Resenha: Blackning – Alienation (2016)

Em geral, o segundo disco de uma banda representa sua afirmação. Sim, pois se o primeiro é a apresentação, as pessoas querem ver se a banda não é apenas “fogo de palha” de um disco só. Adicionem a isso a questão da banda ter em sua formação músicos experientes, oriundos de bandas bem conhecidas no cenário.

Sentiram a pressão que a banda deve suportar quando compõe e grava seu segundo disco?

Pois é, mas tem gente que parece mesmo ser motivada pelas dificuldades, como o trio paulista Blackning, que após a ótima estréia em “Order of Chaos”, de 2014, retorna espumando sua fúria Thrasher com “AlieNation”, seu novo trabalho, que acaba de sair do forno.

O que temos em “AlieNation” é a continuação do estilo que a banda já mostrava em “Order of Chaos”: Thrash Metal agressivo e bem feito, com boas melodias, mudanças de ritmo de alto nível, e mesmos toques mais extremos aqui e ali. A grande diferença do anterior é que toda estrutura harmônica e melódica da banda está mais coesa, mais sólida, e isso faz com que as canções do trio fluam de maneira mais espontânea. Sim, o Blackning subiu mais um degrau em termos de qualidade.

A produção e mixagem são de Fabiano Penna (guitarrista do Rebaelliun), enquanto a masterização é de Neto Grous do estúdio Absolute Master. E o resultado é uma sonoridade seca, agressiva e ríspida, próximo aos timbres que a banda reproduz ao vivo, e que permite que o ouvinte perceba não só o trabalho instrumental da banda sem dificuldades. Mas nem por isso ela deixa de ser pesada e de impacto.

Em termos de arte, a apresentação de “AlieNation” é de primeira. Um Digipack de três páginas permitiu que Marcus Zerma, da Black Blague Design, fizesse um trabalho de primeira, que remete à arte de “Order of Chaos”, mas dessa vez, mais densa e com um significado bem claro: a manipulação.

Musicalmente, o Blackning amadureceu, pois o Thrash Metal da banda está bem mais coeso e mostrando uma interessante influência de Crossover e mesmo HC em alguns pontos (como se pode perceber nos riffs de “Street Justice”), mas a banda está com arranjos musicais mais esmerados, e tudo está com uma estética bem cuidada, sem que a banda perca sua agressividade natural. E juntem a isso as participações especiais de Fabiano Penna nos backing vocals (que ainda programou os samples do disco), além dos vocais adicionais de André Alves (guitarrista/vocalista do Statues On Fire) em “Corporation” e Lohy Silveira (baixista/vocalista do Rebaelliun) em “Devil’s Child”.

O resultado disso é o que se vê nas 10 faixas de “AlieNation”.

Blackning banda 3

“Street Justice” – o disco abre com uma pancadaria rápida e veloz, forte e com boas mudanças de ritmo. O impacto é bruto, e onde vemos um ótimo trabalho de Elvis na bateria, especialmente nos bumbos e conduções.

“Thru The Eyes” – Outra bicuda na cara, rápida e instigante, com alguns riffs memoráveis e muita agressividade nos vocais, mesmo sendo uma canção um pouco mais simples no tocante à técnica. É incrível perceber como a banda sabe fazer músicas com mais simplicidade, mas que nos seduzem nas primeiras audições.

“Mechanical Minds” – Uma canção mais cadenciada, azeda, e de muito peso. É justamente onde Francisco “Chicão” mostra a força das quatro cordas da banda, e com Elvis, formam uma cozinha rítmica de primeira. E que bela dinâmica de arranjos e ótimos backing vocals.

“Dark Days” – Outra com certa cadência, mas que possui momentos mais rápidos. E justamente nas mudanças de ritmo, se percebe como Cléberaparece bem com riffs de primeira (e um solo inspirado), e Francisco tem seus momentos de destaque. Uma das melhores do disco!

“Weapons of Intolerance” – Uma pegada também um pouco mais lenta nos andamentos no início, mas que logo ganha mais velocidade e com boas variações rítmicas. E como os solos estão caprichados, sem contar que as bases de guitarra estão fantásticas. Belo trabalho de Clebermais uma vez, além de backing vocals muito bem colocados.

“Dyed In Blood” – Mais uma vez, um início sombrio, onde o som um pouco mais distorcido do baixo dita as regras e aparece muito bem, até que a velocidade aumenta, e o moshpit se torna inevitável. Belas passagens de dois bumbos, backing vocals muito bons e os vocais mostram seu valor.

“Devil’s Child” – A partir daqui, temos uma quadra de músicas mais curtas (menos de três minutos de duração), e essa é um Thrash ganchudo e furioso, cheio de energia, com um andamento mediano que ganha velocidade em muitos momentos. E bateria exibe uma técnica de primeira, em especial nos bumbos, além dos backing vocals estarem ótimos, além da participação excelente dos vocais de Lohy.

“The Rotten Institution” – A aura mais voltada ao Crossover dá as caras, sem que a banda perca seu jeito Thrasher. A velocidade se alia à técnica para criar uma canção de primeira, recheada com um trabalho ótimo de baixo e bateria, mas com riffs insanos e certeiros. Outra das mais ganchudas do CD.

“Two-Faced Liar” – Outra explosão de energia, com clara influência de HC e Crossover, apresentando ótimos vocais e muita agressividade, mostrando que a bateria realmente está fantástica no disco como um todo.

“Corporation” – Rapaz, como a banda capricha nos riffs! A porradaria come soltar, e mesmo sendo uma faixa com técnica musica mais simples, mostra uma riqueza de arranjos interessantes, e a participação de André nos vocais deu aquele toque a mais de agressividade.

Se ainda sendo tão jovem, o Blackning é capaz de fazer um disco como “AlieNation”, o futuro reservado a eles deve ser brilhante!

Um dos grandes discos de Thrash Metal do ano, sem sombra de dúvidas!

Formação:
Cléber Orsioli (vocal e guitarra);
Francisco Stanich Jr. (baixo e backing vocal);
Elvis Santos (bateria e backing vocal).

Faixas:
01 – Street Justice
02 – Thru The Eyes
03 – Mechanical Minds
04 – Dark Days
05 – Weapons of Intolerance
06 – Dyed In Blood
07 – Devil’s Child
08 – The Rotten Institution
09 – Two-Faced Liar
10 – Corporation

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