Chegamos a 1977 aqui na segunda temporada do Top 5, e com 1977 vem também o primeiro especial do quadro, algo que faremos pontualmente em alguns anos dessa longa jornada da história do rock. Para estrear, escolhi o tema Punk Rock porque o boom do gênero foi naquele ano, especialmente depois do Ramones lançar seu primeiro trabalho em 1976 e revolucionar o rock.
O punk nunca foi só um movimento musical, mas também comportamental e ideológico (mesmo que alguns de seus maiores ícones tenham pensamentos completamente opostos) e ao menos na esfera musical veio como uma resposta ao rock que estava com canções cada vez mais longas e trabalhadas, enquanto os punks faziam canções de pouquíssimos minutos com também pouquíssimos acordes.
Alguns até podem afirmar que ao nascer, o punk rock matou o rock progressivo (que em termos musicais é o seu grande “rival”, o seu “contraponto”), que nos anos seguintes passou por uma reinvenção ao ficar com um som mais pop e new wave nos anos 80. Bom, sabemos que o rock progressivo não morreu, mas que o nascimento do punk foi uma grande chacoalhada no rock, foi.
Como dito acima, em 1977 foi o grande estouro do gênero e dezenas e dezenas de álbuns que hoje são considerados clássicos do gênero foram lançados naquele ano, sendo assim muita coisa vai acabar ficando de fora da lista.
Pensando nisso, tomei uma arriscada decisão: deixei de fora as três maiores bandas do gênero. Ramones, Sex Pistols e The Clash, com seus álbuns “Leave Home”, “Rocket to Russia” (Ramones), “Never Mind the Bollocks, Here’s the Sex Pistols” (Sex Pistols) e “The Clash” (The Clash), ficaram restritos aqui nas menções especiais. O meu argumento principal é que provavelmente a maioria absoluta dos leitores da Roadie Metal já conhecem essas bandas, esses discos e a importância dos mesmos para a cena punk e para o rock. Fazendo isso, abro três espaços para trazer outras três bandas que ficaram mais restritas ao círculo punk rock.
Vamos lá, espero que gostem! Eu, tendo o maior “rival” (o rock progressivo) como gênero musical favorito, me diverti e aprendi à beça fazendo as pesquisas para essa postagem:
The Damned – Damned Damned Damned
Assim como a maioria dos trabalhos de bandas punks lançados em 1977, este foi o primeiro disco dos ingleses do The Damned. Foi gravado entre setembro e dezembro de 1976 e lançado logo no início de 1977, fazendo com que seja considerado o primeiro álbum punk lançado por uma banda inglesa. A faixa “New Rose” já havia saído como single em 1976, também considerado o primeiro single punk rock lançado por uma banda inglesa, e fez algum barulho, gerando para a banda uma oportunidade de tocar com The Clash, Tom Petty & The Heartbreakers e Sex Pistols; anos mais tarde, já nos anos 90, a canção alcançou um novo público ao ser coverizada pelo Guns n’ Roses. “Neat Neat Neat”, “Fan Club” (com um riff roqueiro sensacional), “Fish” e “So Messed Up” são outros destaques.
Dead Boys – Young, Loud and Snotty
Trazendo a primeira e única banda americana para a lista com o primeiro álbum do Dead Boys, lançado em outubro de 1977 e considerado um dos álbuns mais essenciais do punk rock em todos os tempos. Vigoroso, empolgante e arrebatador, Young, Loud and Snotty faz aquele punk rock com um clima rock n’ roll (na linha Sex Pistols, para quem não conhece); faixas como “All This and More”, “Sonic Reducer” e “Ain’t Nothin’ to Do” mostram tudo isso.
The Saints – (I’m) Stranded
Lançado em fevereiro de 1977, “(I’m) Stranded” foi o primeiro disco da banda australiana The Saints. Em termos de sonoridade, o The Saints talvez seja uma das bandas que soem mais na escola Ramones do que na escola Sex Pistols (como o Dead Boys, por exemplo). As canções são retas, diretas, com aquela energia dos riffs simples que até ficaram mais caracterizados como punk rock do que os riffs mais puxados para o rock n’ roll dos Pistols ou do Dead Boys. “Erotic Neurotic”, “I’m Stranded” e “Wild About You” são os destaques.
Wire – Pink Flag
O Wire foi uma daquelas bandas que já era vanguarda em um movimento de vanguarda. Enquanto o punk ainda engatinhava, o Wire já dava indícios do que seria o hardcore pouco tempo depois. Canções com menos de 1 minuto, um timbre de guitarra mais pesado, carregado e riffs mais rápidos… Destaques: “It’s So Obvious”, “Surgeon’s Girl”, “Ex Lion Tamer”, “Brazil”, “Mr. Suit” e muitas outras, afinal são 21 canções em 35 minutos. A importância do Wire é tão grande que não só marcou o punk rock e influenciou o hardcore com “Pink Flag”, como também foi uma banda vital para o movimento post-punk com seus álbuns seguintes.
The Stranglers – Rattus Norvegicus
Mais um álbum de estreia para finalizar o top 5, Rattus Norvegicus (também conhecido como IV) foi lançado em abril de 1977 pelos ingleses do The Stranglers e traz toda a energia da banda em 9 canções e dentre outras diversas opções o escolhi para ser um contraponto com os demais escolhidos; enquanto The Saints segue a escola Ramones, Dead Boys é mais na linha rock ‘n roll dos Pistols e o Wire era algo quase novo dentro do novo, o The Stranglers, assim como o The Clash, flertava com outros gêneros como o reggae (como um dos seus grandes clássicos aqui, “Peaches”) e até sons mais experimentais como “Princess of the Streets”; até mesmo as faixas mais punks contam com algo que as diferenciam na primeira ouvida, como linhas de teclado, caso de “Sometimes”. Outros destaques: “Goodbye Toulouse”, “London Lady” e “Ugly”. Como afirmei na introdução da postagem, o punk rock é um movimento além da música, e a atitude conta muito; embora o The Stranglers tenha muito de punk rock em sua música, a sua atitude como banda foi um dos fatores para que a banda fosse aceita no meio punk.
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