Como eu havia escrito no final da última viagem, as aventuras pela Grã-Bretanha ainda não chegaram ao fim. O destino de hoje será a terra do Monstro do Lago Ness: a Escócia! E você está convidado a me acompanhar em mais um destino e descobrir um pouco sobre o seu cenário musical pesado.

Antes, é claro que não poderíamos deixar de lado um conciso panorama sobre o país, que, em séculos de história, tem muito o que oferecer. Localizada na porção norte da ilha da Grã-Bretanha, a Escócia (ou em gaélico escocês: Alba) possui uma população de aproximadamente 5,454 milhões de habitantes (2019) e tem por capital a cidade de Edimburgo – enquanto que a mais populosa é a Cidade de Glasgow – terceira maior do Reino Unido. O país é dividido em três áreas: as Highlands (norte), a Central Belt (localidade de maior concentração populacional) e as Southern Uplands (sul). Também é subdividido em 32 unidades administrativas.

Apesar de o idioma inglês ser o principal, também são utilizados o Scots (uma variedade linguística germânica) – que é  falado nas Terras Baixas e também em partes de Ulster, na Irlanda. Ainda que por uma pequena porcentagem da população (cerca de 2%), outra língua utilizada é o gaélico escocês, proveniente dos celtas do norte da Irlanda e que substituiu a língua dos antigos pictos. Indo para o aspecto econômico, os setores agrícolas e têxtil se sobressaem, bem como no setor de bebidas, onde o uísque é o principal produto, e também o de turismo – que abrange opções que vão de lagos à antigas construções.

Adentrando agora no cenário musical, é bem provável que o leitor se lembre do álbum ‘Tunes of War’ (1996), da banda alemã Grave Digger, porém a Escócia possuí muitos representantes que vão do Pop ao Black Metal, entretanto sem a mesma expressividade da sua vizinha Inglaterra. Como principais nomes, não resta dúvidas que Nazareth e Alestorm estão entre os principais do país – o primeiro contabilizando 50 anos de história e o segundo agregando grande visibilidade mundo a fora. O país também conta com o festival Lords of the Land, que é realizado em Glasgow, onde já se apresentaram nomes como Carcass, Voivod, Venom, Mayhem, entre outras.

Abaixo, selecionei sete bandas – entre conhecidas e do underground – para conhecermos um pouquinho mais do seu cenário. Acompanhe:

ALESTORM

Gosto de seguir a lista em ordem alfabética, então não poderia deixar de começar com um dos nomes mais conhecidos do país, em se tratando de Heavy Metal: os piratas loucos do Alestorm! Criada no saudoso ano de 2006, em Perth, a banda logo chamou atenção em seu debut ‘Captain Morgan’s Revenge’ (2008), pela temática/visual pirata, o bom humor e a sonoridade, que mesclou Power e Folk Metal. No total, são seis álbuns de estúdio (todos pela Napalm Records), sendo o mais recente ‘Curse of the Crystal Coconut’, que foi lançado em maio deste ano.

BLACK SUN

Pulando de cabeça no meio underground escocês e em uma musicalidade totalmente experimental, encontramos o Black Sun que fez uma síntese entre Sludge, Noise e Doom Metal – claro, tudo muito experimental. Também contabilizando seis discos oficiais, a banda está na ativa desde 2003 e vem de Glasgow.

CNOC AN TURSA

Cnoc An Tursa tem seu nome tirado do gaélico escocês e significa algo bastante poético como “Colina da Pedra Erguida”. A sonoridade épica, como o próprio nome entrega, se baseia em um trabalhado Folk com elementos de Black Metal. Vinda de Falkirk, a banda possui até o momento dois álbuns: ‘The Giants Auld’ (2013) e ‘The Forty Five’ (2017). Não se esqueça desse nome: Cnoc An Tursa!

DESOLATE DREAMS

Se existe Prog Metal na Escócia? Mas é claro, meu filho! (ou filha, né?). A escolhida para representar o estilo aqui na matéria foi o Desolate Dreams, que apesar do nome remeter logo a alguma banda de Gothic ou Doom, desorienta (no bom sentido) os seus ouvintes com uma musicalidade técnica e ao mesmo tempo melodiosa, envolvente e bastante atual. Da capital Edimburgo, a banda foi fundada em  2010 e apresenta quatro álbuns em sua discografia – sendo o último, ‘Coalescence’, lançado agora em agosto.

HOLOCAUST

Se estamos em plena Grã-Bretanha, é óbvio que não poderia faltar ao menos um representante de peso da NWOBHM, que é o Holocaust. Estreando com o álbum ‘The Nightcomers’ em 1981, a banda da capital lançou apenas outro álbum em 1984, além de alguns EPs, retornando com novidades apenas em 1992 com ‘Hypnosis of Birds’. Seguindo de meados dos anos 90 até 2003, a banda se manteve em plena atividade, liberando quatro álbuns nesse período. Uma nova pausa seria dada e dez anos depois, em 2013, saiu o EP ‘Expander’ e logo em seguida ‘Predator’ (2015) e ‘Elder Gods’, do ano passado.

NAZARETH

Vamos lá, fale a verdade! Quem nunca ouviu o hit “Love Hurts” (que na verdade é um cover da dupla The Everly Brothers, de 1960), que atire a primeira pedra! Independente de ter sido em um daqueles cafonas DVDs de “flashback” que o tiozão colocava pra animar o almoço de domingo ou na Jukebox do seu boteco de confiança, a banda conseguiu repercussão por essa canção – que outros artistas regravaram posteriormente – mas não se pode limitar a marca Nazareth a isso. Obtendo ótimos resultados com seus trabalhos nos anos 70 (inclusive, recebendo certificados de disco de Ouro e Platina) com seu Hard Rock malicioso, que serviria de referência para o estilo anos depois, a banda chegou cansada nos anos 80 e não conseguiu manter a coroa da década anterior. De ‘Boogaloo’, em 1998, a banda retornaria aos estúdios apenas uma década depois, com ‘The Newz’, colocando suas músicas novamente nas paradas musicais da Europa. Seu último registro de inéditas é o álbum ‘Rock’n’Roll Telephone’, de 2014, que também é o último com o respeitado vocalista Dan McCafferty.

ZILLAH

Para encerrar nossa matéria transitando novamente entre extremidades opostas, saímos do clássico e vamos para o Technical Death Metal do Zillah, também da capital escocesa. Surgido em 2000 e tendo como pedra fundamental o EP ‘Halo Diablo’, o debut ‘Morta in Crucem’ saiu em 2002. Após alguns EPs entre aquele ano e 2005, o segundo full length ‘Substitute for a Catastrophe’ foi liberado em 2006. ‘Serpentine Halo’ saiu em 2015, pela Sea of Corruption Records.

E é isso, meus amigos! Nosso breve tour pelas belíssimas terras da Escócia chegou ao fim… Agradeço pela companhia nesta leitura e como sempre, espero que possam dar aquela conferida no cenário musical do país, que como vimos hoje, tem sim os seus representantes que conquistaram o mundo e outros, que mesmo sem o sucesso e exposição, continuam firmes em sua proposta de produzir música de ótima qualidade. Já sabem, não é? Nos vemos novamente dentro de algumas semanas. Até lá!

O Castelo de Edimburgo – em caráter (quase) idílico (Photo: Thinkstock)
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