Dando seguimento ao Cronologia e abordando os registros feitos pela grandiosa banda Nazareth, chegamos ao seu sexto trabalho, que é, indubitavelmente, um álbum de estúdio digno de figurar na lista dos mais memoráveis da história do rock e, por que não dizer, da música como um todo. Prestes a completar 46 anos (foi lançado em 30 de abril de 1975), “Hair of the Dog” veio para consolidar de vez o grande serviço prestado pelo grupo escocês para com o gênero, fazendo-os deixarem de ter um alcance somente regional para ganharem o mundo.
O álbum também marcou a estreia do guitarrista Manny Charlton como produtor, em substituição a Roger Glover (Deep Purple), que havia trabalhado com a banda nos três últimos álbuns. Conta com oito faixas emblemáticas, sendo seis autorais, um tributo e uma mescla autoral/tributo. Sem mais delongas, vamos dissecá-lo.
Os trabalhos são abertos com a faixa que nomeia o disco, e que abertura! As batidas da bateria de Darrell Sweet introduzem um riff contagiante de Charlton, sendo acompanhadas com a voz marcante e enérgica de Dan McCafferty. O refrão é daqueles que você não consegue, por mais que tente, tirar da cabeça. A faixa, uma das mais bem sucedidas, foi tributada por outros artistas e bandas, como o Guns N’Roses, que a incluiu em seu “The Spaghetti Incident” (1993).
A segunda faixa é “Miss Misery” e se você já ficou surpreendido com a qualidade vocal de McCafferty na primeira música, prepare-se pra ser impactado nesta em que ele explora todo o seu potencial, acompanhado do glorioso riff. Creio ter sido uma faixa bem pesada para a época, e isso foi de certo um ponto positivo. Em “Guilty”, faixa disponível apenas na versão internacional, temos a primeira balada. Nessa, o teclado executado pelo músico Max Middleton é acompanhado pela leveza da guitarra de Charlton, com McCafferty também desbravando sua técnica acompanhado de grandes backing vocals.
Chegamos à “Changin’ Times”, trabalho que imediatamente me remeteu ao também lendário Led Zeppelin. Quanta energia nessa faixa, reunindo grooves e, a meu entender, o melhor desempenho de Charlton com as guitarras comparado às demais, executando-a com maestria na segunda metade. Em seguida vem “Beggars Day”, originalmente gravada pela banda Crazy Horse, que acompanhou Neil Young por vários anos. Como sempre, a dupla McCafferty/Charlton dando um show de harmonia na faixa, compartilhada com a instrumental “Rose in the Heather”, onde o guitarrista, mais uma vez, arrebenta.
Querem blues? Tomem blues! “Whiskey Drinkin’ Woman” une o emblemático gênero ao hard rock dos escoceses, sendo deveras agradável a todo e qualquer ouvido. Ares de psicodelismo permeiam “Please Don’t Judas Me”, com os sintetizadores e a tabla, tambor tipicamente indiano, sendo bons destaques junto a uma voz feminina no ápice.
Para encerrar esta verdadeira preciosidade do rock, aquela que é o maior êxito do Nazareth, “Love Hurts”. A música foi originalmente revelada pelo duo The Everly Brothers, mas foi nas mãos, pés e vozes dos escoceses que veio a se eternizar (mais um exemplo de tributos que se sobressaem às versões originais). Foi gravada como single de forma a antecipar o vindouro álbum, mas a responsável pela banda nos Estados Unidos decidiu utilizá-la na versão americana em substituição à “Guilty”, e o resultado não foi outro que não o sucesso.
Como dito no início, “Hair of the Dog” abriu as portas para que o Nazareth deslanchasse não somente na Escócia, Reino Unido ou Europa, mas em todo o mundo. Obteve remasterizações ao longo dos anos que se seguiram e é sempre lembrado pelos fãs, tamanha técnica, qualidade e até certa inovação trazida. Tem-se a força máxima e plenitude de cada um de seus integrantes, fincando em definitivo a bandeira dos escoceses no panteão dos grandes do rock e da música.
Nazareth – Hair of the Dog
Data de lançamento: 30 de abril de 1975
Gravadoras: Mooncrest (Reino Unido), A&M (EUA), Vertigo (Internacional)
Tracklist:
1. Hair of the Dog
2. Miss Misery
3. Guilty
4. Changin’ Times
5. Beggars Day/Rose in the Heater
6. Whiskey Drinkin’ Woman
7. Please Don’t Judas Me
8. Love Hurts
Formação:
Dan McCafferty – vocais
Manny Charlton – guitarra, sintetizadores
Pete Agnew – baixo, vocais de apoio
Darrell Sweet – bateria, vocais de apoio