Roadie Metal Cronologia: Motorhead – The Wörld is yours (2010)

O MOTORHEAD dispensa maiores apresentações, mesmo porque todas as resenhas desta linha do tempo já disseram muito sobre a longa trajetória do grupo. É desnecessário encher lingüiça, então, pretendo ser um tanto quanto breve: após a fase clássica (que vai do começo até o ao vivo “No Sleep ‘till Hammersmith”), as turbulências que duram da época de “Another Perfect Day” até “Sacrifice” (a maioria delas causadas por problemas com gravadoras, trocas de músicos e mesmo com alguns produtores), o grupo (que havia retornado a ser um trio) mantém certa constância, lançando discos excelentes, outros apenas muito bons, mas nada que se compare às derrapadas de “Bomber” (que sejamos francos: é um bom disco, mas não está aos pés de clássicos como “Overkill” e “Ace of Spades”, ficando justamente entre os dois) ou “March Ör Die” (outro bom disco, mas tão cheio de problemas durante as gravações que a banda soa desconexa). E nessa constância, temos “The Wörld is Yours”, de 2010, e seu antepenúltimo disco de estúdio.

Motorhead-rock-in-rio-2010

Não se pode dizer que “The Wörld is Yours” é fraco, bem longe disso. Indo na direção oposta da saúde de Lemmy, que já mostrava alguns poucos sinais que seu estado estava ficando bem grave (ele foi diagnosticado como diabético por volta de 2002), o disco é uma cacetada bem dada, a fúria do grupo continua intocada, esporreando para todos os lados sem dó dos ouvidos menos acostumados, mas tudo alinhavado com certo requinte melodioso (coisa que o grupo sempre teve, mesmo em seus tempos mais sujos). A grande diferença desse álbum para os seus é que “The Wörld is Yours” consegue recuperar um pouco da força de seu passado, soando um pouco mais grosseiro e cru que vinha mostrando a um bom tempo.

A produção e mixagem são de Cameron Webb (que estava com o grupo desde “Inferno”), mais a masterização de Ted Jensen. Poderíamos dizer que esse lado mais rude da música da banda tem méritos ligados diretamente à produção, pois apesar de Cameron deixar tudo em alta performance e claro aos ouvidos, a sujeira Punk característica do trio está intocada, bem como seu peso cavalar. Ou seja, é o que podemos chamar de “sujo bem feito”.

Se os leitores esperam grandes mudanças musicais desse disco, desistam. O MOTORHEAD nunca foi de mudar radicalmente seu estilo, e com a formação estável há mais de 15 anos (a última havia sido em 1995, com a saída de Michael “Würzel” Burston, e assim a gangue voltou a seu formato de trio), eles já sabiam como fazer o jogo para ganhar. Não há surpresas musicais, mas minha pergunta nesse ponto é: se faz necessário?

Em suas dez porradas, faço questão de citar os Rock’n’Roll sujos e destruidores de “Born to Lose” e “I Know How to Die” (esta um pouquinho mais swingada, com ótimas guitarras e o título parece profético), a mais acessível “Get Back in Line” (que chegou a ser um Single, mostrando como Lemmy sabe cantar e tocar com uma energia incrível, sempre despojado sem ser relaxado), as azedas “Waiting for the Snake” (Mikkey Dee realmente soube se encaixar no estilo do trio, dando peso e certo toque técnico ao disco) e “Brotherhood of Man” (com Lemmy cantando de forma mais ácida que o normal), e a icônica e energética “By Bye Bitch Bye Bye” (a que mais se aproxima do Rock’n’Roll clássico).

Podemos dizer que desse disco até a partida de Lemmy desse mundo (indo acabar com as virgens do paraíso e desmotivar fundamentalistas, além de abrir o open bar), o MOTORHEAD manteve a mesma pegada e energia. Mas torno a pergunta: o grupo precisa de mais que isso?

 

“The Wörld is Yours”, meus caros, “The Wörld is Yours”…

 

Músicas:

  1. Born to Lose
  2. I Know How to Die
  3. Get Back in Line
  4. Devils in My Head
  5. Rock’n’Roll Music
  6. Waiting for the Snake
  7. Brotherhood of Man
  8. Outlaw
  9. I Know What You Need
  10. Bye Bye Bitch Bye Bye

download (1)

Banda:

Lemmy Kilmister – Vocais, baixo

Phil Campbell – Guitarras

Mikkey Dee – Bateria

https://www.youtube.com/watch?v=3rJt7L4hw5A

Encontre sua banda favorita