Conhecido carinhosamente pelos fãs de “o disco do barquinho” e lançado em 1997, “The Wake of Megellan” foi o décimo álbum de estúdio dessa verdadeira instituição do heavy metal, banda fundamental na criação do que mais tarde se denominaria como metal progressivo, sendo uma das pioneiras em mesclar música pesada com música clássica, mostrando estar à frente do seu tempo.
Sucedendo o ótimo “Dead Winter Dead” de 1995 que tinha como tema principal a guerra de Sarajevo, “The Wake of Megellan”, teve como conceito um marinheiro espanhol que enfrentaria as mais diversas aventuras a bordo de seu navio. A música que surge nesse álbum serve muitas vezes de trilha para o cenário de batalhas a qual o personagem principal enfrenta, soando dramática em algumas ocasiões e em algumas ocasiões ela nos transporta em sensações do mais puro relaxamento, desfilando uma banda madura com uma variedade de composições que transborda talento em suas mais diversas composições, que não teme assumir riscos e que nunca teve receio em oferecer algo realmente diferente de seu disco anterior.
A capa é outro ponto extremamente positivo, mostra um galeão espanhol enfrentando uma tempestade, lutando contra um mar furioso e com suas velas quase que destruídas, realmente um belíssimo trabalho.
O grupo naquela época contava com Al Pitrelli nas guitarras, notoriamente conhecido por nunca permanecer em uma banda por muito tempo e que tinha em seu currículo passagens por Asia, Alice Cooper entre outros, e que passaria anos mais tarde a integrar o Megadeth, em “The Wake of Megellan” Al mostra realmente ser um estupendo guitarrista que mescla perfeitamente pegada com uma técnica absurda.
Em linhas gerais o álbum caminha por terrenos bem melódicos e orquestrados se notando claramente a mão de Jon Oliva nas composições, já que o teclado é um dos protagonistas no álbum, o que na época desapontaria um pouco os fãs mais antigos que sempre preferiram o material mais pesado.
Existe uma latente influência do Queen em quase todo álbum que se nota nos diferentes coros que surgem ao longo das músicas e se tornam um atrativo como na abertura “Welcome” ou na faixa “The Hourglass”, a de se lembrar que não era a primeira vez que a banda explorava esses recursos já o tendo feito em “Only Child” do álbum “Dead Winter Dead” e “Chance” do magistral álbum “Handful of Rain”, em minha opinião esses coros são geniais dando uma dimensão operística nas músicas , conseguindo emocionar o ouvinte e demonstrando uma complexidade ao alcance de poucos.
Músicas que se destacam podem ser citadas “Turns To Me”, com ótimos vocais de Zak Stevens, uma bela melodia e um solo eletrizante de Al Pitrelli, a fantástica instrumental “Underture” que contém uma parte orquestrada de tirar o fôlego e “Black Jack Guillotine” para mim a melhor do álbum, com uma intro intensa e riffs cortantes e um destacado solo de guitarra, músicas mais pesadas temos “Another Way”, essa cantada por Jon Oliva e com uma combinação perfeita de peso e melodia.
Com tradição em sempre fazer belas baladas à banda não faz feio com “Anymore”, destaque para o teclado de Oliva e o trabalho dos coros. Zak Stevens como sempre mantém um nível altíssimo com suas linhas vocais e também merece ser citado como destaque.
Resumindo “The Wake of Megellan” é um álbum muito bom e possui momentos brilhantes, mas talvez soe muito sinfônico para os fãs mais antigos que necessitam de um tempo um pouco maior para desfruta-lo, como curiosidade a banda acabou passando pelo Brasil por duas vezes no mesmo ano para fazer a divulgação do álbum, onde em uma dessas oportunidades a mesma faria um show histórico na edição do festival Monsters of Rock de 1998.
Formação
Zak Stevens: Vocais
Jon Oliva: Vocais e teclados
Al Pitrelli: Guitarras
Chris Caffery: Guitarras
Jeff Plate: Bateria
Johnny Lee Middleton: Baixo
Músicas
1 The Ocean
2 Welcome
3 Turns To Me
4 Morning Sun
5 Another Way
6 BlackJack Guillotine
7 Paragons of Innocence
8 Complaint In The System
9 Underture
10 The Wake of Megellan
11 Anymore
12 The Storm
13 The Hourglass
