Roadie Metal Cronologia: Kreator – Outcast (1997)

Inovador, vanguardista, nunca se conformar sempre com o mesmo e escolher a liberdade musical (algo sempre polêmico dentro do universo Heavy Metal), talvez esses sejam apenas alguns adjetivos que levariam o nome Kreator ao quase ostracismo nos anos noventa. A banda jamais pararia de lançar bons álbuns nesta década, tais como ‘Cause For Conflict’ e o próprio ‘Outcast’, no entanto isto pouco adiantava, pois os anos de ouro do Heavy Metal haviam passado e tudo era diferente em relação ao mercado musical, e o Kreator enfrentava a dura realidade do estilo – realidade está que em outros tempos viveu seus anos gloriosos – mas que agora era ocupada pela música alternativa e pelo grunge.

Mille, dono de uma mente sempre inquieta e visionaria, após fracassar comercialmente com ‘Cause For Conflict’, receberá a noticia de que um álbum bem sucedido financeiramente era necessário com urgência, caso contrario o contrato com a gravadora não seria renovado. Assim o músico não tinha dúvidas, o novo Kreator deveria ir aonde nunca havia ido, e a banda deveria agora explorar lados mais comerciais, algo que os fizesse brilhar em um momento em que poucos brilhavam. Mille, que já há algum tempo escutava bandas com um apelo mais gótico como Paradise Lost, Sentenced, Moonspell entre outras, não escondia de ninguém seu interesse pelo estilo.

Mesmo antes da gravação do álbum, a saída de Frank “Blackfire” já havia sido anunciada, e Tommy Vertterli (ex-Coroner) seria quem assumiria o posto deixado por “Blackfire”, assim sendo essa era a nova formação do Kreator. Segundo o próprio Mille era chegado o momento de se rebelarem contra uma cena que os ignorava, era o momento de refazerem sucesso, mesmo que isso agora implicava em mudar sua estética visual, mesmo que a mensagem agora fosse menos contestadora contra uma sociedade que sempre foi vista como sendo seu principal inimigo, o objetivo agora era chegar a novos ouvidos e tentar salvar a banda, mesmo com o risco eminente de comprometer todo o passado glorioso da banda.

A influência Gótica já se torna presente na capa do álbum, a mesma apresenta a figura de um demônio convertida em uma espécie de mariposa humana, e a comparação de cenários com o clipe de “Until It Sleeps” do Metallica se torna inevitável, deixando claro que a intenção agora era alcançar os fãs do novo Metallica que vinha recebendo criticas pesadas com o polemico ‘Load’.

“Leave This World Behind”, música que abre o álbum, apresenta momentos influenciados tanto pelo álbum ‘Renewal’, como por ‘Cause For Conflict’, mostrando que a banda seguiria caminhos distintos de seu tradicional Thrash germânico que tanto o caracterizou. A próxima música “Phobia”, essa a mais conhecida do álbum, talvez seja a que mais remete a banda ao passado, tanto que é executada nos shows até hoje.

“Forever” também apresenta um clima mais Thrash, porém soa um pouco previsível e até repetitivo, “Black Sunrise” apresenta as nítidas influências de Paradise Lost e Sentenced tão comentadas no inicio da matéria, música arrastada onde Mille canta de forma soturna e perturbada.

“Nonconformist” é uma boa música, apesar de que contém o mesmo clima repetitivo de “Forever”, novamente influências modernas podem ser constatadas em “Enemy Unseen” e “Outcast”.  “Stronger Than Before” tem um bom impacto de peso e chama a atenção de forma positiva, o mesmo não acontece com “Ruin of Life” e “Whatever It May Take”, a primeira soa moderna em demasia e a segunda apresenta muitos elementos de música alternativa, talvez  buscando uma maior exposição comercial. “Alive Again” e “Against The Rest” também se mostram interessantes positivamente, e “A Better Tomorrow” encerra o álbum.

‘Outcast’ pode até ser considerado um bom álbum, desde que a audição do mesmo seja realizada respeitando o direcionamento que a banda tomava naquele momento, porém não deixa de ser estranho um verdadeiro gigante do Thrash Metal soar como uma banda Gótica. Em 2001 o Kreator retornaria ao seu trono após o lançamento do ótimo ‘Violent Revolution’, porém antes desse retorno triunfal as experiências góticas de Mille teriam um novo capitulo com o ainda mais polemico ‘Endorama’, no entanto as discussões sobre o mesmo ficam para uma próxima oportunidade.

Formação:
Mille Petrozza (guitarra e vocal);
Tommy Vertelli (guitarra);
Christian Giesler (baixo);
Jurgen “Ventor” Reil (bateria)

Músicas:
01. Leave The World Behind
02. Phobia
03. Forever
04. Black Sunrise
05. Nonconformist
06. Enemy Unseen
07. Outcast
08. Stronger Than Before
09. Ruin of Life
10. Whatever It May Take
11. Alive Again
12. Against The Rest
13. A Better Tomorrow

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