É fato corriqueiro que muitas bandas surgem das cinzas de outras que se desintegraram. Muitas vezes, é necessário refletir o que se quer fazer: seguir adiante ou tentar usar que vem do passado. No caso do quinteto NEVERMORE, de Seattle, eles sempre buscaram se distanciar da banda anterior de Warrel Dane (vocais) e Jim Sheppard (baixo), o finado SANCTUARY. Se o primeiro disco da banda, “Nevermore”, já dava pistas do que viria adiante, “The Politics of Ecstasy” dá uma boa sequência.
Não tão marcante como os vindouros “Dreaming Neon Black” (1999) e “Dead Heart in a Dead World” (2000), pode-se dizer que “The Politics of Ecstasy” ainda apresenta o quinteto em uma forma ainda bruta e que necessita de lapidadas. Mas o Progressive Thrash Metal do grupo mostra um peso enorme, ao mesmo tempo em que melodias do Metal tradicional vão surgindo de forma bem espontânea, bem como salta os olhos ver que Warrel usa timbres mais graves de sua voz e um jeito mais interpretativo (nada dos agudos da época de SANCTUARY), já que o trabalho do NEVERMORE é bem mais denso e introspectivo que sua antiga banda. Carregado de emoção, o trabalho do grupo é de primeira, mostrando o que eles podiam fazer.
Tido como o disco mais progressivo do grupo, “The Politics of Ecstasy” foi produzido e mixado por Neil Kermon e teve a masterização de Joe Gastwirt. Tudo para garantir que a sonoridade do grupo soasse a mais clara possível, para que todo o peso e melodia do grupo se encaixassem na agressividade sem problemas. E tudo funciona sem problemas, embalado por uma capa muito interessante.
Musicalmente, os andamentos são mais lentos, e a energia da banda flui de forma agressiva e bruta sob esta força cadenciada. Em muitos momentos, sente-se uma enorme carga de melancolia emanando de suas faixas, e os melhores momentos ficam em “The Seven Tongues of God” e seus arranjos e riffs mais Thrashers, o peso agressivo e azedo de “Next in Line” (músico do vídeo oficial de divulgação, e onde baixo e bateria roubam a cena), a aula de interpretação de Warrel em “Passenger” e suas passagens mais densas (sem falar nos arranjos das guitarras que estão muito bons), o peso opressivo e bom trabalho das guitarras de “The Politics of Ecstasy”, a trampada e moderna “Lost”, e a obscura e bem soturna “The Learning”. A e aversão relançada em 2016 tem um cover para “Love Bites”, do JUDAS PRIEST, que ficou muito bom.
No mais, “The Politics of Ecstasy” não é o melhor que o NEVERMORE pode oferecer, mas está próximo.
Formação:
Warrel Dane – vocal
Jeff Loomis – guitarra
Pat O’Brien – guitarra
Jim Sheppard – baixo
Van Williams – bateria
Faixas:
01. The Seven Tongues of God
02. This Sacrament
03. Next in Line
04. Passenger
05. The Politics of Ecstasy
06. Lost
07. The Tiananmen Man
08. Precognition
09. 42147
10. The Learning
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8/10