Algumas bandas brasileiras sempre possuíram forte personalidade musical, se destacando por fazerem sua música sem seguir modismos. Um dos mais fortes nesse quesito é o quarteto de São Paulo TORTURE SQUAD. E antes do ressurgimento do Thrash Metal, eles já tocavam o estilo (mas sempre com alguns elementos de Death Metal). Mas a banda teve um período criativo muito interessante, iniciado logo no início dos anos 2000, e o primeiro disco de alto nível deles é em “The Unholy Spell”, de 2001.
Basicamente, a criatividade da banda estava em alta, pois a formação estava sólida. Do primeiro disco, “Shivering”, até “The Unholy Spell” (que é o terceiro disco do grupo), não houve mudança de integrantes, o que se reflete na música evoluída que se ouve. A técnica evoluiu bastante, e a banda está funcionando como um todo, com músicas agressivas e bem arranjadas. Um traço da época são os riffs bem feitos e envolventes, o que fazia com que a música deles soasse irresistível, fora os vocais estarem entrosados com a base instrumental. E baixo e bateria se mostram cada vez mais coesos e formando uma sessão rítmica sólida. Logo, o terceiro disco do TORTURE SQUAD é um dos melhores de sua carreira.
Podemos aferir o seguinte em termos de qualidade sonora: para 2001, está muito boa. Seca e direta, mas com muito peso, a sonoridade do disco é montada para dar ênfase às guitarras, mas sem deixar os outros instrumentos de lado. Os timbres de baixo, bateria e guitarras foram muito bem escolhidos. Ou seja, Amílcar Christófaro e Ciero (que dividiram a produção e a mixagem) trabalharam muito bem. E a arte, um trabalho de Wanderley Perna (baixista do GENOCÍDIO) ficou muito boa.
“The Unholy Spell” é um disco ótimo do início ao fim. Mas verdade seja dita: canções como a tijolada “The Unholy Spell” (que vocais!), a ganchuda “Warmonger” (reparem nas guitarras e verão como os riffs grudam nos ouvidos), a força pesada e de impacto de “Abduction Was the Case” (que tem Fernando Monteiro como músico convidado nos backing vocals), o ritmo alternado e sedutor de “The Host” (um dos melhores momentos de baixo e bateria em todo o disco), o meio termo bem feito entre Death e Thrash Metal encontrado em “Area 51” e em “Under the Wings of the Empire” são um deleite.
Um discão, mas uma pena que esta formação se rompeu. Se este autor não está enganado, a última contribuição de Cristiano Fusco foi a canção “Mandate For Freedom”, que se encontra no projeto “William Shakespeare’s Hamlet”, de 2002, lançado pela Die Hard.
Um disco e tanto!
Formação:
Vitor Rodrigues – vocal
Cristiano Fusco – guitarra
Castor – baixo
Amílcar Christófaro – bateria
Faixas:
01. The Unholy Spell
02. Warmonger
03. Spiritual Cancer
04. Abduction Was the Case
05. The Host
06. Area 51
07. Welcome Home (The House of Eternal Night)
08. Under the Wings of the Empire
09. A Soul in Hell
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9/10