VLTIMAS – Something Wicked Marches In (2019)

Nunca escondo que tenho os dois pés atrás com o termo supergrupo, e a história do Metal me dá embasamento para tal. Entretanto, confesso que ao ficar sabendo que David Vincent (ex-Morbid Angel), Rune “Blasphemer” Eriksen (ex-Mayhem, Aura Noir) e Flo Mounier (Cryptopsy), estavam se unindo para formar o VLTIMAS, bateu no mínimo uma curiosidade quanto ao que surgiria de tal mistura. Fora isso, existia certa dúvida quanto a capacidade de David de voltar a fazer Música Extrema de qualidade, após o tão controverso Illud Divinum Insanus (11). Com o lançamento de Something Wicked Marches In, tais perguntas começam a ser respondidas.

Para início de conversa, chama a atenção o entrosamento e a coesão do trio. A sensação que você tem é que estamos diante de músicos que tocam juntos há muito tempo. A forma como conseguem unir suas características individuais também impressiona. O VLTIMAS não reinventa o Death Metal, mas consegue fazer uma leitura própria do estilo, unindo a sonoridade do Morbid Angel dos primeiros álbuns, com riffs, solos e melodias próprios do Black Metal, e uma bateria explosiva e técnica, típica das vertentes mais brutais do Death Metal. Em suma, é uma música mortífera, esmagadora e impiedosa com pescoços e ouvidos menos treinados.

Em pouco mais de 38 minutos, o ouvinte irá se deparar com aqueles vocais bem característicos, que marcaram a passagem de David pelo Morbid Angel. Um prato cheio para os fãs. As guitarras de Rune soam agressivas, e trazem aquela atmosfera típica do Black Metal para as canções do VLTIMAS, graças aos seus riffs afiados, cortantes e repulsivos. Quanto a Flo Mounier, ele não é menos que monstruoso, e sua bateria tem o poder de 10 bombas atômicas, tamanho o potencial destrutivo da mesma. Fazia muito tempo que eu não escutava uma estreia tão bruta e esmagadora como essa. É impossível não se empolgar.

“Something Wicked Marches In” chega metendo o pé na porta se dó nem piedade, mesclando Death Metal com Black, e com uma bateria monstruosa, características que compartilha com a brutal “Praevalidus”. Riffs afiadíssimos e cortantes dão o tom na esmagadora “Total Destroy!”, enquanto a sombria “Monolilith” tem uma pegada mais Death Metal Old School, e vocais sinistros de Vincent. “Truth And Consequence” se destaca pelos ótimos riffs; a sinistra “Last Ones Alive Win Nothing” se mostra cadenciada e absurdamente opressiva; e “Everlasting” esbanja velocidade e agressividade. Encerrando o álbum, uma sequência destruidora, com a visceral “Diabolus Est Sanguis” e a tirânica “Marching On”.

A produção, mixagem e masterização ficaram a cargo de Jaime Gomez Arellano (Ghost, Myrkur, Paradise Lost, Sólstafir), e a qualidade não é menos que ótima. A capa é obra de Zbigniew Bielak (Behemoth, Deicide, Dimmu Borgir, Possessed, Vader). Para visualizar melhor o que temos aqui, imagine um Caterpillar 797 (aqueles caminhões monstros de minério) descendo uma ladeira desgovernado e passando por cima de tudo que encontra pela frente. Mortífero e esmagador, o VLTIMAS não nos entrega um CD, mas uma verdadeira força da natureza. Dificilmente vai escutar um CD de Death Metal melhor em 2019. Aos interessados, a Urubuz Records lançou a versão nacional de Something Wicked Marches In.

Faixas
01. Something Wicked Marches In
02. Praevalidus
03. Total Destroy!
04. Monolilith
05. Truth And Consequence
06. Last Ones Alive Win Nothing
07. Everlasting
08. Diabolus Est Sanguis
09. Marching On

VLTIMAS é:
– David Vincent (vocal)
– Rune “Blasphemer” Eriksen (guitarra)
– Flo Mounier (bateria).

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