Possivelmente 1980 tenha sido um dos anos mais frutíferos na historia do Rock pesado, visto que a quantidade e qualidade de lançamentos naquele já distante ano foram gigantescas, podendo se afirmar tranquilamente que 1980 seria o ano em que o rock pesado definitivamente voltaria ao topo.
A diversidade nos lançamentos também seria outro ponto de destaque, pois haviam bandas já consagradas que passavam pela prova de fogo de lançar um novo álbum com um novo vocalista, vide Black Sabbath e AC/DC que lançavam “Heaven in Hell” e “Back in Black” respectivamente, como também haviam bandas que atravessavam momentos mágicos em suas carreiras e lançavam naquele ano verdadeiras obras primas para colocar para sempre seu nome na historia da música pesada, tais como o Judas Priest com “British Steel”, Motorhead com “Aces of Spades”, Rush com “Permanent Waves” e Van Halen com “Woman and Children First”, não podemos esquecer de citar nomes como Whitesnake, Scorpions, Thin Lizzy, UFO, Saxon, Queen, Thiumph entre alguns outros que também lançariam bons álbuns.
E para finalizar esse assunto haviam bandas que estavam fazendo sua estreia em disco, mas nem por isso ficavam para trás em termos de qualidade, tal como Ozzy Osbourne que fazia sua estreia em carreira solo com o espetacular “Blizzard of Ozzy” e apresentava ao mundo o guitarrista Randy Roads, e não há como não mencionar a explosão do movimento que ficaria conhecido como NWOBHM e que nos daria tantos clássicos e que naquele ano de 1980 apresentaria ao mundo o Iron Maiden, que lançava seu primeiro álbum autointitulado, além de Angel Witch, Def Leppard e Tygers of Pan Tang, que assim como o Maiden, também faziam sua estreia no mercado musical.
A imensa quantidade de lançamentos no mágico ano de 1980 talvez possa servir de justificativa para que “I’m a Rebel”, o segundo álbum do alemão Accept, passasse tão despercebido, pois até mesmo o próprio vocalista Udo Dirkschneider chegou a dizer anos mais tarde que “I’m a Rebel” teve pouca inspiração, e com exceção da faixa-título, nenhum outro tema do álbum chamou a atenção.
Em minha opinião “I’m a Rebel” está longe de ser um disco pouco inspirado, mas também tenho que admitir que o mesmo esteja um nível abaixo de discos como “Balls To The Wall”, “Metal Heart”, “Russian Roulette”, ou até mesmo “Blood of The Nations”, discos inquestionáveis e verdadeiras obras primas da música pesada.
Abrindo o disco com a já mencionada “I’m a Rebel”, música essa composta por Alex Young irmão mais velho da dupla Angus e Malcolm do AC/DC, que chegaria a gravar o tema em 1976, porém nunca o lançaria, a faixa tem uma pegada bem Rock ’n’ Roll e difere bastante do Hard/Heavy característico que marcaria tanto a banda anos mais tarde. “Save Us” é bem interessante e apresenta alguma similaridade com o também alemão Scorpions.
E a semelhança com o compatriota Scorpions não fica somente em “Save Us”, pois nas baladas “No Time To Lose” e principalmente “The King” não há como não nos remeter à banda que é considerada uma máquina para compor tais temas. Em “Thunder and Lighting” e “China Lady” o destaque é para as guitarras e para os fortes refrãos, marcas muito características no histórico da banda. “I Wanna Be No Hero” chega a ter uma veia um pouco dançante e isso talvez possa ter sido influência do furacão da disco music, estilo que havia prejudicado consideravelmente o Rock no final os anos setenta.
O álbum se encerra com “Do It”, música com destaque para os já marcantes vocais de Udo Dirkshneider, vocal esse tão característico que o marcaria como uma das maiores e mais carismáticas vozes do Heavy Metal, com pouco mais de trinta minutos e, como comentado no inicio, “I’m a Rebel” está um pouco abaixo dos clássicos dessa verdadeira instituição do Heavy Metal, que considero junto com Judas Priest e Rainbow o alicerce fundamental do que anos mais tarde ficaria conhecido como Power Metal, mas “I’m a Rebel” está longe de ser um álbum pouco inspirado, mas que talvez carregue o peso de ter sido lançado em um ano magistral e inesquecível para o Rock pesado.
Formação:
Udo Dirkshneider – vocal
Wolf Hoffmann – guitarra
Jorg Fischer – guitarra
Peter Baltes – baixo
Stefan Kaufmann – bateria
Faixas:
01. I’m a Rebel
02. Save Us
03. No Time To Lose
04. Thunder and Lighting
05. China Lady
06. I Wanna Be No Hero
07. The King
08. Do It