Talvez o caro leitor não entenda o porque de uma nota tão baixa para o Saxon…
Tudo bem, eu já estou cansado de saber de seu papel como um dos pilares na NWOBHM, e ao mesmo tempo, dos clássicos que lançou e todos amamos. Mas verdade seja dita: desde “Innocence Is No Excuse”, de 1985, o trabalho da banda estava distando de sua fase mais clássica, numa busca quase que desesperada pelo sucesso no mercado dos EUA. Embora tenha seus méritos, “Forever Free” (de 1992) continua sendo bem mais acessível do que os fãs mais antigos estavam acostumados.
O grupo até faz um trabalho musical de qualidade, algo que o Saxon nunca abriu mão durante sua carreira. Mas a acessibilidade musical destoa, deixando o disco um pouco descaracterizado de sua sonoridade clássica. Não que os vocais de Biff desapontem (longe disso, ele está cantando muito bem), ou que as guitarras de Paul Quinn e Graham Oliver estejam mal (mas falta-lhes a crueza e agressividade de antes, preferindo sonoridades), ou falta de pegada da base rítmica de Nibbs Carter (baixo) e Nigel Glockler (bateria). Não, não é isso, mas a própria banda aceitou esse papel de pegar mais leve e tentar soar mais Hard Rock. E isso deixa o quinteto longe de sua identidade, o que é um pecado.
A produção ficou nas mãos de Biff Byford e Herwig Ursin, e até sentimos algo mais pesado e intenso. Mas há uma preocupação que os timbres soem mais limpos e claros, de não ser tão cru e agressivo. Ou seja, há a busca por algo que possa atingir um público mais amplo, de gosto musical menos exigente.
O lado musical segue esta tendência mais limpa, e busca manter um pouco das características sonoras do grupo. Mas digamos de passagem: o Saxon falhou…
Há bons momentos, sem dúvida, como nas faixas “Forever Free” (boas guitarras e o vocal característico de Biff fazendo bonito), “Hole In The Sky” (que até mostra peso, com trabalho de baixo e bateria que é tão característico do quinteto, mas o refrão já se mostra muito acessível), a levada à lá AC/DC de “Get Down and Dirty”, e “Nighthunter”. Até o cover de Wilie Dixon “Just Wanna Make Love to You” mostra que o quinteto ainda estava se iludindo com o mercado americano.
“Forever Free” é a quinta (e felizmente, a última) tentativa (mal sucedida, digamos de passagem), do Saxon ganhar o mercado americano, mesmo porque o país estava começando a fechar as portas para o Heavy Metal e caindo de cabeça no Alternativo.
Mas quando parecia que a paciência dos fãs havia acabado, e que o próprio quinteto aprendera que o mercado americano não lhes abriria as portas, e o futuro parecia incerto, foi quando eles resolveram dar a virada.
Mas isso é outra história…
https://www.youtube.com/watch?v=M0iunX9lm9c
Formação:
Biff Byford (vocal);
Paul Quinn (guitarra);
Graham Oliver (guitarra);
Nibbs Carter (baixo);
Nigel Glockler (bateria).
Faixas:
01 – Forever Free
02 – Hole In The Sky
03 – Just Wanna Make Love To You
04 – Get Down and Dirty
05 – Iron Wheels
06 – One Step Away
07 – Can’t Stop Rockin’
08 – Nighthunter
09 – Grind
10 – Cloud Nine