Sou cria do IRON MAIDEN no Metal. “Powerslave” (1984) foi meu primeiro disco (comprei em maio de 1985), e sempre terei um sentimento forte pelo trabalho deles (tanto que em minha tese de Doutorado, existe um agradecimento a Steve Harris por ser uma figura importante em minha vida). Mas, basicamente tudo que ouço da banda desde a volta de Bruce e Adrian (excetuando pelo bom trabalho em “The Book of Souls” (2015)) nunca me satisfaz, me dá a impressão que a Donzela de Ferro virou uma senhora idosa, gorda, cheia de varizes e cheia de gatos fedorentos em casa. E “A Matter of Life and Death”, décimo quarto disco da banda, lançado em 2006, reforça esta ideia.
Explicando: se houvesse um escrutínio cuidadoso do fã com o que foi feito entre “Iron Maiden” (1980) e “Seventh Son of a Seventh Son” (1988), perceberia que a fórmula da banda se revintava sempre. O Maiden nunca se repetia. Óbvio que “fails” clássicos como “No Prayer for the Dying” (1990) e “Fear of the Dark” (1992) já baquearam qualquer fã da época, discos aquém do que podiam render. Óbvio que a volta de Bruce e Adrian fez muitos fanáticos terem momentos de êxtase, enquanto uma visão mais crítica nos mostra uma infinita repetição do mais do mesmo. E tal qual “Brave New World” (2000) e “Dance of Death” (2003), este disco tem aqueles momentos que você pensa “agora vai”, mas não. O Maiden vive de seu passado, se repetindo constantemente, se nivelando por baixo. E sinto muito destruir seus sonhos, mas eu tenho culhões para dizer isso sem medo da histeria de fãs cegos.
Simplificando: “A Matter of Life and Death” é aquela mistura insossa de “No Prayer for the Dying” com “Fear of the Dark” e algo de “lado B” de “Piece of Mind” (1983), ou seja, mais do mesmo e sem brilho algum.
A produção de Steve Harris já não ajuda, e Kevin Shirley se mostra um co-produtor limitado. O último ainda fez a mixagem e engenharia, transformando a qualidade sonora do disco em algo porco, ralo e sem brilho. Os tons são terríveis, sem vida e brilho, soando cru sem necessidade.
Qualquer disco do passado glorioso da Donzela, mesmo sem os recursos modernos, dá de 10 a zero. Que som feio, horroroso e chato! A arte, por sua vez, é muito bonita, com uma apresentação digna do passado da banda.
Agora, musicalmente, o disco tem alguns bons momentos. Óbvio que chupinhados dos “lados B” do passado, os riffs e energia de “Different World” (embora seja capaz de prever o que a banda vai fazer em cada momento), as melodias bem legais de “These Colours Don’t Run”, o uso de partes sintetizadas do ritmo mais comportado de “Brighter than a Thousand Suns”, e a alternância de tempos bem manjada de “The Reincarnation of Benjamin Breeg”. Bem pouco para nos fazer aturar mais de uma hora de música.
A verdade é: “A Matter of Life and Death” é um disco forçado, fica claro. Forçado porque se o Maiden ousar fazer algo diferente do mais do mesmo de sempre, seus fãs mais jovens reclamarão horrores (vejam o que falam de Blaze e os discos dele até hoje, por mais que seja pirraça de fanáticos), e hoje, a banda é apenas uma empresa.
Repetindo algo que eu e muitos amigos falamos sobre o assunto: hora de Steve Harris apenas compor e tocar nos discos da banda e chamarem Jens Bogren, Andy Sneap ou outro produtor mais jovem para tentar salvar a Idosa de Ferro de um fim amargo de carreira.
O nome da banda não merece isso.
Formação:
Bruce Dickinson – vocal
Dave Murray – guitarra
Adrian Smith – guitarras, guitarra sintetizada em “Brighter than a Thousand Suns”
Janick Gers – guitarra
Steve Harris – baixo, teclados
Nicko McBrain – bateria
Faixas:
01. Different World
02. These Colours Don’t Run
03. Brighter than a Thousand Suns
04. The Pilgrim
05. The Longest Day
06. Out of the Shadows
07. The Reincarnation of Benjamin Breeg
08. For the Greater Good of God
09. Lord of Light
10. The Legacy