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Os anos 80 foi o período em que o rock se consolidou no Brasil. A questão da popularização foi tão forte que marcou não só a geração da época, mas quem veio depois. É impossível ignorar as letras carregadas de rebeldia, acordes de guitarra e a atitude de confrontar o que não se estava de acordo. Os anos passaram, mas uma grande parte das bandas da época continua com seu trabalho, mostrando que o rock está mais vivo do que nunca. Uma prova disso foi o Festival Prime Rock que aconteceu no dia 07 de dezembro. A estrutura tomou conta de um dos pontos turísticos mais icônicos de Curitiba: Pedreira Paulo Leminski.

Wilson Sideral – Projeto Sideral Canta Cazuza

Wilson Sideral. Fotografia: Angela Missawa.

Quem abriu o show foi o Wilson Sideral com o seu projeto que faz homenagem ao Cazuza, mas também contou com outros clássicos da música brasileira, como Tim Maia e Pitty. Rolou até um toca Raul. Sideral já havia falado sobre a paixão pelo rock nacional, na festa de inauguração da Prime Rock (link). “A gente tinha uma banda que tocava rock nacional. A gente é apaixonado por essa geração do rock brasileiro dos anos 80: Legião Urbana, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho, toda essa galera que hoje a gente tem o prazer de conviver. A gente tem essa paixão pelo Cazuza, a gente acha ele um dos maiores poetas do Brasil, do rock brasileiro.”, contou Sideral.

Setlist:
Eclipse Oculto”, “Advinha O Que”, “Bete Balanço”, “Nada Por Mim”, “Vem Quente Que Eu Estou Fervendo”, “Maior Abandonado”, “Ela Partiu”, “Me Adora”, “Mosca na Sopa”.

Nenhum de Nós – Faz Protesto à Violência Contra a Mulher

Thedy Côrrea, vocalista do Nenhum de Nós. Fotografia: Angela Missawa.

A tarde ensolarada continuou com os clássicos do rock. Com 33 anos de carreira, 2 mil shows, 17 discos, o Nenhum de Nós subiu ao palco da Pedreira Paulo Leminski. Depois de dizer que Curitiba é a Capital do Metal, o vocalista Thedy Côrrea, disse que “O Mac tá mostrando que tem uma galera que gosta de rock. A gente gosta de rock brasileiro. Espero que vocês se divirtam muito, Sideral foi sensacional, o dia e a noite prometem muito. Quem tá afim de soltar a voz com o Nenhum de Nós, levanta a mão.”. Ele pediu a ajuda do “coral Prime Rock”, como nomeou o público que estava animado e cantava todas as músicas. “Preparem a garganta, mas também preparem o coração porque esse dia vai ser inesquecível. Sejam bem vindos ao show do Nenhum de Nós.”, disse ele, um pouco antes dos gritos “Nenhum Nenhum” do público tomarem conta da Pedreira.

Nenhum de Nós. Fotografia: Angela Missawa.

Uma das músicas mais conhecidas do Nenhum de Nós é “Camila Camila”, considerado o primeiro sucesso da banda. Apesar de ter uma letra muito conhecida, ela não é uma música romântica, muito pelo contrário. É uma música de denúncia, em casos que acontecem até os dias de hoje.

Nenhum de Nós. Fotografia: Angela Missawa.

“Acontece que, em 1987, os caras que estavam começando uma banda sonharam em fazer um mundo melhor com as suas canções e a gente falou de um tema nesta música que até hoje é importante que se fale. Essa música fala de violência contra a mulher, de abuso contra a mulher. E aí nos perguntam se a gente não encheu o saco de cantar, enquanto houver nesse país, uma mulher vítima de violência, vítima de abuso, essa canção precisa ser cantada.”, disse Thedy.

Biquíni Cavadão – Uma Banda do Povo

Eram quase 17h30 quando o Biquíni Cavadão tomou conta pela primeira vez do palco da Pedreira Paulo Leminski. Eles já haviam tocado em outros lugares por aqui, mas em mais de 30 anos de carreira, nunca na Pedreira. E, bem, eles botaram para quebrar. Bruno Gouveia, o vocalista, quase não precisou cantar, porque o público cantava alto e forte. A verdade é que a energia do show é tanta que não tem como ficar parado. É do tipo que você sabe que a banda entrou com tudo. E foi.

Biquíni fez uma homenagem especial ao Herbert Viana por toda a contribuição que ele fez ao rock brasileiro. Não só pela produção sonora mas pela contribuição, com “Aonde Quer Que eu Vá”. “Ano passado a gente estava doido para participar do primeiro Prime, mas não deu. Estamos muito felizes, muito obrigado MAC, muito obrigado ao pessoal da Prime por essa oportunidade. #Esta é uma turnê muito especial para a gente, é uma turnê que a gente lançou o disco todo ele em homenagem a um cara fundamental para se entender o rock brasileiro. Um cara que com seu talento e generosidade ajudou inclusive muitas bandas como a Plebe Rude, como a Legião Urbana, como o Biquini Cavadão, a conseguirem seus primeiros contratos. Eu acho que vocês sabem de quem eu estou falando, o nome dele é Herbert Vianna.”

Bíquini Cavadão. Fotografia: Angela Missawa.

Antes de “Vento Ventania”, ele pediu para que todo mundo desse um passo para trás, ficasse no chão e se preparasse para o maior pulo da vida. E quem deu um grande pulo para a realização de um sonho foi Daniel Otávio Domingues. Ele revelou para a gente que tinha entrado em contato com a banda para conseguir uma foto com os ídolos, mas sem sucesso. “Eu já tava naquela de apenas curtir o evento numa boa, e nisso eu consegui colar na grade literalmente e fiquei lá bem na reta do Bruno. Mais pro fim do show começa a tocar ‘No Mundo da Lua’, o Bruno me viu cantando a música e no meio dela ele me chamou apontando o dedo para mim. Quando eu vi o segurança já estava me puxando pra dentro do palco.” Daniel disse que tudo foi muito rápido, e para o público que acompanhou também. De repente, todo mundo na plateia estava se perguntando quem era aquele cara e como ele subiu no palco. Bruno agradeceu a participação dele e o acompanhou pessoalmente até a saída do palco num gesto bonito de carinho, respeito e agradecimento.

Bruno Gouveia, vocalista do Biquíni Cavadão. Fotografia: Angela Missawa.

“Ai eu mesmo não acredito ainda que estive do lado deles e cantando no palco da Pedreira eu que sou baterista há 15 anos nunca imaginei que teria essa oportunidade já vi vários shows na Pedreira inclusive eu tava na primeira edição do Prime do ano passado.”, disse Daniel que afirmou que tudo foi surreal.

Para finalizar? Bruno mostrou que é realmente do povo e se jogou na plateia. “A sensação maravilhosa de estar nos braços da galera mesmo, literalmente.”, disse ele em entrevista. Em uma interpretação de “Zé Ninguém”, ele desceu do palco, subiu na grade e literalmente se jogou. “Eu cai de frente, aí eu tinha que virar de costas e o pessoal começou a me levar.”, disse.

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Setlist:
Tédio”, “Impossível”, “Aonde quer que eu vá”, “Janaína”, “Roda Gigante”, “Quando eu te encontrar”, “Vou te levar comigo”, “Dani / Uma Brasileira”, “Múmias”, “Quanto tempo demora um mês”, “Vento Ventania”, “No Mundo da Lua”, “Carta aos missionários”, “Chove Chuva”, “Timidez”, “Zé Ninguém”

Veja aqui como foram as apresentações de Skank, Legião Urbana, Capital Inicial e Jota Quest.

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