Riff é uma palavra que não conta com significado ou tradução literária, mas para quem é músico ou no mínimo fã de música, entende perfeitamente o que esse monossílabo representa. Na maioria das vezes, é o responsável por prender a pessoa à música que gosta, ele também possibilita a criação de diferentes releituras a essa mesma música, mas o riff principal é a parte “radical” da melodia, ou seja, ele nunca é alterado em releitura alguma. É a partir desse ponto que se pode transformar o Rock em vários outros estilos ou vice-versa, como por exemplo: Pop, Música Clássica, Jazz, Rap ou o que sua imaginação permitir.

Na prática, o riff é uma sequência de notas que resulta em acordes que vão servir de base ou dar aquele ‘punch’ necessário para que a música seja percebida. Não precisa ser algo complexo, um dos riffs mais famosos de Rock é exatamente curto, simples e até uma criança de menos de dez anos de idade, pode aprendê-lo em poucas horas, sim, me refiro ao riff inicial de “Smoke On The Water” do Deep Purple. “Ian Paice (baterista) e eu sempre costumávamos tocar juntos, somente nós dois. Foi um riff natural para tocar na hora. Foi a primeira coisa que veio a minha cabeça durante aquela sessão”, relembra o guitarrista Ritchie Blackmore, sobre como surgiu o riff de “Smoke On The Water” presente no álbum “Machine Head” (1972).  Mas não é apenas na guitarra que um riff sensacional pode ser extraído, há situações em que a música é puxada pelo baixo, como no caso de “Last Train To London” do álbum “Discovery” (1979) da Electric Light Orchestra, a exemplo também de “New Year’s Day” do álbum “War” (1983) do U2 –, aliás, essa banda irlandesa tem uma música conduzida pela bateria no mesmo álbum, se você não recorda, escute novamente “Sunday Bloody Sunday”.

É muito comum encontrarmos riffs de teclado. Bandas como Emerson, Lake & Palmer, Yes, Pink Floyd e Genesis que o digam, mas longe dessa esfera “progressiva”, também se destacam bandas de Hard Rock A.O.R. que tarimbaram os anos 80, como o Europe e sua icônica “The Final Countdown”, do álbum homônimo que neste mês de maio completa trinta anos. Estes são casos clássicos do Rock, mas claro, um riff por fazer parte da linguagem universal da música, pode ser composto em instrumentos de diversas culturas, até mesmo pela voz, e não é aquele caso onde o músico tem uma ideia em qualquer lugar e grava-a cantarolando no celular, existe canções imortalizadas com riffs guiados pelas cordas vocais. Quem é fã de Soul, Jazz e clássicos do Gospel está habituado a ouvir coisas assim. Alguém aí deve lembrar de “Louie Louie”, música que muitos Headbangers conheceram através do ‘single’ lançado pelo Motörhead em 1978 e que segundo James Dio, é a “melhor canção já composta” que agrada até “cães e gatos”. Pois bem, ela teve seu famoso riff composto e executado primeiramente pelos corais de Richard Berry And The Pharaohs em 1957, depois em 1961 foi adaptado para o saxofone de Rockin’ Robin Roberts & The Wailers, em 1963 encaixado ao piano de The Kingsmen. Otis Redding foi o primeiro artista a interpretá-lo com guitarra em 1964, mas uma das versões mais famosas foi feita pelo irreverente Iggy Pop em seu álbum “American Caesar” (1993).

Nem todo mundo consegue agrupar suas ideias de modo que lhe sirvam para o futuro, o guitarrista Tony Iommi, por exemplo, conhecido por centenas de riffs compostos para o Black Sabbath, vive carreira de músico há 52 anos e ainda hoje não dispõe de um bom método para isso. “Eu tenho um armário cheio de riffs, mas raramente recorro a eles, para ser honesto. Eu sempre penso, ‘Bem, eu vou guardar isso e depois vou usar’, mas quando chega a hora de fazer algo, eu sempre apareço com algo novo”, disse ao jornal norte-americano SF Weekly, e continua, “Eu tenho que sentir por mim mesmo. Vem de dentro. Você faz um riff e então pensa, ‘sim, eu gosto disso, eu quero ouvir isto de novo’.” Para o pai do Heavy Metal, criar riffs parece ser coisa simples, tão simples quanto é para nós fãs admirar o que ele faz. Não interessa que tipo de música você ouve, que tipo de movimento musical/ideológico você siga, tudo que escutar envolvendo o conjunto ritmo, harmonia e melodia será guiado por um riff, portanto acima de tudo, viva a música e sua beleza!

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