suas bases, mas com toques de puro virtuosismo; David mostra uma interpretação mais influenciada por monstros como Dio, Plant e Gillan, embora mais pessoal; e a base de Joe O’Reilly (baixo) e Joey Ayvazian (bateria) mostra peso e técnica. Ou seja, “Virgin Steele” é pesado, melodioso e muito bem tocado, algo bem diferente para aqueles tempos.
O próprio David é o produtor do disco, bem como quem criou o layout gráfico. Soa cru e pesado como um disco dos anos 70 (lembrando: estamos falando de um disco gravado de forma independente em dezembro de 1981, logo, não esperam uma super-produção), mas sem que seja tão sujo (embora as guitarras tenham ficado baixas). Está na medida para a época, verdade seja dita.
“Minuet in G minor” introduz o disco, cheia de partes de teclados (o que revela a influência clássica de David), precedendo a pancada de “Danger Zone” (peso, técnica e um trabalho de guitarras ótimo, mantendo um ritmo pesado e cativante, com um toque de Hard bem evidente), a grudenta “American Girl” (a debulhada de Jack nas guitarras e os riffs diretos são o ponto forte), “Drive On Thru” (onde influências de LED ZEPPELIN encontram-se as do RAINBOW), a clássica “Children of the Storm” (sua segunda versão, já que a primeira se encontra na coletânea “U.S. Metal Vol. II” de 1982, e outra mais atualizada viria em “The Book of Burning”, de 2002), o típico Hard/Glam que começava a mostrar as caras em Los Angeles de “Pictures on You”, e o peso e sinal do que viria no futuro de “Virgin Steele” são os destaques do disco. Mas uma audição como um todo não seria ruim.
Nota 1: “Children of the Storm” era uma canção que o METALLICA adorava, e o primeiro disco fez que dois novatos mandassem cartas a banda. Seus nomes: QUEENSRYCHE e METALLICA!
Nota 2: “Virgin Steele” foi gravado para ser uma Demo Tape na época, mas que acabou virando disco.
Nota 3: A versão relançada em 2002 tem 8 músicas extras.
Falar das canções de “Virgin Steele” com uma visão atualizada é algo criminoso. É preciso ter visto esta época para lhe fazer justiça, coisa que muitos nunca compreenderão (é preciso ter vivido aqueles anos, não lido sobre eles). Os fãs da banda mais recentes vão sentir algumas diferenças (que ocorrem pelo fato que a saída de Jack em 1984 fez com que o grupo ficasse mais influenciado pela musical visão de David), que perduram até “Noble Savage” e “Age of Consent”, quando o grupo dá uma parada, voltando em 1993.
Um discão que pode ser encontrado em muitos sebos por aí.
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Importado
Tracklist:
- Minuet in G minor / Danger Zone
- American Girl
- Dead End Kids
- Drive On Thru
- Still in Love With You
- Children of the Storm
- Pictures on You
- Pulverizer (instrumental)
- Living in Sin
- Virgin Steele
Banda:
David DeFeis – Vocais, teclados
Jack Starr – Guitarras
Joe O’Reilly – Baixo
Joey Ayvazian – Bateria
Contatos:
http://www.virgin-steele.com/
https://www.facebook.com/virginsteeleofficial
Texto: “Metal Mark” Garcia