Nesta segunda-feira, 13, completam 8 meses em que estamos sem a voz e o talento de Warrel Dane entre nós. O vocalista, que fez história no SANCTUARY e no NEVERMORE e gravava seu segundo álbum solo aqui no Brasil – você pode ler a matéria sobre o lançamento póstumo do álbum clicando aqui, quando faleceu aos 56 anos, vítima de um ataque cardíaco. Dane era diabético e teve problemas com alcoolismo no passado, problema este que ele apontou como uma das razões para a separação do NEVERMORE. Ele deu certa vez a seguinte declaração:
“NEVERMORE, a melhor banda que o álcool já destruiu”.
Este que vos escreve teve a honra de conhecer, quando ele veio à cidade do Rio de Janeiro, em 10 de abril de 2014 fazer o primeiro de seus shows solo, junto com Johnny Moraes (guitarra), Thiago Oliveira (guitarra), Fabio Carito (baixo) e Marcus Dotta (bateria), que seriam seus companheiros até o fatídico 13 de dezembro de 2017.
Dane, mesmo cansado da longa viagem se mostrou super simpático comigo e com mais alguns metalheads que ali estavam, todos os afortunados que foram escolhidos para um meet & greet. Num bate-papo rápido, tive a oportunidade de agradecê-lo por me seguir no Twitter e também deixei meu lado jornalista aflorar, soltando a pergunta que 11 entre 10 fãs queriam fazê-lo: “Mr. Dane, o NEVERMORE voltará?”
A resposta dele foi:
“Maybe” (talvez).
Dane aproveitou para me dizer que o SANCTUARY estava de volta à ativa e após posar com todos para foto, eu pedi educadamente para que ele incluísse a música Poison Godmachine no set list daquela noite. Cantamos naquele instante boa parte do refrão desta música juntos (claro, ele com muito mais talento do que eu) e para a minha surpresa… A música foi tocada no show. Nunca saberei se a música já estava no set list ou se ele incluiu de última hora, atendendo ao meu pedido. Bem, prefiro acreditar na segunda opção.
A turnê foi um sucesso e sempre que Dane tinha um tempo, pois era bastante ocupado com o restaurante que tinha em sociedade em Seattle com seu amigo e baixista do NEVERMORE. Jim Sheppard, ele se reunia com os músicos para shows até que todos entraram no estúdio Orra Meu, na capital paulistana para gravar ‘Shadow Work’.
A sua morte deixou todos em choque: amigos, os músicos que com ele estavam, fãs, familiares bem como a sua gravadora e o disco ficou no limbo por algum tempo, mas depois que o material foi analisado, ficou decidido que seriam usados diversos takes que Dane gravou em pré-produções e que Shadow Work seria lançado postumamente.
Jens Prüter e Stefan Franke, respectivamente, diretor de A&R e gerente de produção da Century Media, deram a seguinte declaração: ” Estamos ansiosos para lançar estes 40 minutos de música em outubro. Nós e muitos outros colegas de trabalho da Century Media conhecíamos Dane há muitos anos, passamos por muitas dificuldades e somos fãs de sua arte, assim como há pessoas que o apoiaram desde o início dos anos 80. A dedicação de sua banda, de Travis Smith (N do R: responsável por toda a arte do álbum póstumo) e nossa equipe investiram em completar ‘Shadow Work‘. Foi surpreendente, e todo o registro carrega uma atmosfera sinistra de Warrel sentindo que este poderia ser seu último trabalho. E é de partir o coração (saber) que ele estava certo no final. Descanse em paz, amigo”.
Travis Smith também falou sobre o álbum: “Eu concluí a arte adicional pegando inspirações em velhas conversas, absorvendo passagens de seus cadernos e algumas letras que ele havia escrito antes”. E completa com um discurso emocionante: “Obrigado por tudo nestes últimos 20 anos… Foi uma honra. Vai fazer muita falta. Você nos deixou com muitas saudades. Eu sei que você ficou orgulhoso”.
Os músicos brasileiros também falaram: “Fazer nascer um trabalho como este é para nós um tributo a alguém que era como um familiar e honrar a sua memória, compartilhando algumas das poesias selvagens que ele criou, e em última análise, (Dane) ficou muito orgulhoso (pelo trabalho final)”.
No dia 31 de agosto, começa a pré-venda do álbum póstumo e uma primeira música de ‘Shadow Work‘ estará disponível na mesma data. Enquanto isso, aguardamos este lançamento que, com toda a certeza, fechará com chave de ouro o trabalho esplendoroso que Warrel G. Baker (seu nome de batismo) realizou em toda sua carreira.
