Por volta de 2005, o TRIVIUM era apontado por muitos como o novo “salvador” do Metal. Tal afirmativa sempre acaba queimando uma banda diante de um público que tende a olhar mais para o passado que para o presente e futuro. Mas algo não se pode negar: o quarteto da Flórida (EUA) deu um enorme gás a um cenário que estava desgastado e cheio de bandas que vivem de passado. E é interessante que, após os apupos na época do lançamento de “Ascendancy” (que os projetou para um reconhecimento maior de público) ver a banda fazer um disco como “Silence in the Snow”.

Basicamente, poderíamos até dizer que “Silence in the Snow” é o “Black Album” do quarteto: mais simples e melodioso, e não tão agressivo como “Ascendancy” e “Shogun”, com linhas harmônicas ainda com alguma complexidade, mas o que espantou muita gente foram os vocais limpos tomando espaço de onde antes havia urros guturais, agora só vozes limpas bem encaixadas, valorizando muito a dicção e os refrães, além do retorno das guitarras com 7 cordas (por isso existem momentos graves bem evidentes nos riffs). Muitos fãs torceram o nariz, óbvio, mas é algo esperado quando a banda começa a evoluir. Mas que se diga de passagem: mesmo não sendo o melhor trabalho do grupo, ainda é um disco ótimo.

O norte-americano Michael “Elvis” Baskette, que tem trabalhos com nomes como ALTER BRIDGE e SLASH foi quem tomou conta da produção, ajudando a banda a polir sua sonoridade e evidenciar as linhas melódicas, além de ajustar os timbres sonoros (em especial das guitarras) para se fazerem mais limpos e definidos. Mas é um erro acreditar que este disco não soa pesado. Melodias mais evidentes podem definir menor crueza ou agressividade, mas nunca diminuição de peso sonoro, pois “Silence in the Snow” é muito pesado.

Dessa forma, talvez esse seja o disco mais acessível da banda a um público mais amplo. Mas é impossível não reconhecer o valor de canções ótimas como “Silence in the Snow” (ritmo candeciado e denso, com ótimas partes de baixo e bateria, for a um refrão grudento), as guitarras que tecem melodias à lá IRON MAIDEN em “Blind Leading the Blind”, a pegada mais moderna de “Dead and Gone” e de “The Ghost That’s Haunting You” (nessa existe boa dose de acessibilidade nos refrães), as linhas vocais bem feitas de “Pull Me from the Void” (o início com bumbos duplos lembra demais algo meio que Power Metal), a sinuosidade das harmonias em “Beneath the Sun” e de “Breathe in the Flames”. Óbvio que aquele radicalóide de jaquetinha de couro cheia de patches e bottons vai falar asneiras, mas é melhor ignorar, como dizem os psiquiatras.

No mais, óbvio que o TRIVIUM pode fazer melhor que isso, mas “Silence in the Snow” é um belíssimo disco. Para ser sincero e dar uma agulhada em quem merece, é bem melhor que algumas bandas que vivem somente de seu passado e deveriam parar.

Formação:
Matt Heafy – guitarra, vocal
Corey Beaulieu – guitarra, vocal
Paolo Gregoletto – baixo, vocal
Mat Madiro – bateria

Faixas:
01. Snøfall (instrumental)
02. Silence in the Snow
03. Blind Leading the Blind
04. Dead and Gone
05. The Ghost That’s Haunting You
06. Pull Me from the Void
07. Until the World Goes Cold
08. Rise Above the Tides
09. The Thing That’s Killing Me
10. Beneath the Sun
11. Breathe in the Flames

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