Texto Veronica Mourão

Fotos Ana Costa

Como todo domingo começa tarde, assim fomos descansados para o show. Não que tenha tido muito atraso ao começar, mas as pessoas foram chegando pouco a pouco. Nessa altura, já estávamos mesmo impressionados com tanta boa energia e pensávamos até se tínhamos mesmo vivido tudo aquilo nos últimos dias. Mas não, não havia acabado. Ainda iríamos viver mais momentos incríveis e grandes bandas!  Brindamos o Heavy, o Death, o Thrash e principalmente o Hard Core… e ainda falamos com o Ross The Boss (em breve na Roadie Metal) que revelou belas palavras como criador do Manowar, e tantas outras coisas bem interessantes que se você não estava lá é melhor conferir no texto abaixo:

 

Stone Rust

Excelente banda Portuguesa de Thrash Metal com potência e identidade. Música de fácil assimilação, que fez muita gente agitar o corpo bem no ínicio do domingo de verão. As cores eram preto e branco como a logo deles. O vocalista inspirava-nos maturidade e energia. Um bom som, de uma boa banda….para acordar em VAGOS!

 

Dark Embrace

Os Dark Embrace é uma banda com muita potência e energia. No estilo Dark Metal, a banda é da Galicia, região céltica e com raizes “escuras” no Metal. Os rapazes fizeram uma ótima apresentação e atualmente trabalham a divulgação da tour de The Call Of The Wolves, após terem fechado com a 7 Hard Records. Excelente apresentação!

 

Schammasch

Esta banda que contou com a performance de três guitarras, baixo e bateria, era mais uma das apostas de bandas obscuras que iriam se apresentar em Vagos. Os suíços do Schammasch buscaram uma teatralidade inicial. Poderia ser uma grande apresentação. Começaram o show com as costas para o público, trazendo à tona a expectativa de uma atuação cênica para apresentarem seu show cheio de ocultismo, xamanismo babilônico, e outras “diabruras”. Com o preto e dourado sendo o tom das roupas e do cenário, o som dos caras era bem pesado e bem sujo, mas não trouxe encantamento, mesmo pras plateias que apoiam o gênero e conseguem ver ali qualquer coisa que valha a pena. Tinha conteúdo para isso. Mas a cara manchada de preto do vocalista, a performance quase adormecida dos músicos, e um som linear demais, fez com que infelizmente a proposta deixasse a desejar.

 

Feed the Rhino

Potência emoção e um trabalho executado com muito primor, assim foi o Feed The Rhino que mostraram uma energia Hardcore/Rock n Roll/Punk Rock bem alta e cheia de energia.  Considerados bons representantes do Metal Core Inglês, tem toda a potência de bandas como Rob Zombie.

 

Ross the Boss

Criador do Dictators e do Manowar, esta lenda viva do Rock e Metal , trouxe à Vagos grandes sucessos do Manowar e a atitude de um homem que não pára de fazer parcerias e produzir. Ele não se cansou de elogiar os músicos que os acompanharam e de estar tão grato de continuar a trabalhar com sua música e sonha em ir no Brasil no Natal.  Através de um entrevista exclusiva para a Roadie Metal, Ross fala de sua carreira e publicações, tanto quanto na banda como na carreira solo. Confira, fique ligado na entrevista por aqui!

Integrity

Som pesado e cheio de energia. Postura, atitude e com muita soneira. A banda formada por integrantes americanos e belgas, tem como destaque suas letras que pontuam a religião, o sobrenatural, a doença mental, o individualismo, o ocultismo e o “Santo Terrorismo” ou problemas da Guerra Santa. A banda é de 1988.

 

Municipal Waste

A tão esperada banda norte americana de crossover thrash de Richmond, Municipal Waste dos Estados Unidos, trouxe o prenúncio do que viria nesta apresentação. Com o carismático quarentão Tony Floresta como Frontman, não faltou energia, muitos moshes e crossurfings para os “filhos de gerações” que beberam na fonte de Suicidal Tendencies e outras tendências pesadas dos anos 80, com a linha fina entre o metal e o punk. Foi bem animado.

 

 

Ensiferum

Uma banda, um dançarino, um ator se faz também pela sua resiliência e sua capacidade de se adaptar à um desastre ou fato inesperado, do qual a inconstância da vida pode apresentar. Naquele dia os Ensiferum, assim como os Converge haviam sido vitimas de problemas em aeroportos, devido ao trânsito excessivo das épocas de veraneio. Com vôos europeus lotados, dos que buscam a luz e o sol, já era de se esperar que quem viaje nessa época passe por tais fatos. E foi isso que afetou os Ensiferum, pois tiveram a bagagem de equipamentos e roupas desviados. Mas nada impediu que fossem prontamente para Vagos, trajando suas roupas de verão e “ficar em casa”, ainda que a proposta da banda seja uma étnica e bem paramentada banda de Viking ou Folk Metal. O fato de ter deixado os instrumentos para trás, os obrigou a fazer um viking metal de raiz, com direito à um som TODO ACÚSTICO, ao som de violões e bateria emprestada. E foi ótimo! O silenciamento dos guturais e cordas estridentes para um som bucólico e que parecia estar no quintal de casa, trouxe uma atmosfera nova para VAGOS. Só me dava vontade de dançar! Inusitado! A capacidade de levantar a platéia com o som acústico e ainda assim trazer a potencialidade da banda à tona, não poderia deixar de ser percebida. Ao ouvir o material original dos caras, considero que valeu a pena conhecer esses Finlandeses com e sem amplificadores! Aprovado!

 

 

Suicidal Tendencies

Dos guetos norte americanos, nos antigos anos 80; em meio a pobreza, a segregação racial e a diferença social do Brooklin e do Queens em Nova York, surgiu uma das figuras mais expressivas do Hard Core mundial: Mike Muir com a mesma atitude de mais de 30 anos atrás, nos leva para o mais puro e nobre som de origens desse movimento que se espalhou pelo mundo. Respeitado e reverenciado, Mike ainda corre pelo palco vividamente, ainda conversa frases de impacto cheias de palavrão e discursos anarquistas com a platéia e mantém vivo uma chama que pode-se chamar a veia pulsante dos guetos do “Tio Sam”. Suicidal dispensa apresentações e traz as novas gerações a maturidade e o estilo único do cross over hard core de um senhor que ainda não soube envelhecer, mesmo no auge dos seus 55 anos.

 

 

Memoriam

A banda Memoriam surgiu com um grande peso e substancialmente íntegros no mais potente e genuíno Old Death Metal Inglês. O curioso é que de acordo com uma entrevista realizada com Karl Willetts em março de 2016, a banda foi formada como uma homenagem ao baterista Martin “Kiddie” Kearns. Mais conhecido como Kiddie, o falecido baterista da banda Bolt Thrower de Death Metal. Kiddie morreu inesperadamente aos 38 anos e era considerado um dos mais respeitados músicos do gênero no país. Como a banda quis dissolver o grupo, o Memoriam surgiu para manter o legado do artista em atividade.

 

 

Rasgo

 

A noite e o festival encerrou primorosamente. Quem estava a cargo disso eram os caras muito bons do RASGO. Donos de uma incrível performance de Thrash Metal, a banda é formada por vários grandes artistas do Metal Portugues. Confira: Guitarra – Pedro Ataíde (Sarrufo);ex-Trinta e Um/ex-Pé de Cabra ; Guitarra – Rui Costa (Ruka); Tara Perdida ; Bateria – Ricardo Rações; ex-Trinta e Um/ ex-Sacred Sin ; Baixo – Filipe Sousa; ex-Shadowsphere /ex-WitchBreed ; Voz – Paulo Gonçalves; ex-Shadowsphere / ex-Formaldehyde / Ignite the Black Sun.

O véu se “rasgou”.  Vagos estava encerrada com muita energia e profissionalismo.

 

Depois de tudo, o gramado sujo e a chuva fina traziam o silêncio do fim. As memórias brotavam como nuvem e ali estavam a cada momento para não se esquecer. Era um caminhar para casa com os sons na mente e no coração…43 bandas,  fãs enlouquecidos, gritos e guitarras enlouquecedoras, pedais duplos incessantes, cabelos ao ar, pessoas a nadar na multidão. Cerveja, camisas pretas e um olhar insano, maravilhoso que brotava dos rostos, dos que eram carregados pelos seguranças no fosso dos fotógrafos. Cada olhar que deslizava na multidão, era recebido com o colo “maternal” e respeitoso dos seguranças. Era como uma verdadeira confirmação de que o METAL sempre foi um benção dos céus. Crianças, idosos, madurões e jovens de todas as idades faziam o Rock, o Hard Core, o Metal correrem pelas veias à exaustão. Ninguém ali deixaria de ouvir os ECOS de Vagos. Ainda ouvimos o som dos instrumentos, a voz dos frontmans…Mas agora só há a chuva fina do fim desses dias de Verão. Que venha VAGOS 2019!

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