Vagos Metal Fest
Saiba tudo que rolou nos quatro dias do evento.
Parte II
Depois de entrar naquele ambiente tão pueril, num campo que mostrava a relva impecável e um ambiente fulgural de convívio, eis que os amplificadores são ligados. O ruído dos microfones, o toque sutil nas guitarras e um retumbar de tambor da bateria eram o prenúncio do som absolutamente enlouquecedor, maravilhoso e e surpreendente que com toda certeza retumbou nas paredes dos vizinhos em Vagos, e viajou pelos vales e rios de Aveiro, iluminou as noites escuras da Quinta da Ega, encantou os portugueses. As t-shirts negras cintilavam na escuridão, nomes de bandas, marcas e conceitos. Os cabelos e a falta deles se misturavam. O porco rodava incansável no espeto, os moshes aceleravam nos círculos, os cabelos em ondas de vento gelado contrastavam com o sol e a lua. Cada banda mereceu seu reverenciamento e a dedicação dos nossos olhares atentos, determinados a prestigiar ou a conhecer uma banda daqui e dali. Um festival, um espetáculo.
Pudemos ver “frontmans” altamente energizados, músicos enlouquecidos, cenas teatrais e efeitos musicais. Sentimos o peso sombrio e ao mesmo tempo cheio de humor do Black Metal, a vivacidade insana do Death, a leveza madura do Heavy, o sentimento profundo do Doom, o grito rebelde do hard core punk, a atitude do thrash e todas aquelas variações que o Metal ganhou ao longo de 30 anos de existência como Folk, Power, Speed, Dark, Progressive, etc. Mas todos empunharam guitarras rasgantes e baterias em pedal duplo, que não importava quantos integrantes cada uma das bandas tinha. Cada grupo, tinha o seu “sabor”, sua “verdade”.
Quinta Feira, 9 de agosto – 17:45h
Booby Trap
Como já se esperava, o festival começou com uma banda portuguesa chamada Booby Trap. Quando iniciaram os shows, vi claramente que se tratava de uma banda com energia de arranque ideal para tudo que iria acontecer. Com a linha de trabalho comum no meio metal português o “crossover”, combina bem com as linhas de várias bandas que iriam ali se apresentar ao longo dos quatro dias. Com um vocalista cheio de “sangue nos óio” e muita potencia “hardcore”, não havia como não se agitar com esses rapazes. O ápice foi um hino aos bebuns de plantão. “drunk style” e a chamada para o primeiro MOSH. Grande começo!
Facebook: https://www.facebook.com/boobytrap.pt/?ref=br_rs
Destroyers of All
Já numa apresentação cheio de peso e potência, o Destroyers of All, foram a primeira banda do palco principal e ao meu ver com boas influências do death e do thrash, e em muitas vezes me lembrou Slayer e bandas do gênero. Havia um bom domínio de palco e um vocalista com energia de sobra. Embora sejam portugueses, o material de divulgação da banda, bem como todo o conjunto de sua obra é em inglês, o que penso terem a intensão de projeção internacional. Uma boa banda com unidade e peso suficiente para representar um potente METAL português para exportação!
https://www.facebook.com/DestroyersofAll/
Trinta e um
Para quem não conhece a expressão, “31” é muito mais que um número isolado. É uma expressão portuguesa que significa “confusão ou algo complicado”. Eu já tinha ouvido a expressão e achei a ideia sensacional. É uma banda tradicional no hardcore português, e é percebido a capacidade de domínio de palco dos rapazes, com fãs a usarem as camisas e a acompanharem o desenvolvimento do show, cantando. Considerei essa banda com identidade que marca o estilo na terra lusitana, com bom ar punk rock e um vocalista que foi até a platéia deixar claro o seu recado: O discurso era sobre a importância do metal português e com toda razão, pois o pessoal aqui manda muito bem neste estilo! Foi mesmo um show de atitude!
https://www.facebook.com/trintaeum.lvhc/
Insammer
De volta ao palco principal, eis que surge o surpreendente som do Insammer que nos deixa dividido entre a dupla vocal e guitarra (que me lembrava Roxete…hehe – Vika Dola & Oleg Izotov) mas o fato é que o destaque maior na verdade foi a parceria de Vika com outro guitarrista: Dennis Wise. Sim, ele são um casal! Vika Dola é uma mulher espetacular, uma imagem de encher os olhos no âmbito artístico e no visual, tocando um autêntico Fusion Metal Sueco, brindando de vez com a potência das grandes cantoras e grandes bandas da Escandinávia. De forma envolvente o show nos conduz a um grande espetáculo Nu metal, ou “Metal de transfusão”, como eles se auto denominam. Hipnotizante!
https://www.facebook.com/Insammer/
Theriomorphic
O vocalista Jó é uma figura bastante conhecida do Metal Português e tem uma potência vocal e instrumental admirável. A banda trouxe nos um show pesado e empolgante. O Theriomorphic sintetizou o que o português sabe fazer de melhor no Metal e a tradição de seu trabalho é notável. Considerei o trabalho deles como importante definição de peso do Death Metal nacional. Recentemente lançaram o EP Of Fire and Light e a apresentação movimentou o público presente!
https://www.facebook.com/themightytheriomorphic/
Orphaned Land
Um show muito esperado e confesso aguardado com muita curiosidade e atenção. O Orphaned Land representa com primor a delicada e sutil fusão do som demoníaco do metal com a harmonia dos sons sagrados do Oriente. Israel, terra abençoada de tantas histórias de origem da humanidade, contempla significativamente um conjunto admirável de sons com influências ancestrais, coroando assim o som dessa banda, no autêntico Middle East Metal. Este estilo de música em terras de conflitos eternos, oferece resistência diante do radicalismo político e religioso que ali permeiam. E foi assim que o vocalista Kobi Farhi levou aos palcos de Vagos seu protesto e sua atitude, como o criador do Oriental Metal e em seu movimento incansável de disseminação do Metal no Oriente Médio. Da mesma forma, este grande artista também já foi premiado com 3 Nobel da Paz por shows beneficentes. O impressionante KOBI, que parece mesmo um Jesus Cristo, trouxe à Vagos o seu discurso político sobre Judeus, Muçulmanos e Israelenses com a máxima “We do not resist” (uma de suas canções com temas críticos) e “Brother” (sobre a igualdade no Oriente Médio) trazendo à tona estes conceitos. Além de um colírio para os olhos, a banda é mesmo um espetáculo para nunca mais se esquecer.
https://www.facebook.com/OrphanedLandOfficial/
Analepsy
Analepsy é mais uma das bandas portuguesas (Lisboa) que chegou mostrando peso e identidade. Trata-se dos garotos que trouxeram o Brutal Death Metal, com um considerável gutural sujo e bem trabalhado, que nos levou a um linear mas bem construído show intenso e substancial. Jovens promessas para grandes trabalhos!
https://www.facebook.com/analepsyofficial/
Dust Bolt
Dust Bolt se mostrou o tempo todo feliz de estar em terras da peninsula ibérica, especialmente em Portugal. Essa banda agitou bastante o público presente e não é para menos, os rapazes que tem contrato com a Napalm Records tem atitude e tendem ser uma promessa do Metal Alemão, terra de grandes bandas do estilo. Dust Bolt tem energia e instigou o mosh várias vezes da platéia. Não é para menos, o Thrash Metal tem muito mais aceitação e absorção pelos diversos públicos do metal e eles em nada deixam a desejar. Vale a pena acompanhá-los.
https://www.facebook.com/dustbolt/
Impera
A noite de quinta feira fechou com o vocalista do Impera vestido como se estivesse em casa. E na verdade é assim que os TUGAS se sentem nessa noite espetacular. O Impera tem um trabalho harmonioso que naturalmente mescla suas influências Rock and Heavy com o autoral. Não deixou a desejar na sua performance e trouxe um som com muita força para VAGOS. Também com uma divulgação e letras em inglês, a banda é oriunda de Lisboa.
https://www.facebook.com/ImperaPT/
No fim de todas as noites, haviam DJs para gradativamente as pessoas se recuperarem ou irem descansar para um dia posterior de muito metal e hard core. Sentia-se um clima de muito carinho do público com todas as bandas e uma resposta diversificada. Além dos moshes e crowdsurfs homéricos, a alegria estampada em rostos suados e cansados coroavam VAGOS como um festival com tudo para estarem nos patamares das exigências européias do segmento. Digamos que o público português dosava seu ponderamento europeu, com a avassaladora energia de balançar as cabeças e enlouquecer livremente, como se fosse o última dia da vida. Isso sem acidentes, traumas ou brigas desnecessárias.
Quer saber mais?
Leia o VAGOS METAL FEST – Parte 3