Mercic: “A música é o que quero compartilhar o máximo possível”.

Muitas vezes a história de uma banda se confunde com o responsável pela sua fundação. Um desses casos é o Mercic, banda oriunda de Portugal, e que tem na pessoa do músico Carlos Maldito o mentor de praticamente tudo por trás da banda. E para contar a trajetória dessa que é um dos principais destaques na cena Industrial na Europa, a Roadie Metal traz um bate papo com Carlos, onde ele nos conta como foi o início de tudo, sua visão, metódos de trabalho e planos para o futuro. Acompanhem:

Primeiramente gostaria de agradecer a honra de poder conduzir essa entrevista. Vamos ao inicio. Como surgiu a ideia de formar o Mercic?

O MERCIC surgiu da necessidade de fazer uma sonoridade mais própria e abrangente ao meu leque de influências, e tal não se adequava nem se enquadrava em nenhum dos outros projetos onde estava inserido naquela altura.

Há algum significado na palavra “Mercic”?

Há um significado muito pessoal mas que desejo que fique privado. A música é o que quero compartilhar o máximo possível.

Sabemos que o Mercic tem uma regra de não lançar videoclipes ou singles promocionais. Qual seria a razão para isso?

Sendo o MERCIC um projeto muito pessoal e criado completamente á minha imagem sonora e ideologica, eu nunca fui apenas fã de singles, sempre escutei álbuns inteiros e geralmente após várias escutas os singles até eram os temas que menos me despontavam interesse. Portanto, desde sempre decidi que não haveriam singles no MERCIC e isso traz-me uma coisa muito gratificante que é: quando tens um single é esse o rosto do álbum e essa é a música a promover e “impor” e no caso do MERCIC adoro enviar os álbuns para a imprensa e vão sem destaque nenhum, ficando a cargo de cada um pegar no tema que mais lhe agrada e expô-lo, e o que acontece é ter várias músicas a serem destacadas sem que haja uma unanimidade. Em relação a videoclipes é uma caracteristica que não me interessa minimamente para o MERCIC, ver músicos a fazer de atores a seguir papéis ou o tipico videoclipe da banda a tocar numa sala escura onde não se insere no meu projeto. Já o fiz noutros projetos mas neste contexto não me interessa. O MERCIC não tem uma foto minha em encarte de álbum nenhum, nos concertos tocamos por detrás de uma tela, ou seja o MERCIC é focado na música e não em imagem.

O Mercic é relativamente novo. Quatro anos de existência e já conta com cinco álbuns. Você já tinha esse cronograma desde o início ou foi algo natural?

Foi algo bastante natural. São quatro álbuns, o “MERCIC 2″ (2016) é um EP de remixes. Os primeiros três álbuns serviram de escape á rotina sonora das bandas onde estava e agora que estou focado exclusivamente a isto muitas mais ideias estão-se a formar e é mais rápido efetua-las.

Há algum motivo para os álbuns serem nomeados apenas por números? (Mercic 1, Mercic 2, etc…)

Ao invês de ter tíitulos como é normal, assim serve de numeração e ano de lançamento tornando mais fácil para as pessoas acompanhar a carreira do projeto por ordem e o seu caminho cronológico.

Até Mercic 3 (2017) sabe-se que não houve uma divulgação apropriada devido ao fato de você fazer parte de mais três bandas (“Cryptor Morbious Family”, “Inkilina Sazabra” e a “Kapitalistas Podridão”). Podemos dizer que esse momento foi um divisor de águas para a Mercic?

Foi em 2018 que decidi dar mais valor ao meu próprio projeto e quando digo valor não quero dizer que não tinha valorizado as suas composições, produções e gravações. Eu refiro-me sim a promover e tentar expor uma coisa só minha o MERCIC! E só o fiz nessa altura. Hoje em dia arrependo-me bastante, não digo que me deveria ter focado exclusivamente a isto logo em 2015 porque adquiri bastantes experiências enriquecedoras e gosto bastante dos trabalhos que desenvolvemos durante estes anos em todas as bandas onde estava, apenas acho que poderia ter focado em promover um pouco mais o meu projeto e acho que as coisas estão mais sólidas. Quando estás numa banda, e se as coisas correrem mal, tens sempre bodes espiatórios para culpar nem que seja apenas mentalmente mas com o MERCIC sou eu que acarreto tudo, seja bom ou mau, portanto tenho de me jogar ás coisas de peito aberto e por isso reforço e relembro sempre as definições deste projeto. É um hobby, não tem estilo sonoro definido, não tem singles nem videoclipes promocionais.

Em 2018 o portal World of Metal Magazine elegeu Mercic 4 como o 13º melhor álbum Industrial do ano bem como o Metal na Lata Magazine elegeu o Mercic como banda revelação. Como você recebeu essas considerações?

São sinais que o MERCIC está no bom caminho, as coisas estão a solidificar e cada vez há mais pessoas a conhecer-nos embora ainda seja muito pouco. Todas as resenhas tem referido a qualidade e estilo próprio do MERCIC e isto para mim é muito lisonjeador.

Como é o processo de composição? Você é o responsável por tudo ou conta com a colaboração de outro (os) músico (os)?

Eu sou o responsável por tudo e geralmente tenho alguns inputs de ideias por convidados meus, sendo a única colaboração constante a do meu amigo César Palma. Desde o ínicio que trabalha comigo no artwork, masterização e algumas guitarras.

Como tem sido a recepção de Mercic 5?

Tem sido positiva. Foi até agora o nosso álbum que mais atenção da imprensa teve. Com perfeita noção que é um álbum de dificil escuta, muito pessoal e intimista, sem músicas com caracteristicas mais comercias para rádios, etc… e no entanto as coisas tem se alastrado aos poucos, É uma luta prazerosa.

O que conheces da cena Metal aqui no Brasil? Há alguma banda / artista que você destacaria?

Pode ser uma resposta interpretada como que antecipada mas o Sepultura (fase Derrick Green ), é das poucas bandas do leque a que me auto-defino mesmo fã e que me fazem comprar todos os seus álbuns quando saem. Acho que estão brutalissimos e melhores que nunca. De resto conheço Angra, Krisium (que tocaram no festival Metal GDL onde eu era um dos organizadores), Nervosa, Ratos do Porão e conheci e toquei com uma banda do Rio chamada Maldita, que andavam em tour em Portugal.

Quais são os próximos passos da Mercic?

Para já é espalhar o nome tocando ao vivo e chegando mais na imprensa. Falta de música para as pessoas conhecerem não há.

Bom, o espaço agora é seu. Deixe uma mensagem para os seus fãs aqui no Brasil.

Primeiramente avisar que quem esteja interessado no nosso som/merch não o vai achar em nenhuma loja além da nossa loja online no Facebook. Posto isto, desafio aqueles que gostem de álbuns completos e de escuta dificil onde a cada audição vão descobrindo novas harmonias e sons escondidos e os vão agarrando. O MERCIC é um projeto que vai de baladas de piano com uma aura obscura até um Death Metal, portanto não será para aqueles que querem uma sonoridade mais direta.Obrigado.

Email: mercic_band@hotmail.com

Youtube: https://www.youtube.com/channel/UCx74JJAezgGY8xyEaBZWyXg

Bandcamp: https://mercic.bandcamp.com/

Encontre sua banda favorita