Roadie Metal Cronologia: Gojira – The Way of All Flesh (2008)

Nos dias de hoje, nesse mundo onde a internet conecta todos os cantos do planeta em tempo real, talvez minhas palavras possam não fazer sentido aos mais jovens, mas até o final dos anos 80, a cena francesa era bem doméstica, sem produtos de exportação em grande escala. O finado TRUST é lembrado pelo cover do ANTHRAX para “Antisocial”. Nos anos 90, em um eco da SWOBM (a Segunda Onda do Black Metal) na Noruega, na Grécia e na Suécia, a LLN (Les Légions Noires – As Legiões Negras) surgiu e o mundo conheceu nomes cultuados nos porões do underground do gênero, como MÜTIILATION, TORGEIST e VLAD TEPES. Mas apenas no final dos anos 90, com a popularização da internet que bandas como LOUDBLAST começaram a ganhar maior reconhecimento fora do continente europeu. Mas sejamos francos: o nome mais forte do cenário francês de Metal como um todo é mesmo do quarteto GOJIRA, de Bayonne. Suas turnês de sucesso ao lado de nomes como LAMB OF GOD, BEHEMOTH, CANNIBAL CORPSE, CHILDREN OF BODOM, e principalmente, METALLICA, os levaram a ter maior projeção no meio. Por isso, é preciso ter em mente que “The Way of All Flesh”, quarto disco deles, os levaria a outro patamar.

A verdade é: o GOJIRA mostra-se uma banda ousada, capaz de explorar as muitas faces de seu Progressive Death Metal repleto de toques de Groove Metal e Thrash Metal moderno. Além disso, são corajosos o suficiente para se imporem em um momento onde se proliferam clones dos anos 60, 70 e 80, sem medo de extremistas de tipo algum. E assim, todos que possuem gosto livre de regras conseguem gostar de algo criativo e bruto como eles fazem, sempre guiado por ótimas melodias e partes marcantes. No caso de “The Way of All Flesh”, ele nos apresenta algo mais sombrio, duro e melancólico sob o alinhavo musical de seu estilo. A verdade é que o tema que permeia todo o disco é a morte, logo essa aura mais “down” caiu muito bem. Aliás, como cito acima, a música do grupo é multifacetada, logo estamos diante de mais uma.

Como o grupo já gozava de bastante prestígio e recursos, a produção do disco foi feita por Joe Duplantier (que também fez a capa do disco), enquanto a mixagem, masterização, e engenharia de som da bateria ficaram nas mãos do conhecido produtor americano Logan Mader (o mesmo que já trabalhou com CAVALERA CONSPIRACY, DEVILDRIVER, FEAR FACTORY, entre outros). A sonoridade de “The Way of All Flesh” ficou moderna, pesada e densa, mas bem delineada, com timbres instrumentais bem escolhidos. Óbvio que não temos do que reclamar em termos de sonoridade.

O GOJIRA é uma banda ousada, e desde que começou a despontar para o grande público, nunca tiveram medo de fazer as coisas ao jeito deles. E para fãs de Metal moderno que pouco se importam com rótulos, “The Way of All Flesh” é um disco fabuloso, cheio de muitas camadas musicais interessantes.

Destaques? O disco inteiro é matador!

Mas por mera conveniência que temos em resenhas, destaco a técnica abrasiva de “Oroborus” (a dinâmica rítmica é bastante variada, mas sem tornar a canção de difícil assimilação aos sentidos), as partes intrincadas e dissonantes de “Toxic Garbage Island” (como baixo e bacteria nos proporcionam um massacre incessante de peso), o massacre denso e lento imposto em “Yama’s Messengers” (o ritmo mais cadenciado gruda nos ouvidos, além de percebermos arranjos muito bem feitos nas guitarras), a insanidade cheia de ritmos quebrados “Adoration for None” (onde se tem a participação especial de Randy Blythe, do LAMB OF GOD, nos vocais), a pegada grooveada e abrasiva de “The Art of Dying”, o mix entre velocidade e boas melodias melancólicas de “Esoteric Surgery”, e a esporrenta “The Way of All Flesh”. Se vocês esperarem essa última acabar, após algum tempo de silêncio, vem uma instrumental criada em cima de efeitos.

O GOJIRA é uma banda que merece ir longe e alcançar o Olimpo do Metal, pois representa o que há de bom nos novos tempos do estilo.

Formação:
Joe Duplantier – vocal, guitarra
Christian Andreu – guitarra
Jean-Michel Labadie – baixo
Mario Duplantier – bateria

Faixas:
01. Oroborus
02. Toxic Garbage Island
03. A Sight to Behold
04. Yama’s Messengers
05. The Silver Cord (instrumental)
06. All the Tears
07. Adoration for None
08. The Art of Dying
09. Esoteric Surgery
10. Vacuity
11. Wolf Down the Earth
12. The Way of All Flesh

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