Algumas bandas se negam a parar. Isso, muitas vezes, acaba resultando em trabalhos ruins, longe do que a banda pode ter rendido antes. Outras, pelo contrário, parecem continuar rendendo bem, mantendo o nível, muitas vezes sabendo se renovar. E um dos nomes que mais se mostra firme na estrada, e sempre mantendo um bom nível de criatividade é o do famigerado quarteto californiano W.A.S.P., hoje mais maduro e forte, como podemos confirmar ao ouvir “Dominator”, disco de 2007 que a Shinigami Records acaba de pôr nas lojas no Brasil.
É preciso dizer que “Dominator” ostenta aquela mistura equilibrada dos aspectos Hard Rock do início da carreira com um peso instrumental muito bom que vem do Heavy Metal tradicional, ótimos refrões, tudo certo e meticulosamente encaixado, mas sem que soe algo forçado. Óbvio que os vocais estão em tons um pouco mais baixos que antigamente, mas são perfeitos para o que a banda faz no disco; as guitarras estão ótimas, com bases bem feitas e solos inspirados; e a base rítmica da banda está muito bem, com peso e boas conduções de ritmo.
A produção é assinada pelo próprio Blackie Lawless, como tem sido desde o início (exceto por “W.A.S.P.” e “The Last Command”). Óbvio que a sonoridade é de alto nível, os timbres de cada instrumento foram bem escolhidos, e tudo se encaixa bem com a proposta sonora do grupo. A arte de Julia Lewis e Sandra Evans é excelente, quase que um manifesto contra a política militarista dos E.U.A. em certas questões.
Nas nove canções de “Dominator”, se percebe logo de cara que o W.A.S.P. se mantém fiel às raízes de seu estilo, algo que notadamente impera desde “The Crimson Idol”, quando o refinamento musical e um peso enorme foram se aglutinando ao trabalho musical da banda. Se o ouvinte for fã exclusivamente do segundo e terceiro disco, não creio que se decepcionará, embora leve um enorme susto; aos já acostumados, não creio que cause dissabores.
Como uma banda de raízes mais antigas, o quarteto aposta as fichas em 9 composições bem inspiradas.
Mercy: Uma música que mixa bem os aspectos Hard e Heavy que o grupo faz, com uma levada não tão veloz, mas cheia de energia e com um ótimo refrão. As guitarras estão com ótimos riffs, além do vocal do velho Blackie ainda estar muito bem.
Long, Long Way To Go: Os elementos não diferem muito de “Mercy”, exceto por uma levada mais ganchuda, além de apresentar um trabalho de baixo e bateria muito bom. E um belo solo de guitarra adorna a música.
Take Me Up: Uma vibração mais à lá Hard ‘n’ Heavy anos 80 permeia esta canção, e embora tenha uma levada um pouco mais macia e melodiosa, é envolvente, e os vocais encaixam muito bem sobre a base instrumental.
The Burning Man: Um dos grandes momentos do disco. Uma música envolvente, ganchuda, com arranjos ótimos das guitarras. E observem bem o refrão, os corais e a estrutura harmônica como um todo: não é nada tecnicamente complexo, mas bem feito.
Heaven’s Hung In Black: Uma semi-balada bem arranjada, com um ótimo refrão mais pesado. Mas não chega a ser algo meloso, de forma alguma. O trabalho de guitarras está mais uma vez ótimo (reparem no solo), além de uma base rítmica vibrante.
Heaven’s Blessed: Cheia de energia, e com uma pegada um pouco mais Hard, envolvendo o ouvinte.
Teacher: Uma faixa cheia de energia Hard e do peso tradicional do Heavy Metal. E nisso, meus caros, o W.A.S.P. sabe o que faz, sempre com um trabalho ótimo de guitarras, além de um solo com certo toque de Rock ‘n’ Roll.
Heaven’s Hung In Black (Reprise): Aqui, temos uma canção onde o foco principal é a voz de Blackie, com belos teclados dando um fundo mais melancólico e introspectivo.
Deal With The Devil: Por ser a canção que fecha o CD, temos um caminhão Hard desgovernado descendo uma ladeira, bem grundento e envolvente. Novamente as guitarras se sobressaem, mas é ótimo ouvir também a base rítmica, que mostra peso e contundência absurdos. E nos solos, temos a participação especial de Darrell Roberts.
Óbvio que não podemos comparar o W.A.S.P. de hoje com o dos anos 80, nem com o de “The Crimson Idol” ou outro que seja. Se “Dominator” não chega a ser um clássico da banda. Tem seus méritos e, agora em versão nacional, merece a aquisição.
Download ilegal é para frutinhas…
Lista de faixas:
01 – Mercy
02 – Long, Long Way To Go
03 – Take Me Up
04 – The Burning Man
05 – Heaven’s Hung In Black
06 – Heaven’s Blessed
07 – Teacher
08 – Heaven’s Hung In Black (Reprise)
09 – Deal With The Devil
Formação:
Blackie Lawless (vocais, guitarras, teclados);
Doug Blair (guitarra solo);
Mike Duda (baixo, backing vocals);
Mike Dupke (bateria).
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