Não se pode nunca negar a importância do Stratovarius para o desenvolvimento do Heavy Metal a partir dos anos 90. A banda finlandesa, a época liderada pelo bipolar guitarrista Timo Tolkki, foi capaz de estabelecer um novo jeito de fazer Power Metal, temperando seu Metal melódico ensinado pelo Helloween com pitadas generosas de música neo-clássica. O período fértil compreendido de 1994, ano da entrada do vocalista Timo Kotipelto, até 2003, com o lançamento de Elements Pt. 2, oferendou ao compêndio do Heavy Metal clássicos como Visions, Destiny e Infinite. Mas o começo do Stratovarius foi ainda nos anos 80.

O grupo foi fundado em 1984 sob o nome Black Water, pelo baixista John Vihervä, o guitarrista Staffan Stråhlman e pelo baterista Tuomo Lassila. No ano seguinte, os dois primeiros deixaram a banda e ocorreu o ingresso do guitarrista Timo Tolkki, que na época também ficou responsável pelos vocais. Junto com as mudanças de formação, veio também a mudança do nome da banda. De Black Water, Lassila resolveu mudar para Stratovarius, justificando que o nome é um amálgama de “Stratocaster”, um famoso modelo de guitarras da marca Fender, e “Stradivarius”, uma das mais antigas e conhecidas marcas de instrumentos de cordas. Assim, o nome da banda carregaria as influências que a mesma sofria: Heavy Metal e música clássica.

Jyrki Lentonen, Tuomo Lassila e Timo Tolkki: o Stratovarius dos anos 80

Mas o fato era que o nome Stratovarius já existia há, pelo menos, 15 anos. E quem o forjou nos anos 70, já havia colocado o mundo da música de ponta-cabeça na época de Tolkki e de Lassila.

No começo dos anos 70, as bandas de Rock alemãs, influenciadas pelo Rock Psicodélico que reinava na época, criaram o seu próprio movimento musical, o Krautrock. Este movimento agregava as bandas alemãs da época, que praticavam um Rock altamente experimental, com doses excessivas de psicodelia e uso abusivo de arranjos minimalistas, criando assim uma atmosfera pertubadora e viajante. Além de nomes como Can, Neu! e Tangerine Dream, uma das bandas mais importantes do movimento Krautrock foi o Kraftwerk.

Sim! A mesma banda considerada tão influenciadora quanto os Beatles! Mas eles nem sempre foram aqueles robôs eletrônicos que mais parecem de outro planeta…

Kraftwerk nos anos 70: os robôs que revolucionaram a música

Nos três primeiros álbuns da discografia do Kraftwerk, a banda liderada por Ralf Hütter e Florian Schneider praticava o Krautrock, daqueles bem viajados. A faixa nº 2 do debut da banda, autointitulado, tem o nome de Stratovarius, o mesmo nome que, 15 anos depois, o baterista Tuomo Lassila batizaria sua banda. A música Stratovarius é uma longa viagem de 12 minutos, de onde se exala a mais pura essência do Krautrock. Psicodelia e experimentalismo, talvez muito mal compreendido hoje em dia, mas bastante ousado para a época.

Como ousadia nunca foi problema para o Kraftwerk, a obsessão de Ralf e Florian por invencionices musicais levou a dupla a criar seu próprio estúdio, o KlingKlang, que, na verdade, era um verdadeiro laboratório onde a dupla inventava e criava equipamentos eletrônicos que sintetizavam sons e percussões elétricas. Também alteravam configurações de microfones em seu estúdio, com o fim de emular “vozes robóticas” em suas composições, os famosos “vocoders”. Tudo altamente revolucionário no período. A musicalidade do Kraftwerk influenciou até mesmo o não menos ousado David Bowie. Com a entrada de Wolfgang Flür e de Karl Bartos, estava fechada a formação mais conhecida do Kraftwerk, que logo deixou seu lado mais Rock de lado e se tornou o primeiro grupo de música eletrônica do mundo, tornando-se influenciadora de tudo que viria a ser música desde então.

Tudo mesmo! Confira abaixo, banger de mente aberta que você é, o Kraftwerk executando as músicas The RobotsRadioactivity, e repare no perfeccionismo musical e visual do grupo alemão.

Sabe aquelas batidas industriais do Rammstein ou das bandas de Rock Gótico? O Synthpop oitentista? Até mesmo os sons eletrônicos do horrendo funk carioca? Pois é; tudo foi o Kraftwerk que desenvolveu.

E o Stratovarius?

Bem, do mesmo jeito que o Kraftwerk se reinventa a cada passagem de tempo, o Stratovarius se reinventa a cada mudança de pessoal. Começando como uma banda de Metal tradicional com influências de Black Sabbath, mudou o mundo Metálico nos anos 90 com seu Power Metal. Se hoje o estilo está saturado, o Stratovarius, capitaneado atualmente por Timo Kotipelto e pelo tecladista Jens Johansson, ainda lança trabalhos consistentes e relevantes para o fortalecimento do gênero.

 

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