O Anthrax, ainda nos anos 80, impusera a si mesmo um nível de qualidade bem alto, e isso todos concordam. Seguindo o padrão das bandas de Thrash Metal norte-americanas, o primeiro disco teve uma gravação rala, o segundo já deu um “up” (tendo em vista que a banda já começava a despertar o interesse das grandes gravadoras da época), e chegou ao sucesso com “Among The Living” (seu disco mais icônico). Então, seria de se esperar que o sucessor deste último teria que manter o nível de qualidade.
Bem, verdade seja dita: “State of Euphoria” é um discão, embora não consiga igualar seu antecessor.
Podemos dizer que “State of Euphoria” seria, musicalmente falando, o sucessor de “Among The Living”, ainda mostrando a mesma musicalidade alucinante, com vocais melodiosos, guitarras faiscando riffs memoráveis e solos de primeira, e uma artilharia rítmica insana e inesquecível. Mas se sente que a banda está com a fórmula um pouco desgastada. Faltam o brilho pessoal, aquele toque a mais que músicas como “Indians” e “Caught In A Mosh”, que está ausente por aqui.
Talvez a diferença já comece na produção.
Produzindo, temos Mark Dodson (que já havia trabalhado com Accept e Metal Church), que ainda fez a mixagem do disco, tendo como produtor associado o conhecido Alex Perialas (que ainda fez parte da engenharia de som), mais a masterização de Greg Calbi. Em termos de sonorização, não há o que reclamar, pois o impacto sonoro do grupo continua de primeira, ainda agressivo e intenso, mas deixando espaço para as melodias características do quinteto.
Talvez a diferença seja mesmo o desgaste de tour-gravação-tour, pois se sente que o grupo não estava inspirado como sempre. Mas isso não quer dizer o disco seja ruim, longe disso, pois temos alguns dos clássicos do grupo aqui.
Não tem como dizer que músicas como a matadora e intensa “Be All, End All” (com um refrão de primeira, fora um trabalho ótimo de Charlie nos bumbos e de Frank no baixo), a brutalidade opressiva da veloz e melodiosa “Make Me Laugh” (onde Scott e Dan criam um trabalho de guitarras insano), o cover de “Antisocial”, da banda francesa Trust (que para quem não sabe, é de onde veio Nicko McBrain para o Iron Maiden, e para onde Clive Burr foi após sair do mesmo), onde o refrão é outro diferencial, e onde Joey mostra como é versátil sejam ruins, longe disso, são verdadeiros hinos da banda. Mas ainda há espaço para destacar a icônica “Who Cares Wins” que tem um início sinistro, mas logo explode em agressividade e certo toque de HC, mas com um refrão marcante (talvez isso venha do tema tratado, onde se fala dos sem-teto dos EUA), e a rasgada e bruta “Finalé”.
Vamos dizer assim: se “State of Euphoria” não é o melhor que o quinteto de Nova York pode fazer, ainda tem o lado divertido da banda bem evidente, e é bem melhor que seu sucessor, “Persistence of Time, que por mais que a crítica especializada tenha recebido bem, foi duro para muitos fãs engolir seu conteúdo mais sério e introspectivo.
Formação:
Joey Belladonna (vocal);
Scott Ian (guitarra);
Dan Spitz (guitarra);
Frank Bello (baixo);
Charlie Benante (bateria).
Faixa:
01 – Be All, End All
02 – Out of Sight, Out of Mind
03 – Make Me Laugh
04 – Antisocial (Trust Cover)
05 – Who Cares Wins
06 – Now It’s Dark
07 – Schism
08 – Misery Loves Company
09 – 13
10 – Finalé