TOP 5: ÁLBUNS QUE MARCARAM 1993

Extremamente difícil escolher apenas estes 5 títulos do ano de 1993, ano frutífero. Ano que foi repleto de ótimos lançamentos e que posteriormente tornariam-se clássicos absolutos.

As minhas escolhas estão logo abaixo, e por causa da quantidade abundante de álbuns ótimos, tomei a liberdade de fazer uma menção honrosa aos outros lançamentos de 1993 que me deixaram em dúvida: Sound Of The White Noise do Anthrax, Deaf, Dumb Blind do Clawfinger, Sarsipius’ Ark do Infectious Grooves, Acid Eaters do Ramones, Inhaler do Tad, Jar Of Flies do Alice In Chains, Siamese Dreams do Smashing Pumpkins, Formaldehyde do Terrorvision, In Utero do Nirvana, Undertow do Tool e os brasileiros do Titãs com Titanomaquia, Angels Cry do Angra e Chaos A.D. do Sepultura.

Living Colour – Stain

1993 marca a entrada do baixista Doug Wimbish e também o fim da trilogia (Vivid, Time’s Up e Stain) inicial da carreira dos caras (em 1995 haveria um hiato até 2003, com o lançamento de Collideoscope)

Stain possui um clima mais denso e menos “colorido” que os anteriores, com sonoridade mais “heavy” em algumas faixas e experimentalismos de rock industrial em outras faixas. Talvez pela abordagem do tema escravidão abordado nessa obra (observe o modelo na foto da capa, que está com uma réplica de um capacete utilizado para punir escravos negros na era da inquisição), algo terrível. Sinta o peso e a raiva em Auslander (estrangeiro em alemão), com certeza é uma das músicas mais “pesadas” dos caras, tanto na sonoridade quanto conteúdo da letra, essa merece destaque ABSOLUTO.

O álbum conta com alguns Hits como a sugestiva Bi, a lindíssima e a atmosférica Nothingness e Leave It Alone que é um hard rock no melhor estilo Living Colour, cheio de groove e melodia. Essas faixas tiveram seus vídeos exibidos a exaustão na programação da MTV na época. Auslander já tinha presença garantida no Headbangers Ball (programa direcionado ao Metal).
Além destas, podemos destacar também a pesada abertura do álbum com Go Away, na sequência vem Ignorance Is Bliss (que é desabafo em forma de Groove), Never Satisfied e a hardcore/industrial This Little Pig.
Sempre de maneira impecável, as músicas do Living Colour, sejam as mais suaves ou as mais pesadas são muito bem elaboradas e executadas. Com os vocais perfeitos do Corey Glover (com certeza uma das vozes mais afinadas de todos os tempos), a guitarra do Vernon Reid (que com certeza influenciou diretamente o Tom Morello) e a “cozinha” refinada do batera Willian Calhoun e do baixista (então novato na banda), Doug Wimbish.

Stain tem momentos de revolta e momentos de sutileza, mostrando todas as caras dessa banda que estava a frente de seu tempo e mesmo hoje, 28 anos após seu lançamento ainda sem mantém sofisticado e com temas políticos que infelizmente ainda continuam em evidência, como o racismo.

Data de lançamento: 2 de março
Gravadora: Epic Records
Produção: Ron Saint Germain, Living Colour

Faixas: Go Away, Ignorance Is Bliss, Leave It Alone, Bi, Mind Your Business, Auslander, Never Satisfied, Nothingness, Postman, WTFF, This Little Pig, Hemp, Wall, T.V.News.

Formação:

Corey Glover – Vocais
Vernon Reid – Guitarra e sintetizador
Doug Wimbish – Contra baixo
Willian Calhoun – Bateria e percussão

Bad Brains – Rise

Rise é o quinto álbum dos caras e trouxe novidades para a época. Israel Joseph I entrou para substituir o lendário frontman H.R e Mackie Jayson substituiu o baterista Earl Hudson (que é irmão mais novo do H.R). Além disso, esse lançamento foi o primeiro por uma grande gravadora,a Epic Records.

Com um álbum super bem produzido Rise é uma obra que mistura hardcore, reggae, Funk e até um pop jazz de maneira coesa e convincente. Dentre as 12 faixas podemos destacar:

Rise que virou Hit instantâneo nos programas de Rock da MTV e rádios rock dos EUA e com certeza é a faixa mais conhecida desse álbum. Em Miss Freedom, uma pegada meio rap metal se mostra como uma das novidades nesse álbum. Na sequência o “Hardocore cru” de outrora aparece em Unidentified, e em alguns momentos dá até pra achar que o H.R. está de volta aos vocais. Muito perfeito.
Todo metalhead tem aquele amigo que curte um reggae, né?, então não se sinta isolado, diga que conhece reggae também, mostre Love Is The Answer que é reggae de uma banda de hardcore (surreal),com certeza seu amigo não vai conhecer, mas você vai se sentir muito bem com isso.
A música Free traz um hardcore meio Suicidal Tendencies, faixa bastante moderna, na mesma linda de Rise.

A sexta faixa traz uma versão sensacional para Hair (do Graham Central Station) que foi um dos principais nomes do Funk estadunidense dos anos 70, liderado pelo baixista Larry Graham. A versão do Bad Brains mantém o groove e acrescenta uma dose de peso considerável.

Fechando o álbum de maneira impecável eles apresentam Without You, que é uma belíssima canção romântica que foge totalmente dos padrões “surtados” do Bad Brains. Apesar de saber que o guitarrista Dr. Know tem altíssimas influências de jazz moderno.

Rise é uma obra única, que marcou uma era que se encerrou em 1995 com a volta do H.R. aos vocais.

Data de lançamento: 17 de agosto
Gravadora: Epic Records
Produção: Beau Hill

Faixas: Rise, Miss Freedom, Unidentified, Love Is The Answer, Free, Hair, Coming In Numbers, Yes Jah, Take Your Time, Peace Of Mind, Without You, Outro.

Formação:

Israel Joseph I – Vocais
Dr. Know – Guitarra
Darryl Jenifer – Contra baixo
Mackie Jayson – Bateria

Fight – War Of Words

Enquanto a maioria “chorava” com a saída de Rob Halford do Judas Priest, eu comemorava ouvindo War Of Words.

Porém, era apenas o primeiro álbum, e como eu não era um fã (do Metal mais tradicional), não esperava muito da banda nova do Halford. Tudo mudou quando ouvi esse álbum pela primeira vez, fiquei de cara. Que perfeição! O peso das guitarras, o baixo trovão e principalmente Halford usando mais sua voz grave. Isso ficou bom demais.
Mas aí, fui entender com quem o ex vocal do Judas de juntou, e só vi uns garotos desconhecidos e com cara de mau, camisetas e bermudas. Nada de couro, nada glam, parecia que a coisa tinha ficado séria. Meu “cérebro explodiu”

Aí descobri que o Scott Travis (baterista que estava no Judas em Painkiller), o baixista Jay Jay, nas guitarras estavam Brian Tilse e Russ Parrish (que inclusive atualmente está no Steel Panther) e percebi que a história agora era outra. Finalmente chegávamos ao anos 90.

Into The Pit começa “rasgando” tudo com bumbos duplos e o vocal agudo do Rob, de maneira agressiva como nunca antes.
Em Nailed To The Gun nem parece o Halford, com vocais beirando o gutural e os demais músicos fazendo backing vocals dando ainda mais peso a música.
Já em Life In Black o que se ouve é uma música arrastada, fúnebre e a voz limpa do halford até assusta de tão séria, sem contar o riff de guitarra do início que te faz ficar tentando replicar “cantarolando”.
Immortal Sin mostra o que Rob Halford finalmente chegou a evolução do metal que ele mesmo ajudou a moldar, e trouxe um metal moderno, se distanciando muito de sua banda antiga. Quando você escuta War Of Words entende o porque de ter se tornado o título do álbum. Violenta, pesada e com muito groove, apesar da voz aguda marcando presença.

Little Crazy é a porta de entrada para essa nova fase. Foi a primeira faixa que ouvi em forma de vídeo clip, foi uma surpresa. Quando aquela guitarra “countryficada“,usando slide e com um peso absurdo e também abusando do groove. Acho que o vídeo clip super moderno também ajudou a mudar a idéia que se tinha sobre o Halford.

Data de lançamento: 14 de setembro
Gravadora: Epic Records
Produção: Rob Halford e Attie Bauw

Faixas: Into The Pit, Nailed To The Gun, Life In Black, Immortal Sin, War Of Words, Laid To Rest, For All Eternity, Little Crazy, Contortion, Kill It, Vicious, Reality, a New Beginning + Jesus Saves (hidden track)

Formação:

Rob Halford – Vocais e guitarra
Russ Parrish – Guitarras e teclado
Brian Tilse – Guitarras e teclado
Jay Jay – Contra baixo
Scott Travis – Bateria

Paradise Lost – Icon


Após os 3 primeiros álbuns, o Paradise Lost já tinha se tornado expoente do Doom e Gothic Metal. Em Shades Of God o vocal do Nick Holmes já mostrava a direção de sonoridade que a banda estava tomando. Algo menos gutural, com músicas mais bem elaboradas, introduzindo mais teclados e também vocais femininos.Essa evolução resultou no poderoso Icon.

Com uma evolução que saltava aos olhos (e ouvidos) o Paradise Lost foi deixando sua música mais polida, produção mais caprichada e as capas cada vez mais bonitas. Quando ouvi esse álbum pela primeira vez, começando por Embers Fire (obviamente), parecia estar ouvindo a trilha sonora de um filme épico passado na era do Império Romano.

É engraçado gostar de um som tão “arrastado” quanto esse, quem curte trash ou hardcore dificilmente se identifica. Porém, a maneira como as músicas são construídas, o riffs de guitarra, a voz e as letras te deixam meio que hipnotizado, como em Remembrance, que é uma obra prima do metal em geral. Acompanhe o refrão e cante junto “Fate, fate of my laughter, the loss of your sight, Hating the vicious lies, I will revel insane”, sensacional.

Em Widow o Paradise Lost mostra mais velocidade na bateria, mas sem descaracterizar o seu estilo já tradicional.

Como preciso resumir, acabo destacando outro clássico desse álbum,True Belief. Nessa faixa a banda acaba dando descaradamente um Spoiler do que viria a ser o seu próximo álbum, o insuperável Draconian Times.

Data de lançamento: 28 de setembro
Gravadora: Music For Nations
Produção: Simon Efemey

Faixas: Embers Fire, Remembrance, Forging Sympathy, Joys of the Emptiness, Dying Freedom, Widow, Colossal Rains, Weeping Words, Poison, True Belief, Shallow Seasons, Christendom, Deus Misereatur.

Formação:

Nick Holmes – Vocal
Aaron Aedy – Guitarra
Matthew Archer – Bateria e percussão
Stephen Edmondson – Contra Baixo
Gregor MacKintosh – Guitarra

Participações;

Andrew Holdsworth – Teclados
Denise Bernard – Vocais

Pearl Jam – Versus

Para a maioria das bandas existe o desafio de fazer o segundo álbum superar o sucesso do primeiro, para o Pearl Jam isso não foi um problema. Após o estrondoso sucesso de Ten, eles surgem com essa pérola.

Em Versus, eles se mantiveram focados em fazer um som despretensioso e sem objetivos comerciais, como resultado, explodiram ainda mais.
Os singles Go, Daughter, Animal e Dissident explodiram no mundo inteiro, difundindo ainda mais o “rolo compressor” que foi o grunge. Com um detalhe, sem ter vídeo clip na MTV e ainda por cima arranjando uma baita briga com a Ticketmaster (empresa do monopólio da venda de ingressos no EUA).

Mantendo o experimentalismo em W.M.A o peso em Blood e Leash, passando por viagens acústicas como em Indifference e se lambuzando com o grunge descarado em Rats e Rearviewmirror o Pearl Jam conseguiu o seu lugar efetivo de destaque na cena grunge, que tinha como “concorrentes naturais” os amigos do Soundgarden, Alice In Chains e também o Nirvana.

Defintivamente o Pearl Jam não era (e não é) banda de um álbum apenas e muito menos artista de uma música só, e apesar de amar toda a discografia dos caras, para mim, Versus é a obra prima deles.

Data de lançamento: 19 de outubro
Gravadora: Epic Records
Produção: Brendan O’Brien, Pearl Jam

Faixas: Go, Animal, Daughter, Glorified G, Dissident,W.M.A., Blood, Rearviewmirror, Rats, Elderly Woman Behind in a Small Town, Leash, Indifference.

Formação:

Eddie Vedder – Vocais e guitarra base
Mike McCready – Guitarra solo
Stone Gossard – Guitarra base
Jeff Ament – Contra baixo
Dave Abbruzzese – Bateria

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