A data escolhida oficialmente como o dia do Rock (13 de julho) e atualmente tão comemorada pelos brasileiros é na verdade relacionada ao maior evento de Rock realizado para fins de arrecadação humanitária do planeta: O LIVE AID. Seu maior objetivo era a obtenção de fundos para dizimar a “epidemia” de fome que alastrava a Etiópia, um país africano que sofria uma tremenda e avassaladora crise política e agrícola.
Chamada de Carestia, este grande rastro de miséria matou milhões de africanos e comoveu outros milhões de pessoas no mundo. Com isso, o cantor, compositor e humanista irlandês Bob Geldof este evento, do qual convocou a parceria de vários músicos de Rock e alguns de Metal para a realização de shows. Com a venda de ingressos e doações via cartão de crédito ou cheque (algo como hoje você conhece ser o Criança Esperança) as pessoas poderiam ajudar, enquanto os shows eram apresentados ao vivo e pela TV (de forma confusa, cheia de interrupções e de forma bem desorganizada pelos canais de TV onde o evento ocorria simultaneamente nos Estados Unidos e na Inglaterra).
O evento arrecadou muitos milhões de libras que foram destinados para os governantes desse país, que de alguma forma fora algo ingênuo, pois se o país sofria o lapso da corrupção, certamente boa parte foi desviada, e as coisas mudaram lá; mas não o suficiente para elevar a condição social do país.
Curiosamente, este que deveria ser um evento de união social e cultural das bandas e ser exemplo para outros no mundo, acabou por se tornar um único evento nesse perfil (com outros similares de menor porte) sendo difundidos no mundo nessa época.
Mas por que este é o evento que símbolo dia do ROCK?
Sinceramente eu discordo porque pelo que se entende este evento teve uma grande repercussão mundial pelo fim que se destinava; porque o Rock e o Metal estavam em alta na época; por ser um fato em contraste com uma época de abastança produtiva e material em outros países… mas o que realmente significou para este estilo musical a fim de definir como seu “dia oficial”?
Como disse, ao que se parece embora várias ONGs começassem a atuar na África, que parecia às moscas de consenso humanitário, os objetivos não foram completamente atingidos em função das infindáveis corrupções políticas e mal aproveitamento da arrecadação e muitos hoje se consideram coagidos pela mídia quase que por uma culpa por outro país passar dificuldades. Claro, não abstendo da importância de termos um olhar solidário, acolhedor e humano para as questões de outros países em dificuldades. Não estamos distantes disso hoje.
Os refugiados de ALEPO estão batendo nas portas dos países europeus.
Será que o Rock pode ser associado a movimentos sociais a nível mundial? Será que o show business da atualidade vê possibilidades de associar o Rock e o Metal com causas de real ajuda social? Será que no fundo estamos preocupados em desmembrar o sentido de ser ROCK N’ ROLL para algo que simplesmente se propõe a ser outra coisa? De que forma a música influencia no comportamento filantrópico das pessoas?
São muitas as perguntas. Mas penso que o Rock tem outro sentido de ajuda na humanidade.
A partir do momento em que se ouve e se busca o ROCK, o METAL, há ali um enorme e invisível protesto contra toda a sociedade massificadora, toda humanidade sangrenta e egoísta que não se importa com a dor, com a solidão, com a injustiça da moralidade podre, das guerras de propósitos puramente egocêntricos, inclusive a própria corrupção e todo esse rastro de coisas que nos instigam, nos fazem ter vontade de gritar, de jogar nosso peso, nossa energia e desabafo.
Pensando nisso, para mim o dia do Rock é todo dia. Porque todo dia o nosso grito de libertação surge como necessidade de sobrevivência.
São nossas fomes, e só o Rock pode nos saciar!