Surgida nos anos 90, o Scars assombrou o mundo Heavy Metal nacional na década de 2000 com 2 pesadíssimos lançamentos, o clássico EP “The Nether Hell” (2005) e o ótimo “Devilgod Alliance” (2008), ambas obras conceituais e com diversas mudanças no line up.

Após este último lançamento, a banda se separou de forma quase que inexplicável e sem fazer nenhum show de divulgação. Felizmente, após 10 anos da separação a banda se reuniu e renasceu de forma definitiva com Regis F. (vocal), Alex Zeraib e Edson Navarrette (guitarras), Marcelo Mitché (baixo) e João Gobo (bateria).

No ano de 2019, com essa formação gravaram o primeiro single lançado digitalmente chamado “Armageddon” e que fecha a trilogia com os 2 álbuns citados acima lançados na década anterior. Em “The Nether Hell” o conceito é sobre a obra “O Inferno” de Dante Alighieri, poeta italiano que viveu no século XIII; já “Devilgod Alliance” através de referências literárias clássicas, abordou a ruptura da aliança entre Deus e Lúcifer evidenciando a presença do mal na história da humanidade. Já a nova faixa, “Armageddon” conta a história de como o inferno foi criado e a queda de Lúcifer, após ser expulso dos céus.

Pouco tempo depois, e mais um single, “Silent Force” foi lançado ambos com a cara do Scars, mostrando ao mundo que eles estavam realmente de volta. Para a gravação de “Predatory”, Edson Naverrette foi substituído por Thiago Oliveira (Warrel Dane, Confessori) que gravou os todos os solos do trabalho.

“Predatory” não chega a ser um trabalho conceitual, porém a temática das letras é sobre o quão predador é o homem e sua matança desenfreada de animais, além da destruição de nosso mundo em todos os sentidos.

A faixa título abre o trabalho com forte inspiração nos alemães do Kreator, inclusive a semelhança do timbre de Regis com o de Mille Petrozza chama a atenção. “These Bloody Days” é a mais rápida de todas, aquela pancadaria que traz uma linha de baixo bem “na cara” do ouvinte. “Ancient Power” vai na mesma linha da faixa título e o baterista João Gobo mostra-se um músico de mão cheia, com viradas realmente originais e cativantes.

A excelente “Sad Darkness of the Soul”, com mais uma linha de baixo que levará ao delírio fãs do instrumento. A faixa consegue de forma brilhante alinhar cadência e peso com a pegada vocal de Regis e até os solos de Thiago Oliveira conseguiram dar à faixa aquele clima épico fazendo desta audição, um momento singular de “Predatory”.

A instrumental “The Unsung Requiem” é um refresco e quase um prelúdio para a nervosa “Ghostly Shadows” em que Regis arrebenta tudo o que vem pela frente, além do guitarrista Alex Zeraib que nos brinda com riffs categóricos (ouça o riff que se inicia por volta de 1:40s e maltrate seu pescoço!). Outra que merece destaque é “Violent Show” perfeita para o encerramento das apresentações ao vivo. Nela há de tudo um pouco do que é o Scars: Thrash puro, baixo nas alturas, riffs e uma linha de bateria que me lembrou o Exodus, do brilhante Tom Hunting.

Se tudo isso não bastasse, as duas faixas bônus já citadas, “Armageddon” e “Silent Force” fecham o trabalho com peso, velocidade fazendo o ouvinte implorar por mais, muito mais.

Definitivamente, a fase do Metal nacional não poderia ser melhor. A volta do Scars é um verdadeiro presente aos fãs do autêntico Thrash Metal. Os caras conseguem soar como os thrashers da Bay Area, e ao mesmo tempo, incoporam a violência do Thrash alemão de bandas como Kreator, por exemplo.

Ouça sem parcimônia! Scars, bem vindo de volta!

Scars – Predatory
Data de lançamento: 07 de agosto de 2020
Gravadora: Brutal Records / Sony Music Entertainment / Voice Music Gravadora

Tracklist
01 – Predatory
02 – These Bloody Days
03 – Ancient Power
04 – Sad Darkness of the Soul
05 – The Unsung Requiem
06 – Ghostly Shadows
07 – The 72 Faces of God
08 – Beyond the Valley of Despair
09 – Violent Show
10 – Armageddon (bônus)
11 – Silent Force (bonus)


Formação
Regis F. – vocal
Alex Zeraib – guitarras
Thiago Oliveira – guitarras
Marcelo Mitché – baixo
João Gobo – bateria

Scars – Predatory (2020)