Marcelo Barbosa é um nome de peso entre os guitarristas brasileiros. Ele foi integrante das bandas Almah, Khallice e estudou na Berklee College Of Music, uma das mais conceituadas faculdade de música do mundo. Marcelo fundou sua escola de música e cursos online de guitarra para estudantes brasileiros e estrangeiros. Participou do projeto Brasil Guitarras, que rodou as capitais brasileiras com dez dois maiores nomes da guitarra nacional e atualmente faz parte do Angra, uma das maiores bandas brasileiras de metal.

Em entrevista exclusiva, ele falou sobre os principais momentos de sua carreira, a pandemia, o lançamento do seu álbum e deixou um recado especial aos leitores da Roadie Metal.

1- Infelizmente estamos passando por uma situação complicada devido a pandemia, o que você imagina sobre o futuro das bandas após essa situação?

Marcelo Barbosa: É verdade, essa situação da pandemia tem feito, não só os músicos, e as bandas, e os artistas, mas acredito que empresas e profissionais liberais, todas essas áreas estão repensando a forma de entregar os seus serviços. Todo mundo foi pego de surpresa e, apesar de alguns já estarem encaminhados para fazer essa entrega digitalmente, quem não estava teve que se apressar aí para que os negócios não parem durante esse período. Eu acredito que apesar da gente continuar eventualmente tendo eventos ao vivo, eu acho que esse formato de live vai ser cada vez mais comum. Muitas vezes vamos ter a fusão das duas coisas, shows presenciais, offline, que também são transmitidos e a pessoa pode optar por assistir em casa. O que é legal porque de repente o show no Rio de Janeiro pode ser visto em qualquer outro lugar do mundo.

2 – E pra você como foi o processo de se reinventar? Pois, quem te acompanha viu que você não parou em momento algum.

Marcelo Barbosa: É verdade, eu, graças a Deus estava um pouco adiantado nesse processo, então não precisei realmente me reinventar. Eu reagi rápido, apesar de que no começo algumas pessoas, eu tenho escolas físicas, escolas offline, presenciais, e alguns professores realmente acreditavam que ia ser por 15/ 20 dias e desde o começo, quando eu me inteirei pela situação, eu sabia que isso não demoraria menos de dois meses ou mais né, como está acontecendo. Então muito rapidamente nós migramos todos os alunos que concordaram, claro, para entregar essas aulas online, via videoconferência, eu também investi mais ainda no meu curso online. A diferença aí que eu faço do curso online e da aula online é que a aula online é dada em real time, né. O curso online são vídeos gravados, PDF e tal. Eu já tinha isso gravado, quatro anos quase, e acabei lançando um curso novo nessa pandemia. Já estou preparando mais um. Então, realmente é engraçado, mas eu estou trabalhando mais durante a pandemia até do que fora dela.

3 – Com a sua entrada no Angra houve alguma mudança de percepção sobre a sua carreira?

Marcelo Barbosa: Sim. Assim eu já tinha uma carreira bastante sólida, era conhecido principalmente no Brasil como guitarrista, mas o Angra é uma plataforma, né. Um dos grandes pilares do metal nacional, então o Angra acaba sendo um holofote, tudo que você faz quando você está numa banda grande passa por uma lente de aumento. Então, sim, a visibilidade sobre mim, aumentou, o que acaba aumentando todas as outras coisas, tanto a base de fãs, quanto, se você souber usar isso a seu favor, o número de alunos, o número de eventos, enfim. Eu acho que essa foi a grande diferença, até porque, eu já tinha uma boa visibilidade no Brasil, mas o Angra me deu uma boa visibilidade ao nível mundial. E eu sou muito grato por isso e muito feliz em estar fazendo parte da história dessa banda que é, sem dúvida nenhuma, um dos grandes nomes do metal mundial.

4 – Qual música do Angra hoje poderia definir seu momento atual?

Marcelo Barbosa: Você sabe que eu não tenho assim uma música favorita, de banda nenhuma que eu goste, e não é diferente com o Angra, mas é óbvio que, de maneira geral as músicas do Ømni que é o álbum mais recente e do qual eu fiz parte é o álbum que tem mais a ver comigo no momento. Até porque eu acredito que arte é expressão e você não tem como expressar um momento ou um pensamento, ou uma sensação que você não esteja de fato sentido. Então o Ømni tem, para mim, essa cara.

5 – Com essa onda de lives musicais, mesmo estando em cidades diferentes há uma chance de ter alguma relembrando a Khallice?

Marcelo Barbosa: Uma live do Khallice, olha seria interessante. Eu nem pensei sobre isso, para ser bem sincero, mas existe uma dificuldade ainda em se fazer live tocando que é a sincronia. Os artistas que fazem live tocando ou está todo mundo no mesmo lugar, ou foram filmadas as partes antes, sincronizadas e não é exatamente uma live, é um material inédito, as pessoas estão tocando ao vivo, no sentido de que elas realmente retocaram aquilo ali, não estão dublando, mas não estão tocando na hora em que está sendo transmitido né. A tecnologia da internet, até o que a gente conhece, disponível para nós, não permite que eu toque de Brasília, o Neto cante de São Paulo e o Baterista toque não sei da onde e isso chegue sincronizado para o fã, infelizmente.

6 – Você está pra lançar seu álbum solo “Nêgo”, qual seria o diferencial desse trabalho?

Marcelo Barbosa: É verdade, é meu álbum solo, já foram lançados quatro músicas, né, quatro singles com clipes, que estão no YouTube, desse disco. E ele está bastante atrasado, era para ter sido lançado no ano em que eu entrei no Angra, eu acho que um depois, na verdade, a programação, e acabou que, com a agenda do Angra eu não consegui conciliar. Esta é uma das coisas que eu estou fazendo durante a pandemia, trabalhando bastante nesse álbum para que ele saia em breve. O grande diferencial é que ele é um álbum instrumental, 100% instrumental, guitar based, vamos chamar assim, bem focado na guitarra, como álbuns instrumentais de outros guitarristas que a gente conhece aí.

7 – Pra quando podemos esperar o lançamento desse álbum?

Marcelo Barbosa: Eu pretendo lançar o CD “Nêgo” no final desse ano agora, 2020, esse é o meu planejamento.

Foto retirada do site: www.marcelobarbosa.com.br

8 – Mesmo já tendo conquistado muitas coisas como músico, há algo que ainda queira realizar?

Marcelo Barbosa: Sim, realmente assim, eu conquistei como músico, como pessoa muito mais do que eu jamais sonhei, inclusive, então, as vezes, fica difícil você estabelecer novas metas e novos objetivos. Mas eu tenho feito um trabalho muito grande de, como eu posso dizer, de projeção mesmo, de novos objetivos, novas metas, novos sonhos, e posso dizer alguns sim. Um deles é o meu disco solo, lançá-lo em breve, obviamente lançar o DVD do Angra, lançar um novo CD com o Angra no ano que vem, abrir novas unidades da minha escola de música em outras capitais do país, então essas são alguns dos meus novos sonhos no âmbito profissional, claro.

9- O que você acha que falta no Heavy Metal Brasileiro em relação aos fãs e a imprensa especializada?

Marcelo Barbosa: Olha, é difícil né, dar uma fórmula secreta do que falta para o metal nacional, eu sou muito orgulhoso, tem muita coisa boa, tem muita gente, hoje em dia, cada vez mais, né, séria trabalhando nesse seguimento. Nós temos bandas incríveis, eu acredito que assim, nós estamos amadurecendo enquanto mercado de metal, enquanto fãs de metal até, o fã de metal brasileiro é muito diferente do fã de metal europeu, em vários sentidos. Por exemplo, nas turnês europeias muitas vezes o que traz lucro pra banda não é nem tanto o cachê, e sim a venda de merchandising, camiseta, boné, CD, poster autografado e tal. Muitas vezes a venda de merchan apoia mais a banda do que o show em si, porque as pessoas vão pro show, lá, já com o dinheiro de comprar camiseta, já com o dinheiro de comprar CD. Claro que isso tem a ver com a realidade econômica dos países, isso é fato. Mas estou dando aqui alguns exemplos de diferenças que eu vejo entre as culturas, né. Daria uma entrevista inteira sobre isso só, porque é um assunto muito extenso. mas acredito que de maneira geral, nós estaríamos crescendo e se desenvolvendo nesse âmbito também.

10- Existe um ponto alto ou que te marcou de alguma forma na sua carreira?

Marcelo Barbosa: Olha, eu gosto de acreditar que o ponto alto da minha carreira sempre está por vir, eu acredito que o melhor sempre está por vir. Eu poderia citar alguns momentos importantes, né, as duas vezes que toquei no Rock in Rio, a gravação do DVD com o Angra, alguns shows muito especiais que eu tive aqui em Brasília, como o show com a orquestra sinfônica, como o show que fiz também com o Bumblefoot, ex-integrante do Guns N’ Roses aqui em Brasília, num evento gigante aqui, shows internacionais maravilhosos que eu já participei. Mas é difícil escolher um. Claro que sempre sou grato por tudo que já fiz e já conquistei, mas para mim o melhor sempre está por vir. Se a gente acreditar que o melhor da vida já passou, é uma crença muito limitante e é um jeito de viver que acaba não nos impulsionando para frente. Então, eu tô sempre esperando o melhor e sempre sabendo que o melhor que eu já vivi ainda não aconteceu, o melhor que eu viverei na minha vida ainda não aconteceu, ainda está por acontecer.

11- O que MB de hoje falaria pro MB do início da carreira?

Marcelo Barbosa: Eu diria: você está certo. (Risos) Brincadeira. Eu acho que essa validação seria importante sim porque apesar de ser uma pessoa que eu sempre lutei com muito afinco pelo que eu acredito e pelo que eu quero, eu sempre tive muitas dúvidas né. E essas dúvidas, querendo ou não, são dúvidas dolorosas, geram preocupações, geram incertezas. Então, eu acho que seria algo por aí, sabe? Então fica calmo, faz seu trabalho, tudo vai dar certo, tudo vai ficar bem. E tenha paciência, porque eu sou uma pessoa ansiosa em muitos aspectos, né. Lógico que ao longo da idade aprendi a lidar com essa ansiedade, mas essa ansiedade muitas vezes, como tudo na vida, tem o lado bom e o lado ruim, né. Isso fez com que eu produzisse muito e com muita velocidade em muitas áreas diferentes. Por outro lado, existe um desgaste natural quando você está rodando a mil por hora, em muitos anos, né? E você também acaba abrindo mão de viver outras coisas, então, eu diria isso, vai com calma, mas vai firme porque tudo vai dar certo.

12- Futuro, o que podemos esperar da sua carreira daqui pra frente, há algo que possa contar?

Marcelo Barbosa: Ah, sem dúvida né, é o lançamento do que meu CD solo que eu já falei, ano que vem vai ser um ano, prevemos que será um ano bastante intenso para o Angra, que é um ano em que o Angra comemora 30 anos de existência, então é uma série de ações que serão tomadas, entre elas turnês, lançamento de novo disco, lançamentos de outros materiais, outros formatos, inclusive o DVD que provavelmente sai esse ano ainda, então o que está agora na mira são essas coisas. Com certeza, ano que vem, em 2021, com a passada dessa pandemia maluca aí que deixou tudo parado, vai ser um ano de muitas ações, na minha carreira tanto com o Angra, quanto fora com o Angra também.

13- Pra encerrar, quero agradecer a sua atenção e por favor deixe um recado para os fãs e leitores da Roadie Metal.

Marcelo Barbosa: Eu que agradeço o convite para essa conversa, sempre muito bom, muito agradável, e eu queria agradecer aí todos os fãs, todos os leitores, o apoio e o carinho, me sinto muito acolhido desde sempre, desde o Almah, desde o Khallice, no Angra isso se projetou aí e acabou sendo exponencial, e é muito bom saber do carinho e da atenção das pessoas aí comigo e o meu novo trabalho. Vamos manter forte aí e unida a cena que é isso que nós precisamos nesse momento.

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