O ano de 2015 marcou pela repercussão de mais um lançamento do Iron Maiden: “The Book of Souls” sem dúvidas foi o registro mais dissertado pela comunidade musical. O álbum duplo dividiu opiniões e gerou controvérsias! Maravilhoso e fazendo jus aos grandes clássicos para uns, e um cansativo “mais do mesmo” para outros. Bem, divergências a parte tivemos uma certeza: no nosso TOP 5 não figurou… Vamos aos escolhidos:
Motörhead – “Bad Magic”
O último suspiro de uma das maiores lendas da música! Mas não é por esse motivo que “Bad Magic” figura nessa relação. É exatamente por termos o glorioso Motörhead de outrora, inspiradíssimo, e sem “resquícios piedosos” pelos graves problemas de saúde que cobravam uma vida de muitos excessos e total imersão rock’n’roll do líder Lemmy Kilmister (partiria no final do ano). Se apresentarmos este petardo para um ouvinte iniciante, o impacto será o mesmo de qualquer outro registro da discografia, asseguramos… Aliás, o disco “passeia” muito bem por todos os insights de sonoridade que o Motörhead teve ao longo de sua carreira. Empolgação, “sujeira”, peso e fúria continuam presentes nas 13 ótimas canções que permeiam o repertório.
Phil Campbell e Mickey Dee estão soberbos em seus instrumentos como sempre, dando espaço para Lemmy personificar com seu baixo Rickenbacker, uma aura mitológica que o fez ser venerado pelas tribos punk e metal, em um momento onde esses universos colidiam. Vale destacar a versão de “Sympathy for the Devil”, dos The Rolling Stones (fechando os trabalhos), que ao mesmo tempo que mantém a estrutura melódica do clássico de forma fidedigna, introduz os “motores rangendo” ao máximo que caracterizam o grande Motörhead. Não foi a intenção, mas como último e “forçado” registro (infelizmente), “Bad Magic” se dá sim como uma bela despedida!
Lançamento: 28 de agosto de 2015. Produção: Cameron Webb. Gravadora: UDR.
Paradise Lost – “The Plague Within”
“The Plague Within” é um retorno absorto do Paradise Lost ao seu início de carreira (mas precisamente entre os anos de 1990 a 1995), onde o “doom death metal” permeava sua sonoridade incisivamente. Porém, nada de se repetir! Os ingleses fizeram história pelo ecletismo que passearam por gêneros dos mais díspares, como gotic, sinth rock, texturas eletrônicas e melodias que flertavam com a música pop. Apesar desse retorno as origens, obviamente a banda não iria se auto plagiar, concordam? Com a versatilidade adquirida, inovam dentro da fórmula pré-concebida com brilhantismo.
Temos aqui um dos melhores momentos da banda! Nick Holmes volta as vocalizações mais ríspidas e guturais, mais recorre dentro dessa atmosfera, densa, arrastada e pesadíssima, a praticamente todos os tipos de timbres que trouxe ao longo da história do grupo. Realmente, é o grande destaque do álbum! O instrumental é irrepreensível em sua qualidade, não a toa “The Plague Within” entrou em TODAS as listas de melhores discos de 2015.
Lançamento: 01 de junho de 2015. Produção: Jaime Gomez Arellano. Gravação: Century Media Records.
Dr Sin – “Intactus”
Falar da competência instrumental do magistral trio paulistano é “chover no molhado”, não acham? Um dos grupos que despontaram em resposta ao sucesso do Sepultura no mercado externo, cantando em inglês, no início dos anos 90. É unanime que merecia ter tido uma visibilidade maior em sua trajetória, mas a sonoridade calcada no hard rock setentista e oitentista, em um período que qualquer resquício de virtuosismo festivo era “jogado para debaixo do tapete”, com certeza atrapalhou bastante a sua expansão.
A exemplo dos álbuns já citados nesse TOP 5, “Intactus’ é uma viajem musical por toda a carreira do Dr Sin. Inclusive temos ecos até do alternativo “Insinity”, aliás um belo e subestimado álbum da discografia. A recepção por incrível que pareça foi morna, o disco foi recebido como “repetitivo” pela crítica e parte do público. Mas bem, em se tratando de Edu Ardanuy e dos irmãos Busic, fazer o suposto “básico” é MUITA coisa: AULA de rock’n’roll pesado, diversificado e leve em sua mensagem, diluído em canções inspiradíssimas e vigorosas. É colocar no play, que a festa está devidamente garantida!
Lançamento: 10 de março de 2015. Produção: Andria Busic. Gravadora: Unimar Music.
Fear Factory – “Genexus”
Esse nono álbum autoral representa uma “guinada para novos ares” na trajetória do Fear Factory em contraponto ao anterior, “The Industrialist”. Em “Genexus”, o grupo enriquece o registro com nuances sonoras que o tornam mais dinâmico e diversificado. Um aspecto predominante para esse patamar, podemos creditar ao fato de Mike Heller e Deen Castronovo ter tocado bateria em algumas faixas, o que contrasta absolutamente ao último projeto, que foi gravado totalmente usando uma bateria programada.
É perceptível que Dino Cazares também arriscou mais ao nível do seu virtuosismo na guitarra. Burton C. Bell extrapola seu característico registo “agressivo/gutural” durante os versos e “cantado/melódico” nos refrões confirmando a manutenção da “impressão digital” da banda. A salada de death metal, metalcore, incisões eletrônicas, industrial com temáticas futuristas, tecnológicas, ficção científica, é MATADORA! Como fez diferença o caráter mais “orgânico” no resultado final. Um dos grandes momentos do Fear Factory!
Lançamento: 7 de agosto de 2015. Produção: Fear Factory + Andy Sneap + Rhys Fulber. Gravadora: Nuclear Blast.
Krisium – “Forged In Fury”
A evolução dos gaúchos é uma das coisas mais assombrosas que vemos na história do Metal! É impressionante como conseguem amadurecer cada vez mais uma fórmula num gênero que sempre pareceu limitado. O Krisium está virando esse contexto do avesso. Sim, com sobras é a MELHOR BANDA de death metal do planeta! “Forged In Fury” é melhor que todos os seus antecessores tecnicamente falando. Aliás, sempre o disco atual alcança um patamar além com relação aos anteriores.
Não conheço outro artista nesta década dentro de “hordas extremas” que consiga cumprir esse papel, até porque o medo de errar INEXISTE. Em meio ao death característico, passagens de heavy e thrash tradicional podem ser notadas: músicas trabalhadas, algumas com 5 ou 6 minutos de duração, técnica acima da média e o som mais limpo que uma banda do gênero pode produzir. Isso obviamente sem perder a essência. “Forged In Fury” é mais um clássico do estilo, salve Krisium!
Lançamento: 7 de agosto de 2015. Produção: Erik Rutan. Gravadora: Century Media Records.