Densa, soturna, espinhosa. Essa é a magnética e hipnotizante sonoridade da Umbilichaos, projeto formado em 2007 pela talentosa e multifacetada Anna C. Chaos, e no dia 17 de Junho teremos mais uma poderosa amostra disso com “To Become Unreal”, novo trabalho de Anna que será dividido em duas faixas atmosféricas e impressionantes.
A indestrutível banda de uma mulher retorna com seu 12º manifesto de cyber-psicodelia esmagadora e dissonante, apenas 7 meses após seu último disco. Em “To Become Unreal”, composto ao final de 2014 enquanto atravessando tempos sombrios, Anna C. Chaos documenta mais uma vez o confronto humano com demônios pessoais e impessoais. Gravado, mixado e masterizado pela artista no segundo semestre de 2020, acaba por se tornar um retrato sonoro do apocalipse atual.
Com 2 faixas totalizando 25 minutos, proporciona novamente uma experiência imersiva de jornada musical: mais uma trilha sonora do que um disco de Rock convencional. Parte final da Tetralogia da Solidão, junto aos três discos anteriores, é inspirada por Jung, Joseph Campbell, João Cabral de Mello Neto, Vidas Secas, e iconografia bíblica. Liricamente permeada de imagens agonizantes de busca pelas verdades internas, em meio a paisagens desérticas e erodidas do espírito humano. Sonoramente, saca de Neurosis, Justin K. Broadrick, Meshuggah, Melvins, Soundgarden, Death, Swans, Earth, Eyehategod, Amebix, Celtic Frost. Mas também de Sonic Youth, Tar, Babes in Toyland, Drive Like Jehu, Slint. Fugazi. Acrescenta ainda Cocteau Twins, e Joni Mitchell. Como os trabalhos anteriores, se apropria do método do Metal e Hardcore, mas abolindo a fórmula. Paga tributo e utiliza dos ensinamentos, mas os distorce, angula e subverte. É lento, grave, psicodélico, intenso e agressivo. Explora dissonâncias e texturas de guitarra, com riffs longos e angulares, acordes estendidos. Urros viscerais, ruídos e efeitos, coexistem com tablas e guitarra slide. Sussurros e cantos, alternam com tempos e dinâmicas estranhos, sempre forçando mais complexidade das programações de drum-machine.
A tetralogia atual foca em ser sonoramente mais concisa e sobrepujante, e “To Become Unreal” é a mais pungente declaração destes princípios. Tentando colocar mais feiura nas partes melódicas, e alguma beleza e harmonia nas dissonantes, é também um esforço para encontrar sentido para a experiência do trágico.
“Abrindo com o esmurrar rítmico metódico de Half Life – Swans, dentro de um rodamoinho psicodélico, que vomita um andamento ofegante de outro mundo, antes de se transformar em um drone acentuado por guitarra slide, rastejando em direção ao Calvário. Swans, Godflesh e Eisenvater navegam no seu bote, e afundam o navio de batalha inimigo. Isso é algo para dar ouvidos.”. (Starkweather/facebook)
Ouça “To Become Unreal Pt.1”
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