O Death Angel é, sem sombra de dúvidas, um dos nomes mais conhecidos no Thrash Metal mundial.
Apesar do surgimento arrasador no underground com “The Ultra-Violence”, do sucesso como emergente com “Frolic Through the Park” e “Act III”, infelizmente parou em 1991, devido à falta de maior sucesso comercial e a um acidente que deixou o ex-batera Andy Galeon mais de um ano parado. Mas após o retorno em 2001, a banda está se mantendo na ativa, sempre sob a tutela de Mark e Rob. E após o excelente “The Dream Calls For Blood”, de 2013, lá vem o quinteto com outra pedrada de altíssimo nível, “The Evil Divide”, que a dobradinha Shinigami Records/Nuclear Blast Records colocou no mercado nacional.
O ponto mais interessante é: como o quinteto de San Francisco consegue evoluir e manter sua identidade. Sim, “The Evil Divide” carrega todos os elementos mais fortes do Thrash Metal azedo e trabalhado que o quinteto sempre fez, mas apenas com uma sonoridade mais modernizada. É veloz, agressivo, tecnicamente muito bem feito, com melodias preciosas, a crueza que temos em “The Ultra-Violence” e “Frolic Through the Park”, apenas com uma gravação limpa.
É bom preparem o pescoço!
A produção é de Jason Suecof (que já havia feito a produção de “The Dream Calls For Blood”) em conjunto com Rob Cavestany (guitarrista da banda), e a masterização é de Ted Jensen. Sim, a sonoridade do disco é de alto nível, limpa e moderna, mas sem querer mudar a orientação musical do Thrash furioso do quinteto. E em termo de peso e agressividade, ficou ótima, verdade seja dita.
A arte é um trabalho de Bob Tyrrell (capa) e Mike Pracale (layout), que é bem simples e soturna, privilegiando apenas tons de branco, preto e cinza, e de certa forma, a apresentação ficou soturna. E verdade seja dita: essa arte deixou muitos com os pés atrás em relação ao que o disco poderia conter em termos musicais, mas encaixou bem.
A fórmula do Death Angel não tem segredos: Vocais furiosos e bem colocados (mas sabendo usar bem dos timbres mais limpos quando necessário, e isso comprova que a atual fase de Mark é esplendorosa), um dueto de guitarras sensacional tanto nos riffs como nos solos (Rob eTed estão muito bem entrosados, sem contar que a criatividade é enorme), e a cozinha de Damien e Will é pesada e apresenta uma ótima técnica, sem deixar de ter peso. E isso resulta em uma música furiosa, bem arranjada, com belas mudanças de ritmo, e muito peso e bom gosto.
E podem colocar ainda como pontos a serem ressaltados as participações especiais de Jason (o produtor do disco) no solo de guitarra em “Cause For Alarm”, e de Andreas Kisser no solo em “Hatred United/United Hate”.
No fundo, “The Evil Divide” é um dos melhores discos da banda em todos os pontos.
Melhores momentos do disco, apenas para referência, pois ele é excelente.
“The Moth” – É uma música dinâmica, violenta e com belas intervenções dos vocais limpos em meio aos esganiçados. E as mudanças de ritmo são de primeira, privilegiando bastante o trabalho de baixo e bateria. E isso com um belo Groove permeando a canção.
“Cause For Alarm” – Um Thrashão moderno em muitos aspectos, mas sempre mantendo a personalidade forte do quinteto, inclusive com muitos momentos mais Crossover aqui e ali, devido à simplicidade. Mas como as guitarras são ótimas, bastando reparar na força dos riffs e solos de primeira.
“Lost” – A agressividade cede espaço à introspecção, mostrando como o quinteto é versátil e criativo. Os vocais estão de primeira, mostrando uma interpretação de primeira, algo difícil de ser ouvido no Thrash Metal. E alguns momentos bem técnicos e mais limpos das guitarras são excelentes.
“Father of Lies” – Sabe aquele jeito de se fazer Thrash Metal com os andamentos mais cadenciados, mas com aquele peso absurdo e aquela pegada ganchuda? Pois é, é o que temos aqui, onde baixo e bateria se destacam mais uma vez, fora o trabalho mais técnico das guitarras.
“Hell To Pay” – E então, a velocidade torna a dar as cartas, e esta canção chega a esbarrar bastante na forma de se fazer Thrash Metal à lá anos 80. Como o trabalho das guitarras está de alto nível.
“It Can’t Be This” – Um belo dedilhado do baixo dá início a uma música mais arrastada e muito pesada, mas voraz e azeda. A complexidade dos vocais é surpreendente em certos momentos.
“Hatred United/United Hate” – Mais uma vez, a banda lança mão de um andamento que transita entre o lento e o veloz, criando riffs memoráveis, fora os vocais estarem de primeira.
“Breakaway” – Uma introdução bem trabalhada e cheia de Groove, e então, uma faixa mais veloz surge, deixando o fã preso na cadeira devido ao impacto e peso dessa canção. Podemos dizer que mais uma vez é uma música em que o quinteto resgata suas raízes, com belos backing vocals e belas conduções feitas pela bateria (especialmente nos dois bumbos).
“The Electric Cell” – Mais uma vez o baixo mostra seu valor, criando dedilhados ótimos para a evolução das guitarras em seu início, antes de um ataque feroz de guitarras muito bem trabalhadas, que nos leva a agitar a cabeça freneticamente. Mas é bom repararem que existem momentos em que a banda transcende o Thrash Metal, esbarrando com muita força no Thrash Metal moderno (devido ao Groove intenso) e no Metal tradicional (reparem na técnica usada nos solos de guitarra, especialmente nos duetos).
“Let The Pieces Fall” – Outra em que a técnica é bem apurada, e vemos como o grupo consegue atualizar sua forma de fazer música sem perder suas raízes. O trabalho de baixo e bateria é de primeira, sem mencionar que os vocais mudam de timbre de forma majestosa.
Se a sua versão é a importada, termina por aqui. Mas a Shinigami Records nos concede um presente: uma faixa bônus.
“Wasteland” – Aqui, vemos um cover do The Mission, banda de Gothic Rock. E a versão do quinteto ficou ótima, com uma maior quantidade de guitarras, e com mais peso, embora Mark tenha optado por vozes mais limpas, mas que encaixaram muito bem (e mostram o quanto ele é versátil nos vocais).
Se repararem, não destaquei faixa alguma. O disco todo é de primeira, não dá para dizer que a banda não caprichou. E merece aplausos por isso.
E nessas horas em que me pergunto: não seria melhor deixar de lado o Big Four e prestar mais atenção nas bandas fora dele?
O Thrash Metal agradece.
Ouçam sem moderação alguma, pois o Death Angel nos brinda com mais um álbum de primeira!
Formação:
Mark Osegueda (vocais);
Rob Cavestany (guitarras);
Ted Aguilar (guitarras);
Damien Sisson (baixo);
Will Carroll (bateria).
Músicas:
01 – The Moth
02 – Cause For Alarm
03 – Lost
04 – Father of Lies
05 – Hell To Pay
06 – It Can’t Be This
07 – Hatred United/United Hate
08 – Breakaway
09 – The Electric Cell
10 – Let The Pieces Fall