Ainda é possível se surpreender com o KoЯn? A resposta é sim! Depois de 12 álbuns os caras ainda conseguem lançar um puta trabalho. “The Nothing” veio com a promessa de ser um álbum bastante dark, após o vocalista Jonathan Davis passar por problemas particulares – pois é, o cara não tem descanso – que seriam diretamente refletidos nas letras do novo trabalho.
O álbum é a natural evolução dos dois anteriores, “The Paradigm Shift” (2013) e “The Serenity Of Suffering” (2016), com alguns elementos diferentes, nostálgicos e experimentais, nada assim tão escandaloso, mas mesmo assim estão lá.
As letras entregam o prometido, algumas tem tanto sofrimento que dá até agonia de ouvir, como no single “You’ll Never Find Me“, faixa fortíssima e bastante pesada, principalmente com a ponte e o final bastante nostálgicos, com Davis desabafando sua raiva ao microfone, algo que era bastante comum nos primeiros álbuns e em “KoЯn III: Remember Who You Are” (2010).
Falando nisso, a faixa de abertura, “The End Begins“, tem Davis com muito sofrimento em sua voz, algo que a banda sempre soube aproveitar para criar o clima tenso de sua música. E o que seria mais nostálgico em um álbum do KoЯn se não uma gaita de fole? Pois é, ela está aqui!
Algo que a banda também faz muito bem são os refrões, ás vezes bastante piegas e até um pouco comerciais como em “Cold“, “The Darkness Is Revealing“, “Idiosyncrasy” e “Can You Hear Me”, essas que são ótimas para shows grandes públicos. Não só os refrões como as pontes também são muito fortes e pegajosas, com o vocalista ecoando seus guturais mais agressivos ou criando uma atmosfera que vai crescendo até a explosão de peso que funciona muito bem para esse tipo de show.
Agora, faixas que esperamos ouvir em novos álbuns, sejam elas de qualquer banda, aquelas com um diferencial, uma elemento diferente, alguma surpresa legal, temos três aqui: “Finally Free“, “The Ringmaster” e “This Loss“. A primeira com Davis cantando de forma mais limpa, com um feeling impressionante, o refrão e sua ponte pesadíssima também merecem destaque. A segunda pode parecer normal para alguns, mas aos ouvidos mais atentos, podemos ouvir duas camadas de voz nos versos que fazem a diferença, além de um baita refrão.
Pra falar de “This Loss” preciso de um parágrafo. Sem dúvidas é a melhor faixa lançada pelo KoЯn em muitos anos. A melódia mescla o peso do Nü Metal da banda com alguns elementos industriais muito bons. Seu refrão melódico e pesado nos leva para uma ponte magnífica, algo que não me lembro de ouvir a banda fazer. Melhor faixa do álbum.
Ainda temos duas faixas que parecem ser mais uma sobra do projeto solo de Jonathan Davis, “The Seduction Of Indulgence” e a faixa de encerramento “Surrender To Failure“, mas que se encaixam na proposta do álbum pelas letras fortes, que falam, entre os assuntos, sobre estupro e fracasso.
Depois dos dois últimos álbuns term sido bem sólidos, não era difícil seguir a mesma linha e se manter em uma certa zona de conforto, mas o KoЯn não vive nessa zona e, mesmo que com poucos elementos diferentes a mais, conseguiu fazer uma excelente álbum.
A performance de todos os músicos é incrível. “Fieldy” é peça fundamental na banda, com todo o seu Groove que comanda grande parte das faixas. “Munky” e “Head” formam o casamento perfeito nas guitarras, e com a volta do segundo, a banda finalmente afastou toda aquela parafernália eletrônica dos anos sem ele. Ray Luzier é o cara nas baquetas, ouça o álbum de fone e preste atenção nos detalhes da bateria, o cara é espetacular – e pensar que alguns aí dizem que o cara “faz mais papel de percussionista do que de baterista, para poder se adequar à proposta sonora do grupo“, ridículo – fora isso, falar de Jonathan Davis é chover no molhado. O cara é um show a parte em sua performance, o melhor disso é que ao vivo ele é tão bom quanto no estúdio.
Enfim, em um segundo semestre de grandes lançamentos de bandas dessa mesma geração, o KoЯn mostra que ainda tem muita lenha pra queimar e entrega um álbum bastante competente e muito bom para os ouvidos.
Formação:
Jonathan Davis (vocal, gaita-de-fole);
Reginald Arvizu “Fieldy” (baixo, vocal de apoio);
James “Munky” Shaffer (guitarra, vocal de apoio);
Brian “Head” Welch (guitarra, vocal de apoio);
Ray Luzier (bateria).
Faixas:
01. The End Begins
02. Cold
03. You’ll Never Find Me
04. The Darkness Is Revealing
05. Idiosyncrasy
06. The Seduction of Indulgence
07. Finally Free
08. Can You Hear Me
09. The Ringmaster
10. Gravity of Discomfort
11. H@rd3r
12. This Loss
13. Surrender to Failure