Em 2000, o Armored Saint era uma banda que estava fora do meu radar. Não tinha tido contato com toda sua discografia pregressa, mas curti tudo que chegou até minhas mãos. O hiato da passagem de Bush pelo Anthrax também não chegou a me afetar. Houve boas coisas, mas eu estou naquele grupo que acha que ali é a casa do Belladonna, da mesma forma que o Armored é a casa de Bush.
Portanto, quando “Revelation” surgiu nas prateleiras das lojas, em versão nacional, minha curiosidade foi atraída por aquela novidade. O retorno da banda, uma capa linda e chamativa e um preço acessível. Além do que, embora isso não seja uma regra, retornos costumam ter sabores apurados.
A regra, nesse caso, se fez valer, e “Revelation” mostrou-se um excelente álbum, digno do legado de uma banda por vezes subestimada, que deveria ocupar um status maior do que aquele que possui atualmente. Exclua de seu pensamento as bandas Hard, Thrash ou voltadas para temas épicos e verá que – quando buscamos o Metal Tradicional em aspectos mais puros – o Armored Saint estará entre os nomes mais representativos nos Estados Unidos.
“Revelation” nasceu dentro de um intervalo do Anthrax e, por muito tempo, foi uma espécie de ponto final na discografia da banda. Hoje, ele é a intermediação entre os períodos de inatividade dos Saints, mas seu resultado artístico ainda é bem superior aos obtidos nos trabalhos mais recentes. A gravadora Metal Blade tem se mostrado um porto seguro para o quinteto e a única mudança de formação, em trinta e seis anos de existência, foi a entrada do guitarrista Jeff Duncan no lugar do falecido David Pritchard. Foi esse o time que, logo na faixa de abertura, “Pay Dirt”, mostrou que estava com fome de jogo e nos entregou uma música com riffs priestianos acelerados e pesados.
A voz de Bush é alta, áspera e possui aquele leve tom de deboche de quem não parece fazer o mínimo esforço para soar tão carismático. Esse tipo de performance irá ser replicado na faixa “What´s Your Pleasure”.
A edição em CD contém a música “No Me Digas” como faixa bônus, contendo um toque de faroeste italiano em sua melodia. As demais são exemplos de músicas sólidas e fortes, das quais a minha preferida é “Den Of Thieves” e suas melodias grandiosas e emotivas. “After Me, The Flood” e “Tension” possuem refrões marcantes, enquanto que “Upon My Departure” e “Damaged” apresentam ares das novas gerações do período, lembrando um pouco de Alice In Chains, principalmente esta última. “The Pillar”, “Creepy Feelings” e “Deep Rooted Anger” destacam-se pelo andamento seguro, amparadas pela coesão gerada a partir da fusão das guitarras de Duncan e Phil Sandoval. O irmão deste último, o baterista Gonzo Sandoval, mantém o ritmo constante, tendo a seu favor o privilégio de contar com a parceria de um dos melhores baixistas de Metal em atividade, o magnífico Joey Vera.
O bom resultado do álbum foi fruto do reencontro entre as partes que o criaram, mas o mesmo sentimento de reencontro foi refletido na reação dos fãs ao terem sua banda estimada de volta. Não se afaste de novo, Armored Saint. Fique conosco, pois sua companhia é estimada e sempre nos faz bem.
Formação:
John Bush – vocal
Jeff Duncan – guitarra
Phil Sandoval – guitarra
Joey Vera – baixo
Gonzo Sandoval – bateria
Músicas:
01. Pay Dirt
02. The Pillar
03. After Me, The Flood
04. Tension
05. Creepy Feelings
06. Damaged
07. Den of Thieves
08. Control Issues
09. No Me Digas
10. Deep Rooted Anger
11. What’s Your Pleasure
12. Upon My Departure