Poucas bandas na história do Rock podem sonhar com o status e respeito do quinteto australiano AC/DC. É uma das bandas mais seminais do gênero, uma usina de energia que influenciou e ainda influencia as gerações. Mas o que poucos sabem é que estes sacanas do Rock’n’Roll cortaram um dobrado em muitos pontos. Até conseguirem lançar seu primeiro disco, “High Voltage”, digamos que não foi um mar de rosas.
Trocas de formação até chegarem à uma mais consistente e do jeito que queriam os irmãos Young (que nem são australianos, mas escoceses que migraram para a terra das aranhas e bichos venenosos), muita ralação no circuito de clubes… Tudo pareceu sempre conspirar contra o quinteto. Mas mesmo assim, na marra (outra característica do grupo na época: a garra e teimosia na busca pelo sucesso), eles lançam seu primeiro disco que foi primeiramente distribuído somente na Austrália, e depois relançado pela Atlantic Records com músicas de “T.N.T.”. E é esta versão que fez relativo sucesso fora do país natal do grupo, já que a primeira versão, verdade seja dita, está muito aquém do que o grupo poderia render.
Em ambas as versões, George Young fez a produção (bem como gravou partes de baixo, guitarra base e backing vocals) junto com Harry Vanda. Não é nada primorosa como o quinteto faria futuramente, mas é a qualidade que o AC/DC gosta: suja, sem firulas ou refinamento, permitindo que sua música surja de forma natural. A arte é diferente, pois a primeira versão é simples, e da Atlantic já explora a figura icônica de Angus, agarrado em um relâmpago.
Ao lado do MOTORHEAD, podemos dizer que os australianos são o pináculo do Rock’n’Roll sujo e direto, com uma crueza visceral. E nenhuma das canções é complexa, sendo suas maiores forças os vocais irônicos e quase eróticos do saudoso Bon Scott (chamado de “velho” na banda por ser o mais velho e experiente dos cinco), a dureza constante e força da base rítmica (baixo e bateria apenas seguram o ritmo, nada mais, mas dão solidez ao som do grupo), além das bases de Malcolm e solos de Angus. E sobre eles, nada é preciso dizer.
Na versão original, sendo bem sincero: pouca coisa ali realmente é de interesse, já que depois de tantos anos, fica difícil associar o disco à banda. Podemos dizer que se salvam “She’s Got Balls” e “Soul Stripper”, pois o grupo ainda poderia fazer muito melhor. Mas mesmo assim, esse disco vendeu muito na Austrália. O fato interessante é ver que Malcolm fez alguns solos nesse disco.
Agora, a versão internacional da Atlantic é outro nível: já existem clássicos eternos mostrados aqui. É impossível não se render a canções como “It’s a Long Way to the Top (If You Wanna Rock ‘n’ Roll)” (uma quase autobiografia de Bon), “The Jack”, as clássicas “Live Wire” e “T.N.T.” (que já foi coverizada mais vezes que consigo lembrar), e a destruidora “High Voltage”.
Óbvio que alguns fãs mais fanáticos podem não concordar, mas “High Voltage” é um disco muito bom, mas ainda assim, longe do que a banda produziria nos clássicos “Let There Be Rock”, “Highway to Hell” e “Back in Black”.
Formação:
Bon Scott (vocais);
Angus Young (guitarra solo);
Malcolm Young (guitarra base);
Mark Evans (baixo na versão internacional);
Phill Rudd (bateria na versão internacional);
Rob Bailey (baixo na versão original);
Peter Clack (bateria em “Baby, Please Don’t Go” da versão original);
Tony Currenti (bateria no restante da versão original).
Faixas:
Versão original:
01 – Baby, Please Don’t Go
02 – She’s Got Balls
03 – Little Lover
04 – Stick Around
05 – Soul Stripper
06 – You Ain’t Got A Hold on Me
07 – Love Song
08 – Show Business
Versão internacional:
01 – It’s A Long Way To The Top (If You Wanna Rock ‘n’ Roll)
02 – Rock ‘n’ Roll Singer
03 – The Jack
04 – Live Wire
05 – T.N.T.
06 – Can I Sit Next To You Girl?
07 – Little Lover
08 – She’s Got Balls
09 – High Voltage
