Devido ao momento que estamos atravessando, eu, Helton Grunge, decidi criar este quadro de matérias chamado 40 de Quarentena. O quadro consiste em 40 dicas de álbuns para se ouvir durante essa crise de saúde que estamos enfrentando no mundo. Uma vez que tudo está limitado e que temos que ficar o máximo possível em casa, vou sugerir 40 álbuns muito bons para que você ouça e lhe ajude a passar por este tempo de crise.

A ideia é fugir das obviedades e falar de bandas que merecem ter seu trabalho em álbum conhecido, tal sua qualidade. Não preciso aqui “chover no molhado” e apresentar álbuns clássicos, até porque sua importância na música já é clara e certamente influenciou vários trabalhos. Os álbuns não necessariamente serão da cena underground, muitas vezes serão também de bandas que já se ouviu falar, mas não se ouviu um trabalho completo dela: vale a pena conferir a matéria e conhecer os trabalhos.

O álbum de hoje é Dançando no Campo Minado (2003) da banda brasileira de Rock chamada Engenheiros do Hawaii.

Engenheiros do Hawaii é uma banda brasileira de Rock que mudou bastante sua sonoridade ao longo do tempo de carreira, não dando assim para enquadrá-la em apenas uma vertente. A banda também acabou mudando algumas vezes de formação, mantendo apenas Humberto Gessinger como membro até o encerramento das atividades. Atualmente Gessinger segue carreira solo.

O álbum Dançando no Campo Minado (2003) está longe de ser o preferido dos amantes da banda, principalmente por não fazer parte de sua era clássica. Mesmo assim, decidi destacá-lo por conter ótimas músicas e ser um dos discos mais Rock and Roll da carreira da banda.

Humberto já disse em várias entrevistas que a banda “era Pop demais para o pessoal do Rock e Rock demais para o pessoal do Pop”, sendo assim, muita gente não se simpatizava com a banda. Mas a verdade é que a sonoridade da banda passou por diversos movimentos ao longo da carreira, recebendo diversas influências distintas em várias épocas diferentes.

A era mais aclamada contava com Humberto Gessinger no baixo, piano e voz. Carlos Maltz na bateria e Augusto Licks nas guitarras; nesta formação a banda gravou 5 álbuns de estúdio e mais 2 álbuns ao vivo. Porém o disco que estou indicando hoje é da fase final da banda, o disco de 2003, um ano antes da gravação do Acústico MTV (2004).

Gessinger costuma dizer em entrevistas que gosta muito dos dois discos que a banda lançou e que tem um verbo no gerúndio no título; são eles: Dançando no Campo Minado (2003) e o anterior, Sufando Karmas & DNA (2002). Nesta fase da banda Gessinger havia voltado a tocar guitarra, havia uma formação diferente, mas mesmo assim, a banda lançou ótimos discos e ótimas músicas, além de gravar dois acústicos: o já citado Acústico MTV (2004) e o Novos Horizontes (2007).

A banda é famosa pelas letras de Humberto Gessinger e pelos arranjos colocados na música. É a típica banda que acredita no trabalho verdadeiro e faz exatamente o que quer fazer em cada trabalho, não sendo influenciado pela “moda do momento” ou qualquer outro fator.

Meu primeiro contato com a banda foi por meio de um primo que me apresentou os trabalhos. Achei as letras bem interessantes e comecei a ouvir. Meu primeiro disco deles foi o A Revolta dos Dândis (1987) e, depois disso, virei fã e comprei todos (na verdade ainda falta um, mas logo chego lá). Amo as letras de Gessinger e gosto muito dos arranjos que a banda criou para as músicas ao longo de todo o trabalho.

O disco em questão, Dançando no Campo Minado (2003), apresenta uma fase distinta da banda. Os arranjos aqui são mais puxados para o bom e velho Rock and Roll e com algumas influências de Blues em alguns momentos. As letras são críticas a uma sociedade moderna e seus governantes relapsos que fecham os olhos para não enxergarem os problemas de sua população; coisa recorrente até os dias atuais. É um disco cheio de ironias, protestos ácidos e sarcásticos são constantes, afinal o nome é “Dançando no Campo Minado”, não tem como não entender assim.

Confira abaixo a tracklist do disco Dançando no Campo Minado (2003) da banda Engenheiros do Hawaii.

01. Camuflagem
02. Duas Noites no Deserto
03. Rota de Colisão
04. Dançando no Campo Minado
05. Segunda-feira Blues I
06. Dom Quixote
07. Até o Fim
08. Na Veia
09. Fusão À Frio
10. Segunda-feira Blues II
11. Outono Em Porto Alegre

Quando somos absurdamente fãs da banda fica difícil selecionar algumas músicas dentro de um álbum, mas tentarei da mesma forma. Engenheiros do Hawaii é minha banda nacional preferida, então qualquer escolha me parece como estar rejeitando o restante, mas, de qualquer forma destacarei: Camuflagem, Dom Quixote, Até o Fim e Fusão à Frio.

Camuflagem abre o disco tendo um riff de guitarra pesado e marcante sendo a faixa mais agressiva do trabalho. Dom Quixote é a típica música que seria um clássico caso tivesse sido lançada antes, na fase clássica; a sua letra é baseada no livro famoso de Cervantes e clássico da literatura mundial somado a algo pessoal, ela é a típica poesia reflexiva. Até o Fim é o lema para quem não quer desistir dos próprios sonhos, uma música encorajadora, com bons arranjos e muito interessante. A última que escolhi talvez seja bem desconhecida do público em geral, chama-se Fusão à Frio e é uma das minhas preferidas da banda sendo agressiva, intensa e bem crítica em sua letra: aqui ele relata a fusão da indústria da informação com a indústria do entretenimento, duas coisas que não deveriam andar juntas fundindo-se, certamente não terminaria bem (e não terminou).

A formação da banda no disco contou com: Humberto Gessinger na voz, guitarra, violão, harmônica e teclados; Paulinho Galvão na guitarra, Bernardo Fonseca no baixo e Gláucio Ayala na bateria, percussão e vocais de apoio.

Então escolha seu melhor fone, escolha sua plataforma de streaming preferida e aproveite este tempo de crise social para ouvir bons trabalhos musicais. A dica de hoje foi Dançando no Campo Minado (2003) da banda brasileira de Rock chamada Engenheiros do Hawaii, mas todo dia teremos novas dicas aqui com um breve resumo e breve opinião minha sobre o trabalho. Espero que a dica seja interessante e que usem este tempo difícil a seu favor, cuidando-se e cuidando das pessoas ao redor; mas sem deixar de conhecer ótimos trabalhos musicais que talvez você não teve tempo para ouvir.

Ouviu o trabalho? Deixe seu comentário abaixo, vamos conversar sobre. Caso vá ouvir após ler a matéria, volte para dizer o que achou e se a dica valeu a pena.

Fique ligado porque em breve tem mais! Sucesso e se cuidem, porque tempos melhores virão!

Encontre sua banda favorita