Falar em Rock Progressivo para um público mais amplo é algo bem difícil, pois uma enorme parte de suas bandas é desconhecida ou viveu seu sucesso de público e crítica nos anos 70 (e nem mesmo na época chegaram a ser estouros). Mas uma banda se destacou de todas em termos de popularidade. Amado por muitos, odiado por tantos outros, o nome do PINK FLOYD sempre causou polêmicas entre os fãs do Rock Progressivo, mas são eles que trouxeram enormes legiões de fãs para o gênero. E basicamente, para todos os estilos de Rock.
Por isso, falar em “The Piper at the Gate of Dawn”, lançado em 1967 e primeiro disco do grupo, pode ser uma experiência quase transcendental.
Explicando: o grupo na época era formado por um estudante de artes (Syd Barret), sendo os outros estudantes de arquitetura (Roger Waters, Richard Wright, Nick Mason), e, além disso, lembremos que estamos falando nos anos 60, época em que o abuso de substâncias como LSD e outros, e junto com um mundo de ideais musicais/visuais que surgiu naqueles tempos. Época em que ser criativo fazia a diferença entre o sucesso e o anonimato.
Aos fãs, eu diria que é um álbum que transita entre as possibilidades do Rock Progressivo da época, mas que fica um pouco distante do estilo usual da banda. Percebem-se as bases da música do grupo aqui e ali, mas a influência criativa de Syd Barret é perceptível por ter escrito quase todas as faixas do disco, e talvez seja a maior motivação de um fã de discos como “The Wall” ou “The Dark Side of the Moon” se sentirem um pouco deslocados.
A produção de Norman Smith para a época foi coisa de primeira linha. A sonoridade ficou bem limpa, clara e se preocupando em deixar tudo audível para o fã. Agora a arte da capa (uma foto feita em fractais) de Vic Singh e a da contracapa do próprio Syd Barret chamam a atenção dos fãs de primeira.
A versão que estou resenhando é a inglesa, logo, haverá diferenças se a sua for a norte-americana. E mesmo com todas as diferenças entre esta formação e as que virão no futuro, “The Piper at the Gate of Dawn” mostra alguns momentos que ficaram eternizados como a fantástica “Astronomy Domine” (uma faixa extremamente viajante, que chegou a ganhar uma versão do VOIVOD nos anos 80), a Folk lisérgica “Matilda Mother”, a viajante instrumental “Pow R. Toc H.” (algumas influências que serão ouvidas no futuro dão sinais nessa canção), a técnica não usual para aqueles tempos e que é apresentada em “Take Up Thy Stethoscope and Walk”, e a curta e altamente não convencional “The Gnome” (muitos corais e vocalizações do Rock Progressivo podem ter nascido aqui) são ótimos momentos do disco, verdade seja dita. Mas para fãs do PINK FLOYD da fase em que o grupo explodiu para o sucesso, é um disco que vai soar um pouco estranho.
Depois dele, em 1968, Syd sairia da banda devido a seus problemas mentais e abuso de drogas, sendo substituído por David Gilmour, e a banda iria mergulhar no caos experimental e criativo que os caracterizaram nos anos 70.
No mais, vale a ouvida. É um disco importante para a formação do Rock Progressivo.
Formação:
Syd Barrett – guitarra, vocal, design back cover do LP
Roger Waters – baixo, vocal
Richard Wright – órgão, piano, órgão Farfisa, sintetizador, violoncelo, vocal
Nick Mason – bateria, percussão
Faixas:
01. Astronomy Domine
02. Lucifer Sam
03. Matilda Mother
04. Flaming
05. Pow R. Toc H. (instrumental)
06. Take Up Thy Stethoscope and Walk
07. Interstellar Overdrive
08. The Gnome
09. Chapter 24
10. The Scarecrow
11. Bike
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7.5/10