Há praticamente um ano atrás, mais precisamente no dia 12 de julho de 2020, essa redatora que vos escreve inaugurava um novo quadro na Roadie-Metal, quando trouxe a história da vida do baterista Eric Carr, do KISS, que estaria completando 70 anos de idade, caso não tivesse morrido (24/11/1991) e a matéria foi escrita em sua homenagem (https://roadie-metal.com/kiss-eric-carr-os-70-anos-da-raposa/). Aquela matéria me inspirou a continuar escrevendo biografias de outros talentos do rock do metal, mostrando um pouco sobre a sua vida pregressa e alguns detalhes sobre sua carreira. Desde então, foram publicadas por mim 29 biografias. Por ironia do destino, eu ainda não havia escrito a biografia de nenhum dos 4 fabulosos de Liverpool, então, vamos remediar isso e hoje, comemorando esse primeiro aniversário do quadro “Biografia”, eu trago na trigésima publicação do quadro, a história da vida de um dos Beatles, coincidentemente, de seu baterista. A partir de agora, convido a você para mergulhar na vida de Richard Starkey, nascido em 7 de julho de 1940, em Liverpool, Inglaterra e, portanto, tendo hoje 81 anos, recém completados.
Ritchie, como era chamado pelos seus pais Richard Starkey e Elsie Gleave, ambos confeiteiros, era filho único. Sua mãe gostava muito de cantar e dançar e compartilhava com seu marido o gosto pela dança, ele que era um ávido fã de swing. Grande parte do tempo livre do casal era gasto em salões de dança, antes do nascimento de seu filho. Após o nascimento de Ritchie, sua mãe se tornou superprotetora, porém seu pai começou a se afastar do convívio familiar, passando muitas horas bebendo nos bares do local. Algum tempo depois, seus pais se separaram e se divorciaram. Devido ao afastamento de seu pai da família, Ritchie não tem muitas lembranças reais de seu pai. Para manter a família, sua mãe trabalhou duro, em vários empregos servis até se firmar como garçonete.
O garoto passou por alguns problemas de saúde, que o afastaram da escola. Primeiro, aos 6 anos desenvolveu apendicite e logo após, uma peritonite, fazendo com que ficasse em coma por alguns dias. Porém, sua recuperação durou um ano inteiro, onde permaneceu no hospital infantil Myrtle Street, em Liverpool, longe de sua família. Desta forma, ele deixou a escola e até os 8 anos de idade ainda era analfabeto e tinha dificuldades para entender matemática. Para tirar o atraso e recuperar o tempo perdido teve diversas aulas de reforço e quando estava quase alcançando seus colegas de escola no mesmo nível de ensino, contraiu tuberculose, aos 13 anos, sendo internado em um sanatório por 2 anos. De uma certa forma, os males vieram para bem, pois durante sua estadia no sanatório, para estimular a atividade motora e aliviar o tédio, a equipe médica incentivava seus pacientes a ingressar na banda do hospital, assim Ritchie foi exposto pela primeira vez a um instrumento de percussão, que era uma “baqueta” feita de bobina de algodão, que ele usava para batucar os armários ao lado de sua cama. Essa atitude o estimulou a querer tocar bateria e uma cópia da canção “Bedtime for Drums”, de Alyn Ainsworth lhe foi dada como presente. Sobre esa época, Ritchie dizia que foi ali que seu interesse pela música se tornou real, e mesmo que sua família tenha lhe dado um bandolim, um banjo, uma gaita, ou mesmo lhe permitido ter acesso a um piano, ele queria ser baterista. Durante a escola, ele desenvolveu aptidão para a arte e também pela mecânica. Neste período, sua mãe se casou novamente e a relação de Ritchie com seu padrasto era ótima e este apresentou diversas músicas para Ritchie.
A vida era muito difícil, com as casas em péssimas condições. Quem vivia em Dingle, o bairro onde Ritchie passou a sua infância, tinha que lutar para sobreviver. Condições de vida difíceis e o crime violento tornavam-se uma preocupação constante para as famílias. Sobre isso, mais tarde, Ritchie comentou que tinha que tinha que manter a cabeça abaixada, os olhos abertos e não entrar no caminho de ninguém. Enquanto crescia, Ritchie tinha que trabalhar, mas não conseguia empregos com boa remuneração. Aos 16 anos, seu padrasto lhe garantiu uma possibilidade de trabalhar como aprendiz de mecânico numa fábrica de equipamentos. Nessa fábrica, ele conheceu Roy Trafford, que o apresentou ao skiffle, um tipo de música folk com influência de jazz e blues. Enquanto Roy tocava guitarra, Ritchie fazia barulho percussivo em uma caixa ou lata de biscoito com chaves dentro, ou mesmo batendo nas costas de uma cadeira. Eddie Miles, que era vizinho e também trabalhava na fábrica os acompanhava com sua guitarra e ali se formou a Eddie Miles Band, que mais tarde foi denominada Eddie Clayton and the Clayton Squares. No natal de 1957, o padrasto de Ritchie lhe presenteou com um kit de bateria, que era composto por uma caixa, um bumbo e um prato, feito com tampa de lixo. Mesmo com esse kit primitivo, isso lhe proporcionou progredir como músico, até podendo fazer shows com a banda de Eddie. Naquela ocasião, o rock’n’roll nascido apenas alguns anos antes estava começando a se tornar popular no Reino Unido.
No final dos anos 50, Ritchie se junto a um grupo musical chamado Al Caldwell’s Texans, que procurava por um baterista que pudesse se juntar a eles na transição do skiffle para o rock’n’nroll. Quando começaram a tocar nos clubes locais, chamavam-se Raging Texans, depois como Jet Storm and the Raging Texans, até se firmarem como Rory Storm and the Hurricanes. O grupo era liderado por Alan Ernest Caldwell, mais conhecido como Rory Storm. Após se juntar à banda, Ritchie adotou o nome que passaria a torna-lo conhecido em todo o mundo – Ringo Starr, que era uma referência aos anéis que usava, bem como dava uma conotação country. Em pouco tempo eles se tornaram uma das principais bandas da cidade de Liverpool. Logo depois, a banda se estabeleceu como residente em um acampamento de férias no País de Gales e até recusou-se a fazer residência em Hamburgo, na Alemanha, numa primeira instância. Porém, pouco depois acabaram desembarcando em solo alemão e lá juntaram-se a outra banda de Liverpool que estava em grande ascensão, chamava The Beatles. Enquanto permaneceu na cidade, Ringo chegou a se apresentar com seus conterrâneos. Em 15 de outubro de 1960, Ringo Starr tocou com John Lennon, Paul McCartney e George Harrison gravando com eles pela primeiras vez, apoiando o músico Lu Walters, dos Hurricanes, na canção “Summertime”, de George Gershwin e DuBose Heyward.
Em janeiro de 1962, Ringo deixou a banda Hurricanes e se juntou brevemente à Tony Sheridan, voltando logo depois aos Hurricanes. Em agosto do mesmo ano, Ringo foi convidado a se juntar definitivamente aos Beatles para ocupar o lugar de Pete Best, demitido em 16 de agosto pelo empresário da banda Brian Epstein. Em 18 de agosto de 1962, Ringo Starr se apresentou oficialmente como membro dos Beatles, pela primeira vez no palco, na Sociedade de Horticultura em Port Sunlight. Os fãs de Pete geraram diversos protestos por causa de sua demissão, inclusive com brigas contra a banda e seu empresário. No dia 4 de setembro daquele ano, Ringo gravou com os Beatles pela primeira vez e foi chamado de louco pelo produtor George Martin, por quere tocar bateria e percussão ao mesmo tempo, uma vez que a banda só tinha apenas 4 integrantes. Não preparado para correr riscos, o produtor convocou a baterista Andy White para gravar as canções “Love me Do” e “P.S., I Love You”. Na primeira, Ringo tocou pandeiro e na segunda, maracas. As coisas se acalmaram e Ringo passou a ser aceito, sendo convidado para cantar e até começou a receber correspondências dos fãs, tanto quanto os outros e então se firmou como baterista daquela que se tornaria um dos maiores fenômenos mundiais da música, sendo até hoje chamados de Os 4 Fabulosos de Liverpool, ou Fab Four.
A banda duraria até o ano 1970 e se desintegraria. Ringo, então passou a construir uma carreira solo, que lhe rendeu se manter nas paradas e sempre lembrado até os dias de hoje, com mais de 20 álbuns lançados. Ao longo de sua extensa carreira, foi laureado diversas vezes, recebendo títulos honoríficos e muitas premiações. Em 1988, foi induzido no Rock’n’Roll Hall of Fame, junto com seus colegas de banda John, Paul e George. Em 8 de fevereiro de 2010, foi homenageado com uma estrela na Calçada da Fama, em Hollywood e em 2015, foi homenageado por sua carreira solo. Diferentemente dos demais Beatles, que receberam a homenagem como artistas, ele foi induzido na categoria “excelência musical”, fazendo parte de um seleto grupo de pouco mais de 20 personas a serem induzidos mais de uma vez. Ringo Starr também marcou seu nome no cinema, interpretando diversos papéis ao longo de umas duas décadas. Ringo não se considera um baterista técnico, mas enfatiza o sentimento sobre a técnica e assim influenciou muitos outros bateristas. Também influenciou várias técnicas modernas de tocar bateria como a empunhadura combinada, a afinação mais baixa e uso de dispositivos de abafamento em anéis tonais. Ringo Starr é considerado o baterista mais rico do mundo.
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