O aromático imediatamente se funde com a delicadeza e com o frescor. O intimismo ofertado pela interação entre guitarra e teclado invariavelmente leva o ouvinte a vivenciar vislumbres de um romantismo léxico que faz com que o ouvinte rememore, de imediato, a sonoridade muito bem adquirida pelo Whitesnake. Capaz de trazer consigo um viés entorpecente inquestionável, Bloodbath Romeo surpreende pela sua quebra rítmica e pela sua explosiva desenvoltura hard rock. Narrada por uma voz masculina de interpretação lírica intensa e visceral, a faixa se destaca, também, por trazer consigo boas doses de crueza.
Depois de uma faixa altiva, sensual e intrigantemente romântica, o ouvinte se depara com um ecossistema introspectivo denso e de caráter trevoso. Seu sonar de nuances quase guturais fazem com que a composição vá colocando o espectador, pouco a pouco, em um mundo ausente de luz natural e, portanto, sombrio. De maneira surpreendente, porém, Perfect Day For A Breakdown, ao se permitir desenvolver a sua própria estrutura, oferece um momento em que a melodia se apresenta, de fato, melodiosa. Delicada, mas com uma inclinação brevemente psicodélica, a faixa, curiosamente, traz um quê interessante de Yngwie Malmsteen.
Enquanto o sino toca, a criança desperta e o bebê chora. Essa é a ideia trazida pela introdução da composição que se anuncia. Caminhando por meio de uma melodia minimalista e de caráter sombrio ofertado pela guitarra e sua feição cínica, a canção vai exortando a sua natureza sorrateira conforme vai deixando, propositadamente, escapar brisas de uma raiva até então bem represada. Prelude To Possession se configura como um instrumental provocante que consegue fazer o ouvinte vivenciar o máximo de insegurança e, consequentemente, desproteção.
Seu início chama a atenção pela sua natureza sensual e provocante. Ainda que seja agraciada por uma guitarra de riff áspero pronunciado em uníssonos com os pulsos rítmicos da bateria, é, na verdade, o chimbal e sua movimentação amaciada que confere ao ambiente a noção de uma fluidez swingada. Com direito, ainda, a instantes em que a guitarra também se apresenta por entre performances regozijantes, a faixa-título vai garantindo, para si, uma silhueta que a torna a canção de trabalho mais forte de The Descent, especialmente pela atuação levemente libidinosa do vocalista em meio aos seus versos de final suspirante. Contagiante a partir de sua estrutura rítmica padronizada no compasso em 4×4, a composição explode em um refrão cheio de camadas harmônicas que levantam a sua energia enquanto a fazem flertar com o progressivo.
The Descent coloca o ouvinte em contato com uma paisagem sônica sem igual. Cheia de referências a grandes nomes do mundo do rock n’ roll, os quais transitam entre Black Sabbath, Deep Purple e até mesmo Yngwie Malmsteen, o material convida o ouvinte a caminhar por terrenos de puro hard rock adornados por inclinações progressivas e psicodélicas.
Com sonoridades marcantes, as quais dão à guitarra um indiscutível protagonismo, o álbum ainda se destaca por ter frases rítmicas bem pontuadas e um baixo de camada saliente que auxilia demasiadamente na construção sensorial de cada título que molda a sua lista de faixas. É aí que se mostra necessário salientar o peso das quatro primeiras canções que preenchem a totalidade do disco.
Além de elas trazerem com mais ênfase os detalhes até aqui pontuados, elas transpiram atitude, provocação, sensualidade e um toque de ardência associado a uma agressividade oitentista que excita, motiva e anima o espectador. Invariavelmente, porém, The Descent é um produto em que o Electric Bone Rattle mergulha o ouvinte em uma furiosa gradação sônica.
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