Resenha: Necrofilia – God of Carnage (2017)

Mais uma vez Mato Grosso do Sul, sem que quase ninguém perceba se faz presente no metal underground. Campo Grande, conforme dito antes, possui uma silenciosa tradição musical ligada à música extrema. E nessa pegada que temos a banda de death metal God of Carnage, que recentemente lançou dois novos materiais, o EP Red Light e o single Necrofilia. Ambos lançados esse ano, e não tão distantes um do outro (e ambos já disponíveis para aquisição na página da banda, ou para audição nas mídias de streaming).

God of Carnage é uma banda que passou por diversas mudanças; de influência, de formação, um pouco de sonoridade, mas nunca perdeu sua devoção à música extrema, se tornando um dos nomes mais cotados no underground campo-grandense, e um dos nomes mais observados pelos de fãs música autoral pesada. Ao lado de bandas como Master Goat, Diabolical Hate e Fatal Beast construíram sua reputação consolidando seu espaço na música extrema da cidade, mesmo diante de dificuldades.

O primeiro registro de músicas autorais da banda, foi um bom começo bem consistente e bem enraizado nos moldes do death metal. As letras estão todas em inglês, e os temas variam de fatalismo, comportamento abusivo, perturbações tortuosas e distúrbios insanos. Contando com influências que vão de Celtic Frost, Death, além de nuances que lembram bastante o ar psicótico do doom tradicional. O segundo registro, no entanto, conta com músicas em português, abordando temas mais perturbadores incluindo uma das faixas ter sido baseada na história de um serial killer com hábitos muito semelhantes do Leatherface e Hannibal Lecter.

O single contém três faixas apenas, Necrofilia, Chico Picadinho e Extremidade ou Ritual, que totalizam 12 minutos e 15 segundos de pegada old school. Enquanto o instrumental lembre mais algo na pegada do Celtic Frost e talvez um pouco de Kataklysm – mais para fase dos anos 90 em diante – as letras são calcadas nas influências de Cannibal Corpse e Black Sabbath, no que diz respeito à contar histórias sombrias, que falam de temas perturbadores sem medo de causar incômodo a ouvintes desavisados. Os riffs e o andamento das músicas também mostram alguma influência de Sabbath, especialmente nas partes que ficam mais lentas e parecem flertar um pouco com doom metal tradicional.

Em Chico Picadinho temos a participação de Raihner Batista (da banda Diabolical Hate), que com seu vocal mais voltado para “blackened death” contrasta muito bem com o gutural lacerante de Herbert. O single, assim como o EP que o antecedeu, foi produzido no Cube Estúdio de maneira totalmente independente. Em apenas três faixas pode-se notar o comprometimento da banda em fazer um death metal de qualidade, transparecendo suas raízes clássicas. Em pouco mais de 10 minutos de execução, God of Carnage consegue lhe convencer ser parte integrante de um movimento incapaz de morrer, e que ainda possuem muita desgraça para delatarem no mundo.

O single não é cansativo de se ouvir, você se pegará facilmente o repetindo sem qualquer esforço. Em pouco tempo estará vociferando as letras junto, e bangeando sua cabeça como se quisesse derrubar seu pescoço. Com certeza vale a pena conferir.

TRACKLIST:
01. Necrofilia
02. Chico Picadinho (feat. Raihner Batista)
03. Extremidade ou Ritual

LINEUP:

Herbert Mesquita – vocal, guitarra
Higor Vinicius – baixo
Felipe Lourenço – batera

 

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