Tá Na Letra #5: Scalene – Forma Padrão

Hoje é dia de Tá Na Letra! No Tá Na Letra você fica por dentro de interpretações sobre o significado das músicas. Claro que interpretações distintas são válidas, afinal, a arte não possui verdade absoluta e cada um entende a mensagem de uma forma. Aqui nesta série tentamos colocar apenas mais uma possível compreensão da música. A música de hoje é Forma Padrão da banda Scalene.

No Tá Na Letra você fica por dentro de interpretações sobre o significado das músicas. Claro que interpretações distintas são válidas, afinal, a arte não possui verdade absoluta e cada um entende a mensagem de uma forma. Aqui nesta série tentamos colocar apenas mais uma possível compreensão da música.

Scalene é uma banda de Stoner Rock/Rock Alternativo formada em 2009 na cidade de Brasília-DF. A banda é composta por Gustavo Bertoni (Voz, Guitarra); Tomás Bertoni (Guitarra, Teclado Sintetizador); Lucas Furtado (Mais conhecido como “Lukão” – Contrabaixo Elétrico, Sintetizador Analógico) & Philipe Nogueira (Mais conhecido como “Makako” – Bateria). Eles já lançaram 3 EPs, 4 álbuns de estúdio e 1 álbum ao vivo e acabaram ganhando projeção nacional ao participarem da 2ª temporada do Superstar, um reality show musical da Rede Globo, onde terminaram vice-campeões. Também conquistaram um Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa 2015/2016 com o trabalho Éter.

No texto de hoje teremos a primeira música nacional escolhida para a série. Ela se chama Forma Padrão, é da banda Scalene e encontra-se no álbum Real/Surreal de 2013.

Forma Padrão

Em meio a esse caos, tinha tanto a perder
E muito a decidir, procurei entender
O meu futuro eu vi, aos poucos embaçar
Pelo seu orgulho
Você me disse, disse você me querer
Em meias-verdades

Ceguei-me ao tentar enxergar com seus olhos
De quem tentou calar a voz de tantos outros

Se eu não tivesse ouvido
Minha intuição cantar tão alto
Correria o risco de ser mais um
Encarcerado em uma forma padrão
Mais um fracasso

A música trata do próprio trabalho musical e de uma “forma padrão” existente para o sucesso. Tendo em vista que o rock não vem conquistando tanto espaço na grande mídia e vendo outros estilos dominando, a música traz a ideia de que para alcançar o sucesso todos deveriam seguir o mesmo padrão. O eu-lírico da música descreve a sensação de ter tentado se encaixar, mas que preferiu seguir seus instintos, sua intuição e que preferiu fazer aquilo que fazia sentido para ele.

A música parece um diálogo com alguém que queria mexer na estrutura do trabalho. Talvez um empresário ou até amigos que dizem “isso não vende”. Ao tentar enxergar com os olhos de quem deu a ideia, o eu-lírico diz que cegou, que não via nada, que não fazia sentido.

Essa mesma voz que falou para o eu-lírico da música, segundo ele, tentou “calar a voz de tantos outros”. Sendo assim, não só quem fala na música, mas também vários outros artistas enfrentaram este mesmo obstáculo: enfrentar a forma padrão.

O eu-lírico da música deixa claro que viver na forma padrão para ele e para muitos é como um cárcere, ou seja, uma prisão: não há liberdade. Se ele cedesse a isso, seria mais um preso, mais um fracassado, fazendo o que não gosta, vendendo uma arte em que não acredita. Tudo isso para ter 15 minutos de fama e ser apenas mais um, fazendo com que empresários e contratantes ganhem muito.

Esta música é o reflexo da cena independente atual: se você quer fazer o seu trabalho com a sua verdade, você pagará o preço por isso. Se não desistir, se persistir e for até o fim, pode colher bons frutos e não ser apenas mais um preso em uma Forma Padrão.

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