Provavelmente uma das maiores discussões geradas no ambiente Heavy Metal, seja para definir qual o melhor o álbum da carreira solo de King Diamond, mas uma coisa é certa: o álbum “Abigail” irá sempre figurar entre os melhores, quando não o melhor, em qualquer lista. Lançado há exatamente 30 anos, no já distante ano de 1987, e sucedendo “Fatal Portrait”, álbum lançado em 1986 e que marcaria a estréia da banda King Diamond após a sua saída do Mercyful Fate.
Sendo referência absoluta como clássico do metal até os dias de hoje, não à toa a banda está para desembarcar em nosso país após um longo período sem realizar shows por aqui para tocar o mesmo na integra, “Abigail” contém diversos atrativos que o levam além do horizonte de suas músicas, que o fizeram e o fazem chamar tanto a atenção até os dias de hoje. A começar pela ousadia de King em fazer de “Abigail” um álbum conceitual, algo não muito costumeiro para álbuns de Heavy Metal na época.
A história de “Abigail” irá se desenvolver tendo como cenário principal o assustador e trágico ambiente da família LaFey, onde Conde de Lafey, desconfiado que sua esposa o traía e que carrega um filho que não era dele, atira a mesma de uma alta escadaria de sua mansão a matando na noite de 7 de julho de 1777. Logo após o assassinato e possuído por um desejo mórbido, o Conde arranca o bebê do útero de sua esposa e o mumifica. Anos mais tarde, um jovem casal formado por Jonathan Lafey, neto do antigo Conde, e sua esposa Mirian Natias, chegam a mansão para recebê-la como herança, sendo então Mirian possuída pelo espírito de Abigail que deseja seu renascimento. Há de se ressaltar que a trama que envolve Abigail, desenvolvida por King, é digna de comparação com qualquer conto ou novela de HP Lovecraft ou Edgar Allan Poe, ou até mesmo escritores mais contemporâneos como Stephen King.
Musicalmente sobram destaques no álbum, pois a banda atravessava um ótimo momento na época e destacar alguma música em especial soa injusto perto de tantos destaques. O álbum dá início com a introdução de “Funeral”, onde Abigail está em um caixão rodeada por sete cavaleiros negros que estão prestes a matá-la. Após a introdução, temos a ótima “Arrival” com destaque para os vocais de King e o trabalho feito na bateria por Mikkey Dee. A excelência das músicas continua com “A Mansion in Darkness” que irá explorar momentos com passagens mais rápidas intercalando com partes um pouco mais cadenciadas.
A próxima música “The Family Ghost” é uma das conhecidas do álbum. A mesma rendeu um vídeo clipe que foi exaustivamente passado por aqui nos anos noventa, no saudoso Fúria Metal de Gastão Moreira, e nela destacamos os vocais de King que abusa dos falsetes. Outros destaques ficam pelo excelente trabalho realizado pela dupla de guitarristas, Andy LaRocque e Michael Denner, e também pelas ótimas e intrincadas linhas de bateria de Mikkey Dee. O álbum continua em alto nível com “The 7th Day of July 1777” com King demonstrando uma técnica vocal absurda e muitos, muitos falsetes. A próxima música “Omens” destaca a competência técnica da banda e nela se percebe o alto nível de cada musico. A banda segue dando uma aula em “The Possession” onde Mikkey Dee mais uma vez rouba a cena com uma fantástica levada de bateria.
O álbum caminha para seu final, assim como a fantástica historia desenvolvida por King e as duas ultimas músicas “Abigail” e “Black Horsemen” contarão o destino final a qual os personagens foram resignados. Musicalmente, essas músicas seguem o mesmo padrão das anteriores, com forte destaque para o vocal de King e um instrumental que beira a perfeição. Mesmo sendo lançado há 30 anos o álbum soa muito atual, e há de se mencionar também o trabalho feito pelo técnico de som brasileiro Roberto Falcão, além da excelente arte gráfica desenvolvida para a capa. Muitos fãs defendem que “Abigail” fez parte de um momento mágico na carreira de King Diamond, onde os cinco primeiros álbuns de sua carreira são considerados clássicos absolutos. A banda passaria por incontáveis mudanças de formação nos anos noventa e dois mil, além de sérios problemas de saúde enfrentados pelo vocalista King Diamond no decorrer dos últimos anos, mas isso de forma alguma o impediria de lançar álbuns que seriam muito bem recebidos pela critica e por seus fãs, vide exemplos em “Puppet Master”, “Spider’s Lullabye” e “House of God”.
Como curiosidade, no ano de 2002 King lançaria uma segunda parte para “Abigail”, no entanto essa passaria bem longe de repetir o mesmo sucesso conquistado pela obra de 1987. Outra curiosidade fica pela quantidade de bandas de Thrash Metal que iriam fazer a abertura dos shows de divulgação de “Abigail”, pois a de se lembrar que o thrash vivia seus anos dourados e atravessava um ótimo momento. Dentre as bandas que fizeram a abertura podem ser citadas Overkill, Nuclear Assault, Toxik, Destruction, At War, além do Flotsam and Jetsam que acompanharia boa parte da turnê. Para finalizar mais uma vez repetimos que o clássico “Abigail” é um álbum totalmente atual mesmo tendo sido lançado há tanto tempo e que dificilmente chegaremos a um consenso para definir realmente qual o melhor disco da carreira solo de King Diamond visto a quantidade de ótimos discos em sua extensa discografia. No entanto, isso já seria assunto para uma outra oportunidade, mas uma coisa é certa: “Abigail” sempre esteve e estará entre os melhores.
Formação
King Diamond – vocal
Andy LaRoque – guitarra
Michael Denner – guitarra
Timi Hansen – baixo
Mikkey Dee – bateria