Formado em meados de 1991 em Seattle, Washington, o Nevermore foi a fênix diante as cinzas do grupo Sanctuary. O vocalista Warrel Dane mais o baixista Jim Sheppard se juntam ao guitarrista Jeff Loomis com o objetivo de mesclar o peso do Sanctuary a influências experimentais como o Gothic Rock e rascunhos de Doom Metal. Essa alquimia acabou dando vida a uma das bandas mais expressivas do Heavy Metal atual, tarefa muito complicada visto que na época a cena “Rock” estava direcionada ao Grunge.
O trio (Warrel Dane, Jim Sheppard e Jeff Loomis) travam uma verdadeira luta em nome de sua música, conseguindo através de muito suor (e estresse) um contrato com a Century Media. A gravadora estava investindo em nomes promissores do Metal, desta forma o Nevermore consegue lançar em 1995 seu debut autointitulado, chamando a atenção da mídia especializada por sua criatividade e originalidade.
Focando nos graves (além dos timbres naturais), Warrel Dane conseguiu passar um clima denso e sombrio ao disco. Claro que o instrumental poético digno dos contos de Edgar Allan Poe executados por Loomis e Sheppard ajudaram a selar a obra com ar de inovação. As baterias foram divididas por dois músicos, Van Williams e Mark Arrington, Van Williams gravou as faixas 2,3,5 e 7 e Mark Arrington as 1, 4, 6 e 8.
O disco abre com a intrínseca “What Tomorrow Knows” que foca mais no contexto íntimo do que no virtuosismo, deixando em segundo plano a figura brusca e típica do Metal. Em contra partida, sua sequência “C.B.F (Chrome Black Future)” traz linhas latentes do Sanctuary, com vocais agudos e bases mais Thrash’s, porém a assinatura densa do Nevermore já estava estabelecida, transformando a faixa num grande momento do disco.
Uma de minhas favoritas deste clássico debut é a “The Sanity Assassin”. A faixa é um verdadeiro presente aos amantes do estilo, com uma mistura vocal perfeita entre graves e agudos (que se tornariam o DNA do Nevermore) alem de uma melodia linda e carregada que fazem desta terceira faixa uma verdadeira escultura.
“Garden of Gray” talvez seja a mais progressiva do álbum, destaque para a interpretação de Warrel Dane que expressa ira e agonia através de frases críticas e reflexivas.
Devido a produção que deixou a desejar, “Sea of Possibilities” e “The Hurting Words” acabaram soando as mais fracas, porém ainda assim conseguem mostrar o diferencial da banda, uma através do Thrash Metal com pitadas progressivas, e a outra com um clima melancólico e profundo, quase Doom.
Talvez a música mais interessante do álbum seja a “Timothy Leary”. Musicalmente a faixa traz linhas pouco convencionais, uma mescla de Metal Progressivo com escalas indianas são executadas por Warrel Dane, compondo um ar diferenciado e digno do personagem que dá nome a canção. Timothy Francis Leary, Ph.D. foi um professor de Harvard, psicólogo, neurocientista, escritor, futurista, ícone maior dos anos 1960, ficou famoso como um proponente dos benefícios terapêuticos e espirituais do LSD.
Encerrando o trabalho temos um vislumbre da época do Sanctuary, precisamente do disco “Into The Mirror Black”. A faixa foi uma ótima escolha para o desfecho do álbum, pois deixa o ouvinte com um sentimento inovador e nostálgico, não negando a raiz, porém mostrando seu novo caminho através de muita personalidade e criatividade.
Membros:
Warrel Dane (Vocais)
Jeff Loomis (Guitarra)
Jim Sheppard (Baixo)
Van Williams e Mark Arrington (Bateria)
Faixas:
What Tomorrow Knows
C.B.F (Chrome Black Future)
The Sanity Assassin
The Garden
Sea Of Possibilities
The Hunting Words
Timothy Leary
Godmoney