Todos aqueles que vivem o Metal sabem que existe muito mais envolvido no estilo do que apenas a fome feroz por uma sonoridade mais agressiva e poderosa. Pertencer ou gostar de Metal em qualquer uma de suas vertentes envolve histórias de vida, momentos, memórias, perdas, alegrias e infelizmente tristezas, porque além do estilo musical, álbuns e shows, existem pessoas reais, sejam elas fãs ou músicos, ou mesmo jornalistas, produtores, e tantos nomes envolvidos para que cada espetáculo aconteça.

Em muitos dias o Metal é feito de alegrias e sorrisos, a pura vibração de um público enérgico, hoje, embora, o Metal é lágrimas em várias partes do mundo. A perda de um dos nomes mais potentes e conhecidos do Metal Brasileiro, Andre Matos, faz toda uma grande família, porque é isso o que inevitavelmente todos nos tornamos, chorar e lamentar com a partida inesperada de um ícone de gerações, causando comoção e uma série de demonstrações de carinho para alguém que era mais do que o ídolo, mas amigo, a poderosa voz a frente de bandas como Viper, Shaman, Angra e tantas outras contribuições, participante ativo em tantos festivais e eventos que com certeza deixará muita saudade e um legado inquestionável. E hoje em homenagem a este titã do Metal eu abro o meu editor para um dos trabalhos mais belos deste talentoso músico, estamos falando de um grande projeto, pouco divulgado na minha opinião mas que para mim neste momento soa como uma despedida alocada no tempo errado.

Paradisum é o álbum de 2011 do supergrupo de Power metal Symfonia do qual Andre fez parte ao lado de outros poderosos nomes como Timo Tolkki(Stratovarius, Revolution Renaissance, Avantasia e Avalon), Jari Kainulainen(Masterplan, Stratovarius, Shadowquest, Stratovarius, Evergrey e Kotipelto), Mikko Härkin(Sonata Arctica, Wingdom, Random Eyes e Cain’s Offering) e Uli Kusch(Helloween, Gamma Ray e Masterplan).

Com integrantes de tanto talento individualmente seria possível que o trabalho funcionasse bem como uma equipe?
Há muitos céticos quanto ao fato de que Tolkki não estava apenas em um projeto com outras grandes personalidades, mas assumiu o papel de produtor. Direcionando cuidadosamente a direção do álbum, a influência de Tolkki é clara, mas isso não faz de Paradisum um álbum ruim. Às vezes tem que haver um capitão para concentrar as energias de um bando talentoso de marinheiros e Tolkki, sem dúvida, fez isso. E é claro que quando a notícia do supergrupo correu pelas mídias especializadas todos cruzamos os dedos pelo lançamento deste álbum.

Come By The Hills” será a primeira faixa que com certeza tomará a sua atenção e o flagrante sobre a influência finlandesa com uma estrutura que se assemelha muito as intercaladas linhas que são as favoritas do Stratovarius. “Santiago” apresenta o primeiro trabalho de guitarra neoclássico e espetacular de Tolkki como um membro do Symfonia, no final da música.
Tolkii pode ter o reinado livre no Symfonia, mas essencialmente seu caminho apaixonado levou a uma rota que não só mostrou alguns de seus melhores trabalhos desde seus dias de Stratovarius, mas também trouxe o melhor de Andre Matos. Ele não teve medo das notas altas, com sua incrível voz de falsete alcançando uma espetacular variedade para envernizar os sons épicos do teclado sinfônico e riffs concisos.

“Pilgrim Road” resume muito deste álbum, com um conjunto de riffs pesados ​​que são tão melódicos que quase brilham, enquanto em acompanhamento a faixa-título “In Paradisum” demonstra que Tolkki ainda pode chegar até você com a força total de um épico clássico lento. A faixa apresenta um coro sinfônico que poderia ser trilha sonora de um filme baseado em profecias de caos que eventualmente culminam, assim como é revelado que um herói desconhecido anteriormente tem que salvar Roma antes que ela queime e seja submetida a forças obscuras.

Parece épico certo? “Don’t Let Me Go” termina o que é um álbum totalmente brilhante e cheio de emoções com um dos trabalhos mais bonitos de Matos, desta vez sua voz contrastava com uma escuridão exuberante de teclas chélicas e serenas de Mikko Harkin. Tolkki pode ter a última palavra quando se trata de criar o som do Symfonia, mas sua direção é um componente essencial.
Polido, profundo e exagerado, isso pode ser demais para alguns. Mas se você aceitar que este é um supergrupo que estava preparado para dominar o campo do Power metal de uma forma limpa, tocando com suas forças conclusivas e preferir as sensibilidades do gênero a qualquer coisa radicalmente ambiciosa, então você está pronto para desfrutar de um excelente álbum e que agora se encaixa bem ao perfil deste ser incrível e talentoso músico que foi Andre Matos.

Alguns dizem que é impossível viver para sempre, mas enquanto obras tão significativas como esta puderem ser ouvidas os nossos ídolos se manteram vivos em cada apaixonado pelo Metal.
Muito obrigado Andre Matos por sua preciosa obra musical, pela pessoa carismática, gentil e educada que esta redatora teve o prazer de encontrar muitas vezes e pelo ser humano incrível que deixará saudades em familiares e amigos a quem nós da Roadie Metal prestamos condolências além de uma legião de fãs em todo o mundo.

Track listing

1- Fields of Avalon
2 – Come by the Hills
3 – Santiago
4 – Alayna
5 – Forevermore
6 – Pilgrim Road
7 – In Paradisum
8 – Rhapsody in Black
9 – I Walk in Neon
10 – Don’t Let Me Go
11.”I’ll Find My Way Home (Bônus encontrada na versão japonesa do álbum)

Membros da banda

Andre Matos – Vocal
Timo Tolkki – Guitarra, Produção e Mixagem
Jari Kainulainen – Baixo
Mikko Härkin – Teclado
Uli Kusch – Bateria

Point: 8/10
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