Roadie Metal Cronologia: Asia – Astra (1985)

O final dos anos 70 foi bastante duro para o rock progressivo. O gênero que tinha sido um dos protagonistas da década até então, sofreu um baque com a explosão do punk-rock em 1977. Viraram sinônimo da sonoridade que “estava enterrando o rock”, deixando-o pretensioso, arrogante e chato, como bradava os seus detratores. Vários novos sons invadiam o cenário mediante essa perspectiva da simplicidade nos anos 80, como a new-wave, sinth-pop e o pós-punk. A exemplo do heavy-metal, promovendo uma invasão britânica que aproveitou o gás trazido mediante essa perspectiva, para adentrarr o mercado americano. Paralelamente, as rádios FM se expandiam, e o hype propôs uma sonoridade mais acessível e simultaneamente com qualidade diferenciada para invadir suas programações.

AOR: adult oriented rock! Os músicos da cena progressiva encontraram seu nicho e tiveram que se reinventar… O advento dos sintetizadores em destaque, com fortes ganchos melódicos, refrões grudentos, produção pasteurizada e belas harmonias vocais, em canções radiofônicas de no máximo 4 minutos, foi o novo desafio de sobrevivência para os virtuosos músicos “órfãos” naquele momento. E assim tivemos a explosão de Journey, Kansas, Toto, Survivor, Foreigner, Styx, Boston, entre outros. Nessa motivação, surgia o supergrupo Asia, talvez um dos mais bem sucedidos mediante essa alcunha.

John Wetton no baixo e vocal (King Crimson), o guitarrista Steve Howe (YES), Geoff Downes nos teclados (The Buglles, YES) e Carl Palmer (Emerson, Lake & Palmer). A expectativa era MUITA com o “dream-team” montado e foi devidamente correspondida! O primeiro álbum da banda, “Asia” (1982), teve grande sucesso comercial, permanecendo por nove semanas no primeiro lugar das paradas dos Estados Unidos. Impulsionado pelos mega-hits “Only Time Will Tell” e “Heat of the Moment”, tocadas incessantemente em eventos esportivos, promoveu uma turnê extremamente bem sucedida naquele país. Fora que adentrava a MTV com os videoclipes. Foi considerado pela Billboard o álbum do ano!

O segundo “Alpha” (1983), apesar de não ter a mesma explosão comercial, também foi bem e ajudou a consolidar o Asia no circuito americano. Mas o excesso de egos já estava implodindo o grupo britânico, quase um praxe em se tratando de ascensão no show buziness. Wetton foi demitido em setembro de 1983 e substituído por Greg Lake (Emerson, Lake & Palmer) para participar de um festival no Japão. Dois meses depois, Lake pede para sair e John só aceita voltar, se Steve Howe fosse mandado embora. Complicado… Mas assim foi feito, e o substituto foi o guitarrista da banda de hard/metal suíça Krokus, Mandy Meyer. A mudança trouxe uma sonoridade um pouco mais pesada no álbum “Astra” (1985), que verte para um som rock mais ousado e ligeiramente arena.

Possivelmente a expectativa decorrente dos dois álbuns anteriores, teria contribuído para o resultado tímido de “Astra”, sendo bastante subestimado por público e crítica. A leve mudança de direcionamento sonoro pode ter sido preponderante nesse resultado. Apesar da maioria das músicas ter sido composta por Wetton e Geoff Downes, a marca de Meyer se faz presente, como vemos na bela abertura “Go” (primeiro single). A levada hard rock torna esse petardo com ares de hino, ainda mais contagiante! Assim como a grudenta balada “Voice of America”, o peso na “medida certa” em sintonia com os belos vocais e arranjo de piano primoroso, resultam em momento singular. Aliás, é tão rica instrumentalmente apesar do “padrão FM”, que poderia estar em qualquer álbum das ex-bandas dos integrantes nos anos 70.

O “apelo as arenas” se faz imponente na vibrante “Hard on Me”, impressionante não ter sido trabalhada melhor comercialmente. Mais uma ponte com o passado progressivo na belíssima “Wishing”, outra canção que poderia ter feito bonito nas rádios e MTV. Assim como “Countdown to Zero’, com sua cara de “trilha-sonora de filme sci-fi”, aliando riff pesado as “tecladeiras futuristas”, mais uma excelente música. Myers “solta os bichos”, no curto mas belíssimo solo. Deveria TAMBÉM ter sido um clássico! A introdução erudita da balada “Love Now Till Eternity”, dá o tom de mais uma composição que soa simples, mas tem excelente trabalho instrumental executado. Muito bonita e envolvente! Também poderia… Não, CHEGA DE NOS REPETIR, vocês já entenderam que o disco foi mal trabalhado e PRONTO!

Aliás, “Too Late” foi o segundo single a ser divulgado, e apesar do carinho dos fãs, merecia mais que um número 30 na Bilboard. Outra premissa bastante inspirada do Asia! O acento pop é mais forte aqui do que no restante de “Astra”. “Suspicion” repleta de camadas soturnas e épicas, mantém o alto nível até então. Tem as passagens mais progressivas de todo o trabalho. Myers não economiza no peso! “After of the War” tem a mesma vibe, peso com quebras incríveis de andamento para um tom mais singelo. Maravilha!

“Rock And Roll Dream” (até deixamos por último!), com participação da Royal Philharmonic Orchestra, se dá de forma sublime, pois mais um HINO é concebido! Aqui o progressivo se torna mais incisivo, remetendo bastante aos primeiros trabalhos do Genesis na seara pop, como “Duke” por exemplo. Uma daquelas canções que grudam imediatamente na memória, arrancam um sorriso do rosto e aumenta a adrenalina do corpo! Resultado sensacional, condizente com a versatilidade apresentada em todo o disco.

Os problemas internos não impediram a excelência sonora que foi concebida. Mas para piorar, a banda entrou em rota de colisão com a gravadora. De acordo com Downes, a Geffen não promoveu “Astra” tanto quanto poderia, em parte porque estava mudando sua distribuição na Europa. Sem o apoio da gravadora, juntamente com a falta geral de interesse público, o álbum teve um desempenho comercial ruim INJUSTAMENTE, porque é um belíssimo trabalho. Uma pena… Merece ser redescoberto, antes tarde do que nunca!

Asia – Astra (1982)
Data de lançamento: 30/11/1985
Gravadora: Geffen Records

Tracklist:
01. Go
02. Voice to America
03. Hard on Me
04. Wishing
05. Rock And Roll Dream
06. Countdown to Zero
07. Love Now Till Eternity
08. Too Late
09. Suspicion
10. After the War

FORMAÇÃO
John Welton – vocal, baixo, teclado
Mandy Meyer– guitarras, backing vocals
Carl Palmer – bateria, percussão
Geoffrey Downes – teclado, backing vocals

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