A ciência explica de forma muito didática como funcionam as válvulas elétricas. Tem a ver com polarização de tensões, aquecimento de cátodo, emissor de elétrons, ânodo, etc. O que a ciência não explica é a sensação de uma guitarra elétrica distorcida ligada a um amplificador valvulado na potência 10 e sua relação com pelos arrepiados, sensação de liberdade e tesão em ouvir e tocar Rock. E quem se importa? Contanto que a ciência cuide para que os amplis valvulados continuem na ativa, a segunda parte continuará a encontrar gente que a sustente, como provam Glauber Barreto e Rodrigo Torres com o Válvera.

Após ter integrado bandas de Punk Rock, Blues e Rock’n’Roll, Barreto estava sem nenhum projeto em vista. Foi quando apareceu o guitarrista Rodrigo Torres, que acabara de sair de trabalhos voltados à MPB e migrava de vez para o Heavy Metal. A intenção era trabalhar as influências e criar um som que traduzisse a personalidade musical da dupla. Em janeiro de 2010 estava criado o Válvera, cujo nome nem é preciso dizer de onde vem – amplificadores valvulados e a “paulera” do som, com as válvulas que dão o timbre quente dos seus amps. “Reza a lenda urbana que esse nome só é compreendido quando é alta a dosagem de álcool e metal”, diverte-se Glauber Barreto.

valvera

Cinco anos depois de muito suor, cervejas e ensaio, Glauber Barreto (vocal e guitarras), Rodrigo Torres (guitarras e backing vocals), Jesiel Lagoin (baixo) deixaram a cidade de Votuporanga, interior de São Paulo. Já na capital, encontraram com o rio-pretense Vini Rossignolo, que assumiu a bateria em 2014. O quarteto então escolheu o renomado estúdio Mr. Som para gravar o álbum de estreia, tendo Marcello Pompeu e Heros Trench no comando da produção. “As jams intermináveis que fizemos foram úteis para que criássemos nossa própria interpretação do Heavy Metal, utilizando as diversas influências das bandas que ouvíamos e o nosso passado musical”, explica Rodrigo Torres. “E o vocal é ‘rala goela’, como diz Pompeu”, completa.

Mesmo tendo o Metal em primeiro plano, o Válvera se permite passear por diversas vertentes do Rock em suas composições. “Todo mundo fala isso, mas realmente não nos importamos com rótulos ou tabus na hora da criação. Tocamos com peso e agressividade, mas acima de tudo, com liberdade. Procuramos dar a cada música a sonoridade que ela pede, sem abandonar as origens do Metal”, observa Torres.

O objetivo inicial foi cumprido com o lançamento de “Cidade em Caos”, por meio da parceria entre a Muqueta Records e a Voice Music. “A faixa-título fala do incômodo gerado pela alienação das pessoas e o momento conturbado que vivemos, além da necessidade de nos expressarmos para enfrentar essa fase”, explica Torres. “Bem, também estamos querendo dizer que tacamos o ‘foda-se’. Se ninguém quiser ouvir, ninguém quiser ver, ainda estaremos lá, sempre lutando pelo que a gente acredita!”, completa o baixista Jesiel Lagoin.

A primeira faixa divulgada, “Extinção”, conta com um lyric vídeo no canal da banda no YouTube. “As nossas letras são em português, sem a pretensão de catequizar. Seguimos nosso próprio caminho e falamos de forma direta”, diz Barreto.

O álbum abre com “Pra baixo dos pneus”, mais direta e na cara, com letra polemizando sobre os ateus. “Pegamos de inspiração um amigo particular nosso que se diz ateu, mas que em todo susto ou dificuldade que tem clama por Deus. Basicamente, queremos falar que seja qual for as dificuldades ou problemas, deve-se passar o trator em cima de tudo, independentemente de tabus, religiões ou qualquer outra coisa”, destaca Barreto. “Musicalmente, a sonoridade se baseia no Thrash do Metallica, dos primórdios com aquele lado mais punk de ‘Motorbreath’ e algo mais moderno de ‘Fuel'”, acrescenta Torres.

Após uma série de apresentações no noroeste paulista e também na grande São Paulo, como no festival “Metal Pesado Brasileiro” (Sesc Osasco) ao lado de Korzus, Almah, Kiko Loureiro e Claustrofobia, o Válvera realizou o show de lançamento de “Cidade em Caos” no último dia 1º de agosto. O evento contou com a participação especial de Marcello Pompeu (Korzus) no show do Válvera e a presença das bandas Metalmorphose e Muqueta na Oreia.

VÁLVERA – Cidade em Caos (2015, CD)
Lançamento – Muqueta Records e a Voice Music
Produção – Marcello Pompeu e Heros Trench
Gravado, mixado e masterizado no estúdio Mr. Som (SP)

Faixas:
01 – Pra Baixo dos Pneus
02 – Cidade Em Caos
03 – O Miserável
04 – Escravo do Acaso
05 – Sangue e Ouro
06 – O Céu Pode Esperar
07 – Redenção
08 – Hora do Show
09 – Extinção

Site: http://www.valvera.com.br/

https://youtu.be/pfeEItgvh6U

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