Particularmente, nunca fui um grande entusiasta do VAN HALEN enquanto David Lee Roth cantava no grupo. Tá, já sei que muitos leitores vão ter severos problemas e xingar este autor por isso. Tenho respeito pela criatividade e influência do grupo (nem preciso dizer o quanto “Eruption” influenciou toda uma geração de guitarristas, inclusive punheteiros fritadores que acham que tocar 999999 notas por segundo é fazer música, mas vá lá), mas sempre achei a fase inicial do grupo superestimada. Mas deixando meus pensamentos de lado, vamos falar sobre o quinto disco do grupo, “Diver Down”, de 1982.
Naquele tempo, pouca gente se prendia tanto a lances de rótulos e subdivisões (uma viadagem criada por um bando de babacas alimentados pelo leite de pica do Manowar), logo, o quarteto já mostrava claros sinais de que as coisas iriam mudar. Do Rock ’n’ Roll/Hard Rock seco anterior, em “Diver Down” a presença de sintetizadores está mais evidenciada que antes (embora tenham usado o recurso já em “Women and Children First”), que irá desembocar de vez no disco seguinte, “1984”. O estilo do grupo não muda muito, só ganha maior diversidade. Mas as tensões entre Eddie e Dave estão crescendo, e isso sem contar que o disco tem 5 de suas 12 canções como covers. Conforme declarações de Eddie à revista Guitar Player, foi por pressão da gravadora (lembrando que “Women and Children First” não se saíra bem em termos de vendagem), por isso estão lá “Where Have All the Good Times Gone!” (do THE KINKS), a chata e sacal “(Oh) Pretty Woman” (de Roy Orbison), “Dancing in the Street” (Martha and the Vandellas), “Big Bad Bill (is Sweet William Now)” (gravada por Margaret Young) e “Happy Trails” (de Dale Evans). Sucessos do passado que o quarteto regravou, e que ganharam um jeitão um pouco mais rocker.
Produzido mais uma vez por Ted Templeman, a sonoridade de “Diver Down” é mais bem acabada e construída que seus antecessores, mas claramente já buscando um direcionamento mais palatável para um público maior, já que o Hard Glam ainda estava apenas começando. Mas é impressionante como o baixo de Michael Anthony ficou audível, trovejante e gorduroso.
Musicalmente, o disco realmente tem toda uma classe para conquistar novos fãs, mas esse troço é claramente um disco de covers. Como citado acima, são cinco covers, três instrumentais, e quatro músicas novas. E são nessas quatro que a banda pega fogo e mostra seu estilo clássico (embora mais comportado), como em “Hang ‘Em High” (vale a pena aturar Dave canastrando só para ouvir as diabruras de Eddie na guitarra), a bluesy gordurosa “Secrets” (a bateria de Alex e o baixo de Michael estão muito bem, sem contar que Eddie faz arranjos excelentes), a intro em violão de “Little Guitars (intro)”, e a beleza absurda de “Little Guitars” (que deve ser linda na voz de Sammy Hagar), e a força do Boogey quase Western de “The Full Bug” (belas partes de harmônica, onde Dave fica quieto). Estranho é ouvir uma instrumental como “Cathedral”, toda nos sintetizadores. Os covers popularizaram a banda, especialmente “Where Have All the Good Times Gone!” e “(Oh) Pretty Woman” (ambas bem chatas, mas quem é fã adora).
Óbvio que “Diver Down” foi um sucesso (não tinha com não ser com esses covers populistas), garantindo à banda 65 semanas nas paradas e 4 milhões de cópias vendidas. Mas a estória das tensões internas ainda vai longe…
Mas com um olhar mais crítico, “Diver Down” é bom, mas nada além disso e um desperdício do talento criativo da banda.
Formação:
David Lee Roth (vocal, sintetizador em “Intruder”, violão e harmônica on “The Full Bug”);
Eddie Van Halen (guitarra, violão, vocal de apoio, sintetizador em “Dancing in the Street”);
Michael Anthony (baixo, vocal de apoio);
Alex Van Halen (bateria).
Convidados:
Jan Van Halen (Clarinete em “Big Bad Bill”).
Faixas:
01. Where Have All the Good Times Gone!
02. Hang ‘Em High
03. Cathedral
04. Secrets
05. Intruder
06. (Oh) Pretty Woman
07. Dancing in the Street
08. Little Guitars (Intro)
09. Little Guitars
10. Big Bad Bill (is Sweet William Now)
11. The Full Bug
12. Happy Trails